quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Obstrução chapa branca

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Discretamente, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), comandou ontem a obstrução dos trabalhos em plenário, desmobilizando a bancada governista para evitar a aprovação da MP nº 487/10, que prevê o aumento em mais R$ 80 bilhões do limite de empréstimo concedido pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Durante a crise financeira internacional, o governo já havia ampliado o limite para R$ 100 bilhões.

Segundo o parlamentar, "o governo está preparado para o caso de as medidas provisórias que estão na pauta não serem votadas neste esforço concentrado". Por trás da manobra, mais uma tentativa de evitar a aprovação de várias emendas feitas pela deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), relatora da medida provisória, com o objetivo de favorecer grandes empresas do setor de infraestrutura. Os benefícios envolvem a construção de usinas nucleares, a instalação de termelétricas, a produção de biodiesel e a construção das ferrovias Norte-Sul e Transnordestina.

A saia justa do líder governista é provocada pelo fato de que a bancada do PMDB, sob comando do deputado Eduardo Cunha (RJ), é a mais empenhada na aprovação dos benefícios fiscais, e o governo quer evitar um confronto com a legenda, à qual pertence o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), vice da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff.

Vacilou

Ontem, na reunião de líderes, por muito pouco o líder do PSDB, deputado João Almeida (BA), não fechou um acordo com a bancada do PMDB para realizar a votação das medidas provisórias, sustando a obstrução. O DEM e o PPS, porém, para alívio do governo, não aceitaram o acordo e mantiveram o boicote à votação.

Calendas

No fim da tarde, Vaccarezza minimizou o impasse e anunciou que o governo não terá problemas se a medida provisória não for votada, pois os dispositivos realmente importantes podem ser transformados em novas medidas provisórias ou encaminhados à Câmara como projetos de lei após as eleições.

Esporte

Além da MP nº 487, estão na pauta da Câmara a MP n° 488/10, que autoriza a União a criar a Empresa Brasileira de Legado Esportivo S.A. - a "Brasil 2016" - e a MP n° 489/10, que autoriza a União a integrar a Autoridade Pública Olímpica (APO), entidade que irá coordenar as ações governamentais relativas aos Jogos Olímpicos de 2016, na cidade do Rio de Janeiro. Outra matéria a ser votada é a Proposta de Emenda à Constituição nº 300. A PEC estabelece o piso nacional para policiais e bombeiros militares e já foi votada em primeiro turno.

Aguardem

Líder da famosa passeata dos 100 Mil, em 1968, no Rio de Janeiro, o petista Vladimir Palmeira resolveu voltar à Câmara como uma espécie de "maluco beleza". Aparece na capa de seu jornal de campanha de cartola e bengala de mágico ridicularizando a atuação dos atuais ocupantes da Casa. Na propaganda, fotos históricas de sua atuação como líder estudantil e deputado federal nas ruas do Centro do Rio de Janeiro.

Salto alto

O PT voltou atrás e decidiu enviar o deputado José Eduardo Cardozo (SP) para o Foro de São Paulo, que começa amanhã em Buenos Aires. Secretário-geral do PT, o parlamentar faz parte do seleto grupo que se reúne com o presidente Lula e a candidata petista Dilma Rousseff, no Palácio do Alvorada, nas noites de domingo, para discutir os rumos da campanha eleitoral. Os petistas não queriam alimentar a suposta ligação do PT com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas a situação mudou no país vizinho e o assunto não tirou votos de Dilma.

Making of

O publicitário baiano Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula em 2002, lançou ontem o videoblog Making of para reposicionar a própria imagem. O site mostra em vídeos como ele compõe jingles e slogans, como são feitas as pesquisas qualitativas e dá dicas sobre estratégias de marketing eleitoral. Além disso, mostrará bastidores de suas campanhas atuais, como a de Marta Suplicy (PT-SP) ao Senado e a da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que tenta se reeleger.

Ausentes

Presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) quer que os 200 deputados que faltaram à sessão de ontem na Câmara apresentem justificativa pela ausência. Caso contrário, cada um deles terá um desconto de R$ 3 mil no salário. Com isso, a Casa pode economizar até R$ 600 mil

Confiantes

Políticos do PSol andam comemorando o desempenho do candidato do partido à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, que já é percebido nasruas. O deputado Ivan Valente (SP) conta que a legenda ganhou mais respeito por onde o candidato anda, principalmente em São Paulo, e deve aumentar a bancada na Câmara. O PSol tem três deputados.

Confederados / Tucanos do Nordeste andam criticando a maneira como Serra conduz a campanha eleitoral. Avaliam que a estratégia está voltada para as regiões Sul e Sudeste, principalmente São Paulo.

Azebudsman / Flatônio José da Silva corrige a coluna de domingo: "Devem (e não deve, como escrevi) chover recursos no Tribunal Superior Eleitoral (#)". Motivo: o verbo só é impessoal quando indica fenômeno da natureza, na 3ª pessoa do singular: chove, choveu, chovia, chovera, choverá, choveria, chova, chovesse, chover. Em sentido figurado, o verbo concorda com o sujeito: Choviam cartas de protestos.

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