Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 20/06/2013 |
Muita discussão ainda vai rolar entre os políticos e os acadêmicos
sobre as manifestações que estão ocorrendo em todas as grandes cidades
do país, mas a pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI) divulgada ontem mostra que a insatisfação popular
pode estar mais próxima do governo federal do que imaginava o Palácio
do Planalto.
A avaliação positiva do governo caiu de 63% para 55%, a aprovação pessoal da presidente Dilma Rousseff foi reduzida, mas continua confortável: passou de 79%, em março, para 71% na pesquisa de junho. O percentual de quem desaprova a presidente subiu de 17% para 25%. O percentual dos que desaprovam a política de combate à inflação, porém, é preocupante: aumentou 10 pontos percentuais, passando de 47%, em março, para 57%, em junho. Ou seja, o "instinto animal" dos empresários soma-se ao mau humor dos consumidores. É aí que mora o perigo, ainda mais sabendo-se que a pesquisa foi feita antes da onda de manifestações em curso no país. Social Além da inflação, a desaprovação do governo nas áreas de saúde (66%), segurança (67%) e educação (51%) forma o caldo de cultura para as demonstrações de insatisfação na sociedade. Também houve piora na avaliação em relação aos impostos. O índice de desaprovação subiu de 60%, em março, para 64%, em junho. O que segura a aprovação do governo na área social é o combate à fome e à pobreza, mesmo com a queda de quatro pontos: 60%. O Ibope ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios entre os últimos dias 8 e 11. Marcha a ré O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), recuaram ontem e suspenderam o aumento nas tarifas de ônibus e metrô. O preço volta a custar R$ 3 O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), também anunciou a redução da passagem de ônibus: voltou para R$ 2,75 Peixinho Aluno da elitista Escola Parque da Gávea, o jovem Luiz Lindberg Farias Filho, 17 anos, estreou, na segunda-feira, nas manifestações estudantis. Foi para a Rio Branco em companhia dos colegas secundaristas. É filho do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que assumiu a presidência da UNE aos 21 anos e comandou os cara-pintadas na campanha do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Exceção O deputado Chico Alencar (foto), do PSol, foi à passeata de segunda-feira, no Rio. No meio da multidão de mais de 100 mil pessoas, foi abordado por manifestantes que exigiam o recolhimento das bandeiras do PSol e repudiavam a presença de partidos na manifestação. "Sou político", explicou. "Para você vamos abrir uma exceção, mas sem bandeira", respondeu um dos líderes da manifestação. Caldo de galinha O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (foto), estrela da exposição na Câmara que celebrou os 25 anos do PSDB e os 19 anos do Plano Real, advertiu o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), de que todo cuidado é pouco ao lidar com os protestos que ocorrem no país. FHC avalia que é melhor observar do que tentar faturar o movimento. Chame o Lula Nove entre 10 petistas garantem: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com sua experiência sindical e enorme carisma popular, é a reserva estratégica do partido para lidar com o movimento social em curso no país, principalmente se a situação eleitoral desandar em razão da economia. Na muda Secretário-geral da Presidência da República, o ministro Gilberto Carvalho vive um inferno astral no governo. Responsável por administrar os conflitos com os movimentos sociais, só leva bola nas costas desde a crise com os índios. Agenda As manifestações de rua não afastarão a presidente Dilma Rousseff das viagens. Amanhã, vai a Salvador para uma reunião com os governadores do Nordeste, no Centro de Convenções, na qual pretende anunciar o Plano Safra para o semiárido. Colaborou Paulo de Tarso Lyra |
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