Correio Braziliense - 05/02/2015
Vem aí outro toma lá dá cá no Congresso, que mira as eleições municipais. Nada a ver com uma saída para o impasse nacional
Numa
roda de jornalistas, ontem, no cafezinho do Senado, Marco Aurélio Costa,
o ex-proprietário do Piantella — restaurante de Brasília muito
frequentado por políticos, que nos melhores tempos serviu de
quartel-general de Ulysses Guimarães (PMDB-SP) —, contava “causos” de
gastronomia e política. Num deles, ao lamentar o impasse político em que
o país se encontra, relatou como o líder tucano Mario Covas selou o
destino do parlamentarismo na Constituinte.
Foi
durante um jantar na casa de Ulysses Guimarães, que presidia a
Constituinte. O líder da campanha das Diretas Já propôs um acordo com o
presidente José Sarney, que reivindicava seis anos de mandato para
apoiar a proposta. Embora fosse programaticamente a favor do
parlamentarismo, Covas rejeitou o acordo. O resultado todos conhecem:
Sarney teve o mandato reduzido para cinco anos e as eleições diretas
para a Presidência da República foram convocadas para 1989.
Tanto
Ulysses quanto Covas sonharam alcançar o Planalto, foram candidatos nas
eleições e acabaram ultrapassados por outros personagens que emergiram
na transição à democracia como líderes políticos nacionais: o
ex-presidente Fernando Collor de Mello, que venceu as eleições, e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou ao segundo turno. Ao
contrário dos dois caciques da oposição, os demais personagens ainda
estão aí, vivíssimos.
O “causo” de Marco
Aurélio ilustra bem o que podemos chamar de “janela da história”, uma
oportunidade de mudar o seu rumo, que pode ser aproveitada ou não. No
caso em questão, as idiossincrasias dos políticos tiveram mais peso do
que seus projetos político-programáticos e, por essa razão, a melhor
oportunidade de implantar o regime parlamentarista foi desperdiçada.
Quando
o assunto voltou à pauta, em 1993, o plebiscito que havia sido
estabelecido pela própria Constituinte rechaçou o parlamentarismo e,
também, a volta da monarquia, uma proposta diversionista. O impeachment
de Collor de Mello já havia ocorrido e o “presidencialismo de coalizão”
que resultou da nova Constituição seguia seu curso, com o governo Itamar
Franco. Com a emenda da reeleição, durante o governo de Fernando
Henrique Cardoso, o presidencialismo foi até revigorado. Mais uma vez a
idiossincrasia falou mais alto do que o projeto programático.
Essa
conversa de cafezinho sobre o parlamentarismo veio à baila por causa do
impasse em que se encontra o país, com a crise tríplice do governo
Dilma Rousseff: econômica, política e ética. Há uma situação de “empate
técnico”, digamos assim, entre o governo e a oposição. Apesar da
impopularidade da presidente da República e dos elevados índices de
desaprovação de seu governo em todas as áreas, Dilma ainda tem três anos
de mandato e uma caneta cheia de tinta para utilizar o enorme poder do
Estado brasileiro contra os adversários. É só por isso que se mantém no
cargo.
Toma lá dá cá
A
oposição patina também porque não sabe exatamente o que pretende. Uma
ala defende o impeachment de Dilma, outra sonha com a sua cassação pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cada vez mais enfraquecido, por causa
da Lava-Jato, o PT acusa ambas as propostas de golpistas. Tenta ganhar
tempo para sair da encalacrada em que entrou com o escândalo da
Petrobras. O PMDB, com um pé no governo e outro na oposição, ganha tempo
e mantém as aparências de unidade em torno do vice-presidente Michel
Temer, às vésperas de sua convenção nacional.
Como
em toda grande crise, ninguém sabe o que vai acontecer e os sintomas
mórbidos aparecem. Um deles é a metástase do escândalo da Petrobras, que
também ameaça chamuscar figuras da oposição. Outro é uma espécie de
“unidade dos contrários” entre Dilma e o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). A presidente da República ganha tempo contra a proposta
de impeachment devido às manobras do peemedebista para evitar a própria
cassação pelo Conselho de Ética da Casa. Cunha, por sua vez, aposta no
impeachment para se manter no cargo.
O
prolongamento da crise pode abrir uma janela de oportunidade para uma
emenda parlamentarista, que resulte num regime presidencialista híbrido,
como o português ou o francês. Volta e meia surge essa ideia no Senado.
Seria uma maneira de preservar o mandato de Dilma e algumas de suas
atribuições de Estado; ao mesmo tempo, permitiria que o Congresso
formasse um governo de salvação nacional para enfrentar a crise. A
proposta, porém, não prospera.
Do ponto de
vista prático, o presidente do Senado, Renan Calheiros, também enrolado
na Lava-Jato, está mais preocupado com outra janela: aquela que abre um
prazo de 30 dias para que os políticos possam trocar de partido sem
perder o mandato. Ontem, decidiu que vai promulgá-la ema 18 de
fevereiro, ou seja, na semana seguinte ao carnaval. Vem aí outro toma lá
dá cá no Congresso, que mira as eleições municipais. Nada a ver com uma
saída para o impasse nacional.
A Política com um Novo Paradigma
ResponderExcluirO CONTRIBUINTE NÃO PODE IR ATRÁS DA CONVERSA DOS PAROLIZADORES DE CONTRIBUINTES - estes, ao mesmo tempo que se armam em arautos/milagreiros em economia (etc), por outro lado, procuram retirar capacidade negocial ao contribuinte!!!
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Mais, quando um cidadão quando está a votar num político (num partido) não concorda necessariamente com tudo o que esse político diz!
Leia-se, um político não se pode limitar a apresentar propostas (promessas) eleitorais... tem também de referir que possui a capacidade de apresentar as suas mais variadas ideias de governação em condições aonde o contribuinte/consumidor esteja dotado de um elevado poder negocial!!!
-» Ver blogs « http://fimcidadaniainfantil.blogspot.pt/ » e « http://concorrenciaaserio.blogspot.pt/ ».
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Anexo 1:
O CONTRIBUINTE TEM QUE SE DAR AO TRABALHO!!!
-» Leia-se: o contribuinte tem de ajudar no combate aos lobbys que se consideram os donos da democracia!
---»»» Democracia Semi-Directa «««---
-» Isto é, votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a ‘coisa’ terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
-» Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
[ver blog « Fim-da-Cidadania-Infantil »]
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Anexo 2
Não há necessidade do Estado possuir negócios do tipo cafés (etc)... porque é fácil a um privado quebrar uma cartelização... agora, em produtos de primeira necessidade (sectores estratégicos) - que implicam um investimento inicial de muitos milhões - a existência de empresas públicas no mercado... sujeitas a uma constante atitude crítica do contribuinte/consumidor permitirá COMBATER EFICAZMENTE A CARTELIZAÇÃO privada.
[ver blog « Concorrência a Sério »]
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P.S.
Outros Direitos que já há alguns anos (comecei nos fóruns clix e sapo) aqui o je vem divulgando:
1- O Direito à Sobrevivência de Identidades Autóctones : ver blog "http://separatismo--50--50.blogspot.com/".
2- O Direito à Monoparentalidade em Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas: ver blog "http://tabusexo.blogspot.com/".