Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 15/05/2013 |
A polêmica MP dos Portos transcende sua votação.
Sinaliza como será, daqui pra frente, a relação da presidente Dilma
Rousseff com a sua ampla e insatisfeita base no Congresso. Não foi
somente o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que criou dificuldades.
Boa parte da bancada do PT não escondia a satisfação ao acompanhar das
cadeiras do plenário as agruras do Palácio do Planalto com os aliados. O
recado foi claro: a base não quer ser tratada como vaquinha de
presépio.
Na verdade, a aprovação do texto principal do substitutivo apresentado pela comissão mista que examinou a matéria foi decidida longe dali. O bate-boca entre parlamentares, particularmente aquele do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) com Anthony Garotinho (PR-RJ), serviu como cortina de fumaça. O acordo que viabilizou a votação, depois de sucessivas tentativas, nas quais a bancada do PMDB negou quórum à sessão, foi feito no Palácio do Jaburu. Foram nove horas de conversas, da tarde de segunda-feira à manhã de ontem, entre o vice-presidente Michel Temer; a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; e o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). O governo deu aval à emenda de Cunha, que permite a empresas estaduais a administração de novos terminais. O PT entrou na história para retirar o destaque do deputado Luiz Sérgio que exigia licitação para portos públicos e privados e, com isso, desmontar a polêmica emenda aglutinadora de Cunha. Com o bode fora da sala, não haverá licitações para os postos privados, que serão outorgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Rifado O deputado Paulinho Pereira da Silva (PDT-SP) ficou de fora do acordo. Pela emenda aglutinadora de Cunha, os novos terminais teriam que contratar trabalhadores pelo mesmo sistema dos portos já existentes. Ou seja, o controle das contratações ficaria com os sindicatos dos arrumadores, estivadores e portuários, entre outras categorias do porto, na maioria ligados à Força Sindical. Ao saber que Cunha abrira mão da proposta, o sindicalista recomendou aos sindicatos que entrassem em greve. À tarde, os portos de Santos, de Paranaguá e do Rio de Janeiro iniciaram uma greve por tempo indeterminado, que o governo tenta esvaziar. Bate-boca Anthony Garotinho (PR-RJ) e Ronaldo Caiado (foto), do DEM-GO, trocaram insultos durante a sessão de ontem. Caiado foi à tribuna e xingou Garotinho de “chefe de quadrilha” e chamou-o para briga: afirmou que o colega, fora do plenário, é um “frouxo”. O parlamentar fluminense disse que não se rebaixaria ao nível de Caiado e acusou-o de abandonar o amigo Demóstenes (o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o contraventor Carlos Cachoeira), depois de andar com ele por todo o estado de Goiás. Sem pressa O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu ontem, no Senado, que o governo federal substitua a MP dos Portos por um projeto de lei. Disse que o PSDB é a favor de mais avanços no setor, mas salientou que, devido às denúncias feitas na Câmara em relação à medida provisória, o Senado não deveria analisar a proposta. Virou Geni A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, atravessou o dia sendo criticada na Câmara. A oposição dizia que ela era a maquinista de um trem da alegria, devido à liberação de emendas parlamentares no montante de R$ 1 bilhão; os aliados da base a acusam de ser arrogante. Não são poucos os deputados petistas que a querem fora do cargo. Cochilo// Mais um cochilo dos articuladores do Palácio do Planalto no Senado. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi convocado para falar sobre sua eventual proteção a Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Casa própria O Banco Central ainda não sabe o total de portabilidades imobiliárias realizadas no país. Em 2011, a média mensal foi de 31,7 mil. No ano passado, chegou a 39 mil e, em 2013, já são 46 mil, por mês. A Caixa e o BB são as instituições que mais têm recebido clientes. Entretanto, a Caixa tem perdido para o BB os clientes que assinaram contratos há mais tempo, com juros acima de 9% ao ano. Acaba valendo a pena trocar o financiamento da Caixa por um encargo no BB de 8,4% anuais Cubanos/ O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem no Senado que faltam médicos no Brasil. Segundo Mercadante, os profissionais estrangeiros (cubanos) selecionados poderão atuar no Brasil temporariamente por um prazo de até três anos. Mercadante falou sobre as prioridades da pasta para 2013, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Também defendeu que uma parte dos royalties do petróleo seja destinada para um fundo soberano. A audiência pública foi solicitada pelo presidente da CE, senador Cyro Miranda (PSDB-GO), e pela vice-presidente, senadora Ana Amélia (PP-RS). Adesão/ Lúcio Valadão, que acaba de voltar ao cargo de secretário de Agricultura do Distrito Federal, se filia hoje ao PT, em cerimônia comandada pelo presidente da legenda, Rui Falcão. Há três meses, ele havia deixado o cargo em função de decisão do PSB, que rompeu com o governador Agnelo Queiroz (PT). Raça/ O longa-metragem Raça, do cineasta brasileiro Joel Zito Araújo e da documentarista norte-americana Megan Mylan, ganhadora de Oscar, estreia no circuito nacional em 17 de maio — em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Um dos seus personagens é o senador Paulo Paim (PT-RS). |
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