sábado, 15 de setembro de 2012

Aposta no mensalão

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 15/09/2012
 
Os tucanos resolveram apostar todas as suas fichas no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar a ascensão do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo. Não deixa de ser uma ironia, uma vez que o petista emergiu como liderança no vácuo deixado por dirigentes históricos do PT, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-deputado José Genoino.

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A cúpula do PSDB comemora a pesquisa de intenção de votos divulgada pelo Ibope na quinta-feira. José Serra parece ter estancado a sua queda e contido o avanço de Haddad. O fato é atribuído à polarização estabelecida entre os dois candidatos a partir do momento em que Serra atacou Haddad, ligando-o aos dirigentes do PT que estão sendo julgados pelo STF. Mau como o pica-pau do desenho animado, o tucano afirmou que Dirceu é o "guru" do candidato petista.

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Haddad reagiu com a cautela de quem deve solidariedade ao líder e fundador do PT num momento de grande dificuldade. "Eu conheço o Zé Dirceu, ele era dirigente do meu partido desde 1980, uma das principais lideranças do PT". Filiado ao PT desde 1973, Haddad acusou Serra de fazer "exploração barata" ao citar o réu mais ilustre da Ação Penal 470. O julgamento coincide com a campanha e deve avançar pelo segundo turno das eleições municipais.


Água fria

A pesquisa do Ibope de quinta-feira foi um balde de água fria na cúpula do PT, que comemorava o empate técnico de Haddad com Serra e a queda de Russomanno (PRB). No começo da semana, pesquisas internas chegaram a mostrar ligeira vantagem de Haddad, atribuída à entrada na campanha da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que acaba de assumir o Ministério da Cultura.

Hora difícil

O cálculo tucano é que o mensalão pode ser o divisor de águas nas eleições paulistas — e não a péssima avaliação da administração do prefeito Gilberto Kassab e suas relações com Serra, como querem os petistas. Dirceu, Genoino e o deputado João Paulo Cunha, do PT-SP, até agora o único condenado, fazem parte do chamado "núcleo político" da Ação Penal 470.

 Não gostou// 

As críticas do mercado financeiro ao pacote de energia divulgado pelo governo preocupam o Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff atribui a queda das ações das empresas de energia à falta de compreensão dos analistas.

Vigilância

Formado por Savis Tecnologia e Sistemas S/A e OrbiSat Indústria e Aerolevantamento S/A, empresas controladas pela Embraer Defesa e Segurança, o consórcio Tepro foi o único escolhido pelo Exército Brasileiro para o processo de seleção do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). O desfecho da licitação criou mal-estar na cúpula do Exército e entre as demais empresas do setor, que questionam a dependência em relação a um único fornecedor de tecnologia, de origem norte-americana, o que contrariaria a chamada estratégia nacional de defesa. Um general de brigada responde pelas compras da Força.

 Fronteiras

O Sisfron fará o monitoramento da fronteira sob responsabilidade do Comando Militar do Oeste (CMO). Centralizará a vigilância e a proteção das fronteiras terrestres do Brasil com 11 países vizinhos, em 10 estados e 27% do território nacional. São 16.886 quilômetros de fronteiras.

Arrancada

O petista Nelson Pelegrino, candidato a prefeito de Salvador, subiu de 16% para 27% das intenções de voto e colocou em xeque a vitória no primeiro turno do candidato favorito, ACM Neto (DEM), que oscilou de 40% para 39%. A arrancada é atribuída à participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comício de Pelegrino em Salvador, ao lado do governador Jaques Wagner (PT).


Mágoa/ O prefeito petista do Recife, João da Costa, não perdoa: anda falando para quem quiser ouvir que nunca viu "um candidato começar a disputa com 40%, chegar no meio com 20% e depois vencer as eleições", uma referência direta ao senador Humberto Costa, candidato do PT a cargo que hoje ocupa. Como se sabe, o atual prefeito foi impedido de disputar a reeleição pela cúpula do partido.

Homofobia/ O senador Magno Malta (PR-ES) enviou ontem ofício ao presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), pedindo a relatoria do Projeto de Lei Complementar 122 , que criminaliza a homofobia. A relatora era a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que acaba de assumir o Ministério da Cultura. Malta é evangélico.

Fracasso/ O Fundo Garantidor de Crédito tentou salvar o banco Cruzeiro do Sul, liquidado ontem pelo Banco Central (BC), mas fracassou por falta de interesse do Bradesco e do Itaú. O banqueiro André Esteves ainda tentou fazer do limão uma limonada, por R$ 5 bilhões de empréstimo do
governo, mas o fundo foi pressionado pelos demais bancos e recusou a proposta.

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