domingo, 28 de julho de 2013

A marcha da coluna

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 10/07/2013
 
Rezam os manuais militares que o comandante da coluna dá o rumo da marcha, mas o ritmo depende do soldado mais lento, daí a importância do condicionamento físico da tropa. Ex-comandante guerrilheira da VAR-Palmares, será que a presidente Dilma Rousseff esqueceu o princípio, ao pressionar a base governista para aprovar a convocação de um plebiscito já — isto é, até outubro —, para ter validade nas eleições de 2014?

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Certamente que não. Dilma sabia que os aliados — PMDB, PSB, PP, PR e o restante das letrinhas de sua coalizão governista — não acompanhariam a marcha, apesar das pressões que fez sobre seus líderes, a começar pelo vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Na verdade, Dilma está construindo um discurso eleitoral, no qual dirá que tentou fazer a reforma política, mas o Congresso, que virou a Geni da vida nacional, não deixou.

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Desde quando lançou a atabalhoada proposta de constituinte exclusiva, a presidente da República tenta descolar sua imagem do Congresso e dos partidos da base, com exceção do PT, porque é a legenda com a qual disputará o pleito. Parece uma coisa sem nenhum sentido, pois o isolamento político no Congresso costuma ser fatal para qualquer projeto do governo. Ontem, todos os líderes rejeitaram o plebiscito já, com exceção dos líderes do PT, PDT e do PCdoB, que colherão 171 assinaturas para apresentar a proposta de decreto legislativo, que convoca o plebiscito no prazo de 70 dias.

Grupo de trabalho
A maioria dos líderes na Câmara decidiu criar um grupo de trabalho para debater o tema, com a possibilidade de ser promovido, posteriormente, um referendo. Segundo o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, “a questão do plebiscito é de ordem prática: com o prazo de 70 dias exigido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para realizar o plebiscito, até que se isso venha acontecer, verdadeiramente, dentro do prazo que a anualidade constitucional exige, não haveria como fazer para as regras valerem para a eleição de 2014”.

Vão à luta
O líder do PT, José Guimarães, do Ceará, bateu de frente com a maioria do colégio de líderes. Segundo ele, o tempo na Câmara é muito relativo: “Este negócio de tempo hábil, quando se quer, tem; quando se quer, se faz. Podemos discutir o plebiscito a ser realizado em outubro. O problema dos efeitos, podemos discutir se é para 2014 ou para 2016. O Congresso está errado em não querer discutir o plebiscito agora”.

O algoz
O grande algoz da proposta de plebiscito foi o líder do PMDB, Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, que não aceitou as pressões do Palácio do Planalto: “A posição do PMDB é muito clara: não votaremos plebiscito que não seja com as eleições de 2014. Entendemos que podemos ter esse custo com a eleição de 2014”, disse. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, deu uma de Pilatos. Encaminhou a proposta da presidente Dilma ao colégio de líderes e lavou as mãos.

Deu errado
O Partido da Mobilização Nacional (PMN) convocou a convenção partidária para o dia 28, com o propósito de rever o processo de fusão instalado com o PPS e que resultaria na MD33. A secretária nacional do partido, Telma Ribeiro dos Santos, informa que “o PMN seguirá só, acreditando na mobilização popular como o melhor caminho para a construção de uma sociedade justa, e deseja sorte aos companheiros do PPS, sucesso em sua empreitada”.

Insegurança
Até ontem, o presidente do PPS, Roberto Freire (SP), que assumira o comando da nova legenda, aguardava “unilateralmente” uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral sobre a consulta acerca da fusão dos dois partidos — se isso seria considerado a criação de um outro ou não — para dar entrada no registro da legenda na Justiça Eleitoral. A insegurança jurídica fez
com que parlamentares que pretendiam aderir à nova legenda desistissem ou adiassem essa decisão, com medo de perderem os mandatos.

US$ 2,1 milhões
É o montante de recursos públicos desviados pelo juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, que o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, conseguiu recuperar. Estavam em uma conta na Suíça.

Asilo// O Palácio do Planalto não vai queimar os pavios com os Estados Unidos por causa da denúncia de espionagem nas comunicações pela internet. Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que o Brasil não concederá asilo político ao americano Edward Snowden, que denunciou o esquema.

Centro-Oeste/ Senadores do Centro-Oeste reuniram-se, na manhã de ontem, com o ministro Guido Mantega. Pediram a liberação de um aporte de R$ 3 bilhões, pelo Banco do Brasil, para turbinar o Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Waldemir Moka (PMDB-MS), Blairo Maggi (PR-MT), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Ruben Figueiró (PSDB-MS), Delcídio do Amaral (PT-MS) e Pedro Taques (PDT-MT) também pediram pressa na assinatura do decreto presidencial que regulamenta o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO).

Petróleo/ A Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou ontem a minuta de edital da primeira licitação de exploração e produção de petróleo e gás natural na área do pré-sal, sob o regime de partilha de produção. O objeto do primeiro leilão do pré-sal é o Campo de Libra, localizado na Bacia de Santos (SP). O leilão ocorre seis anos após a adoção do regime de partilha.

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