sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O equilibrista

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
Candidato à reeleição, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), está em marcha batida para construir uma Mesa de consenso na Casa, com a participação de todos os partidos com direito a uma de suas cadeiras pelo critério da proporcionalidade. Será uma proeza de equilibrista, uma vez que as disputas pelo comando da Câmara nos últimos anos foram sempre acirradas.

Depois da surpreendente vitória na bancada do PT, quando as previsões incensavam o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), Maia consolidou sua candidatura graças a dois polos robustos: de um lado, a aliança PT-PMDB; de outro, a coalizão de oposição PSDB-DEM-PPS. Esse movimento em pinça isolou a candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB), que perdeu o apoio do bloquinho de esquerda PSB-PDT-PCdoB. E bloqueia as pretensões do líder do PR, Sandro Mabel (GO), que tentava aglutinar os demais partidos. Quase todos já aderiram a Maia, inclusive a bancada do PR.

E onde está o equilibrismo? Na postura política de Maia, que promete atuar como promotor do debate e do diálogo entre as diversas forças para fortalecer a Câmara nas negociações com o Executivo. É o caso do salário mínimo, que o governo pretende reajustar para R$ 545. A oposição quer aumentá-lo para R$ 600 e os sindicalistas da própria base reivindicam R$ 580. Já o PMDB trabalha com uma linha de acordo de R$ 560. No meio do imbróglio, Maia avalia que a Câmara pode chegar a um aumento maior do que o proposto pelo governo, mas que seria suportável do ponto de vista das contas públicas. Ex-metalúrgico, entende do assunto.

Patinhos//
 Alguns ministros estão “desentrosados” no time montado pela presidente Dilma Rousseff. A avaliação é que as instruções coletivas foram bem assimiladas, mas representantes de algumas pastas ainda esperam ser pautados individualmente. Depois dos “três porquinhos”, já surgiram os “dois patinhos “.

Orloff

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior (foto), destaque na primeira reunião ministerial, tem despontado para exercer o papel de gerente da presidente Dilma Rousseff na Esplanada dos Ministérios. Para alguns ministros, a atuação técnica de Belchior assemelha-se ao desempenho de Dilma no início do primeiro governo Lula.

Reverência

Durante jantar em que recebeu o apoio do PR, o presidente em exercício da Câmara, Marco Maia (PT-RS), fez questão de reverenciar duas presenças entre os 43 parlamentares presentes: o humorista Tiririca (PR-SP) e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho. Segundo Maia, só ali estavam dois milhões de votos.

Sobrevida

O presidente da Agência Nacional de Saúde, Maurício Ceschin, comunicou ao presidente do Movimento de Unificação Ferroviária (MUF), Osmar Rodrigues, ontem, que a ANS adiou por 60 dias a liquidação extraoficial do plano de saúde dos ferroviários (Plansfer). Além de volatilizar 50 milhões do fundo de reserva, ex-administradores indicados pelo governo federal deixaram uma dívida de R$ 45 milhões.

Petrobrax

A Petrobras encerrou 2010 como a maior empresa importadora do Brasil. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a estatal comprou 19,57 bilhões de dólares de fornecedores estrangeiros no ano passado, ou 10,78% do total importado pelo país. Em 2009, as importações da Petrobras totalizaram 12,55 bilhões de dólares, o correspondente a 9,83% do desembarcado no Brasil.

Calmíssimos

Está tudo dominado no PMDB. O líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves, gostou da conversa com os ministros da Casa Civil, Antônio Palocci, e de Relações Institucionais, Luiz Sérgio (PT-RJ). “Ele nos disse que agora não somos mais aliados, somos governo. É isso que importa”, explica Alves, que andava estrilando com o PT por causa de peemedebistas ejetados de cargos na Esplanada. O deputado Eduardo Cunha (RJ), outro cacique da legenda que estava insatisfeito, assina embaixo.

Imperdível

O Teatro Caixa Cultural Brasília apresenta entre hoje e domingo, sempre às 19h, o espetáculo multimídia Nise da Silveira — senhora das imagens, que reúne teatro, música e dança (coreografia de Ana Botafogo). Conta a história de uma das brasileiras mais importantes do século 20, precursora de métodos de tratamento psiquiátrico sem choques elétricos e criadora do Museu do Imaginário. Durante o Estado Novo, foi companheira de cela da judia-alemã Olga Benário, a mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes que foi deportada para a Alemanha e morreu num campo de concentração nazista.

Renovação/ Com apenas 33 anos e oito na polícia, o novo secretário de Segurança Pública da Bahia, delegado federal Maurício Telles Barbosa, foi escolhido pelo governador Jaques Wagner para implantar um plano de segurança que rompa velhos paradigmas e consiga conter o avanço da criminalidade no estado. É especialista em Inteligência.

Battisti/ O musicólogo e escritor italiano Gaspare Nello Vetro, membro correspondente da Academia Brasileira de Música, que é presidida pelo músico Turíbio Santos, devolveu ao governo brasileiro o título de Comendador da Ordem de Rio Branco, que lhe foi concedido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1996, e a Medalha Villa-Lobos, que ganhou do Itamaraty. Protesto contra a decisão do governo brasileiro em não extraditar Cesare Battisti.

Decisão/ O líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (PR-GO), avisa que só decide na próxima quarta-feira se entrará pra valer na disputa com Marco Maia (PT-RS) pela Presidência da Casa. O PR já fechou com Maia, mas Mabel ainda busca apoio dos deputados insatisfeitos com a candidatura única.

Publicado na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense em 20 de janeiro de 2011.

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