Coprreio Braziliense - 18/10;2015
O ministro da Fazenda foi obrigado a liberar mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamentares e a adiar o corte de 3 mil cargos comissionados
Das
duas, uma: ou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em completa
dissonância com a presidente Dilma Rousseff em relação ao ajuste fiscal, ou
ambos estão fazendo um jogo combinado. O primeiro faz o discurso que as bases
eleitorais petistas gostam de ouvir, com críticas reiteradas ao ministro da
Fazenda, Joaquim Levy; a segunda tenta dizer ao mercado que o governo fará o
dever de casa para sair da crise, sob a batuta do atual ministro da
Fazenda.
Na quinta-feira, o ex-presidente se reuniu com a bancada do PT para discutir o alinhamento dos deputados com o Palácio do Planalto, principalmente em relação à blindagem do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa. Na mesma reunião, porém, Lula liberou a bancada para criticar a política de ajuste fiscal de Levy, na mesma linha do que já vem sendo feito pelo presidente do PT, Rui Falcão, e outros caciques da legenda.
Lula pretende convencer a presidente Dilma a reorientar a política econômica. Para ele, é preciso parar de falar em ajuste e apresentar uma agenda de crescimento, vender esperança ao povo brasileiro. O ex-presidente conseguiu tudo o que queria na reforma ministerial, menos remover Levy do Ministério da Fazenda.
Na quinta-feira, o ex-presidente se reuniu com a bancada do PT para discutir o alinhamento dos deputados com o Palácio do Planalto, principalmente em relação à blindagem do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa. Na mesma reunião, porém, Lula liberou a bancada para criticar a política de ajuste fiscal de Levy, na mesma linha do que já vem sendo feito pelo presidente do PT, Rui Falcão, e outros caciques da legenda.
Lula pretende convencer a presidente Dilma a reorientar a política econômica. Para ele, é preciso parar de falar em ajuste e apresentar uma agenda de crescimento, vender esperança ao povo brasileiro. O ex-presidente conseguiu tudo o que queria na reforma ministerial, menos remover Levy do Ministério da Fazenda.
O candidato do ex-presidente da República para o cargo é o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Não é um nome que empolgue o PT, muito menos a presidente Dilma Rousseff, que o teve como desafeto no governo Lula, mas certamente seria bem-vindo pelo mercado financeiro, de cujo meio faz parte. Na cozinha do Palácio, porém, Nelson Barbosa é o mais cotado para o lugar, embora tenha sido o autor da patacoada da apresentação ao Congresso de um Orçamento com déficit.
Levy corre risco de ser expelido do governo como bagaço de laranja, exaurido pelas dificuldades políticas que enfrentou para fazer o ajuste. Sofre permanente sabotagem dos petistas na Esplanada. Sem falar nos ataques sistemáticos da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Seu maior, problema, porém, é o fracasso do ajuste fiscal. O déficit fiscal deste ano já está na casa dos R$ 20 bilhões. Sem a aprovação da nova CPMF, que não encontra apoio no Congresso, a conta deve subir para R$ 60 bilhões no próximo ano.
A presença de Levy na Fazenda era vista pelos investidores externos como uma garantia de que o governo Dilma havia tomado juízo em relação às contas públicas. Não é mais, principalmente depois do rebaixamento do Brasil pelas agências de risco. Na última reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), Levy chegou a passar por situações constrangedoras, diante da desmoralização crescente do governo brasileiro no mercado financeiro internacional.
Falta apoio na base
Ocorre que as perspectivas para o próximo ano também não são animadoras para Levy. O relator do Orçamento da União de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), não considera mais a CPMF fundamental para o esforço fiscal. O imposto não será mais considerado no Orçamento do ano que vem, anunciou. De nada adiantaram as declarações de Levy, durante audiência na Câmara, de que a CPMF era imprescindível para fechar as contas do governo.
Ninguém está levando o ajuste a sério na base do governo, tanto que no final de semana passada, na batalha para barrar o impeachment da presidente Dilma, o ministro da Fazenda foi obrigado a liberar mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamentares e adiar o corte de 3 mil cargos comissionados. Não é à toa que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chutou para novembro a votação dos vetos de Dilma ao reajuste dos aposentados, ao aumento do Judiciário e outras matérias da chamada pauta-bomba.
O que ainda mantém Levy no cargo talvez sejam as pedaladas fiscais de 2015, que constituem um fato grave no exercício do atual mandato, que pode resultar no enquadramento da presidente da República no crime de responsabilidade. O governo precisa resolver o problema junto ao Tribunal de Contas da União, isto é, o rombo de R$ 40 bilhões de gastos oficiais sem a devida cobertura do Tesouro. Para isso, é preciso usar as mãos de tesoura de Levy e cortar despesas.
Se fracassar na tarefa, Levy estará com os dias contados. Corre o risco de ser demitido como incompetente. Se for bem-sucedido, porém, nada garante que permaneça na equipe. Lula quer uma cara nova na Fazenda, com uma agenda desenvolvimentista. Dilma entregará a cabeça de Levy numa bandeja para o PT, docemente constrangida, dando por encerrado o período de ajuste fiscal. É apenas uma questão de tempo.
Dificil de compreender todas estas intrigas de corte. O que ressai de tudo isto é que a politica brasileira se faz nas combinaçoes do Palacio como si o Palacio da Alvorada fosse uma corte. Gostaria de conhecer quem verdadeiramente representa o povo brasileiro e que papel joga este povo
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