Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 09/07/2013 |
A notícia de que uma das estações de espionagem nas quais agentes da
Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) e da Agência de
Inteligência (CIA) dos Estados Unidos mantiveram 16 bases de
espionagens em várias capitais, inclusive Brasília, encaixa-se como uma
luva numa das teorias de conspiração que circulam pelo Palácio do
Planalto: a de que há interferência norte-americana na onda de
manifestações populares organizadas por meio das redes sociais em
diversos países do mundo, inclusive no Brasil.
Ao mesmo tempo em que a presidente Dilma declara apoio aos manifestante e procura responder aos seus protestos com uma agenda de ações governamentais, entre as quais a proposta de plebiscito já para uma reforma política e o plano de contratação de médicos estrangeiros para a saúde, o Palácio do Planalto investiga a atuação de organizações estrangeiras, como o Anonymous, nas redes sociais. Dilma Rousseff desconfia da atuação norte-americana manipulando dados e informações nas redes sociais. Os EUA, segundo interlocutores da presidente da República, supostamente, também estariam interessados em desestabilizar o governo brasileiro, que recentemente obteve importantes vitórias internacionais, como a eleição do embaixador Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do ex-ministro José Graziano da Silva o comando da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens eletrônicas foram espionados pela rede no Brasil e ainda não se sabe se as interceptações continuam, segundo revelou no domingo o jornal O Globo. Certeza O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou categoricamente ontem não ter dúvidas de que cidadãos e instituições brasileiras foram alvo de espionagem do governo dos EUA. "Até o Parlamento Europeu foi monitorado, você acha que nós não fomos?" A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Polícia Federal estão apurando as circunstâncias em que o monitoramento aconteceu e se essa ação contou com apoio de empresas que atuam no país. O Palácio do Planalto mira o Facebook e o Google, as duas maiores redes de relacionamento. Marco civil A presidente Dilma Rousseff foi mais comedida, mas anunciou que o governo pretende rever o marco civil da internet, que está em tramitação na Câmara dos Deputados, para determinar que o armazenamento de dados brasileiros deve ser feito obrigatoriamente no Brasil. "A posição do Brasil nessa questão é muito clara e muito firme: não concordamos com interferências dessa ordem no Brasil e em qualquer outro país", disse Dilma, após o lançamento do Programa Mais Médicos, no Palácio do Planalto. Satélite O Brasil depende de outros países para as suas comunicações. Para se ter uma ideia do problema, as ligações telefônicas por satélites para regiões remotas, inclusive bases militares, como as de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela, e da Estação Antártica Comandante Ferraz, são feitas via Telespazio, multinacional italiana. O satélite geoestacionário de comunicação e vigilância brasileiro ainda não saiu do papel. Desconversou O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, negou ontem que o governo norte-americano espione telefonemas ou mensagens eletrônicas de brasileiros. Shannon esteve com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, por 20 minutos. Convocação O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (foto), do PMDB-ES, convocou para hoje uma reunião extraordinária da comissão para esclarecimentos sobre as possíveis informações (milhões de telefonemas e e-mails de brasileiros) que o governo dos Estados Unidos teve acesso. Pretende convocar os ministros da Defesa, Celso Amorim, das Comunicações, Paulo Bernardo, das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito, como também o Embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, e o jornalista americano Glenn Greenwald. Médicos A presidente Dilma Rousseff lançou ontem as medidas do Pacto Nacional pela Saúde. Quer contratar médicos estrangeiros e construir hospitais e unidades básicas de saúde nas periferias das grandes cidades e municípios do interior. Serão abertas 11.400 vagas para cursos de graduação de médico e de 12.400 para médicos residentes até 2017. Estão previstos incentivos para a fixação de médicos em lugares onde há carência de profissionais. Os alunos que ingressarem nos cursos de medicina a partir de 2015 terão que atuar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para receber o diploma. Mobilidade 1 A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, se reuniu ontem com os governadores e prefeitos das capitais de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Paes (PMDB), e Bahia, Jacques Wagner (PT) e ACM Neto (DEM), para discutir investimentos de recursos federais em obras de mobilidade urbana. Mobilidade 2 Hoje, a ministra do Planejamento se reúne com Alberto Pinto Coelho (PP), vice-governador de Minas, e Márcio Lacerda (PSB), prefeito de Belo Horizonte; Cid Gomes (PSB), do Ceará, e Roberto Bezerra, prefeito de Fortaleza; e Beto Richa (PSDB), governador do Estado do Paraná (PSDB),e Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba; o vice-governador Beto Grill (PSB) e José Fortunati (PDT), prefeito de Porto Alegre. |
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