Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 12/08/2012 |
A onda de greves dos servidores federais expôs a olho nu a mudança
ocorrida no governo com a passagem do poder de Luiz Inácio Lula da
Silva para Dilma Rousseff. Aquele "governo de compromisso", que uniu
empreiteiras e banqueiros, montadoras e pecuaristas, sindicatos e
partidos conservadores, não existe mais. O governo Dilma Rousseff está se revelando outra coisa: um "governo de escolhas".
» » » O cientista político Luiz Werneck Vianna chegou a caracterizar o lulismo como um "condomínio entre contrários", no qual os setores subalternos da sociedade foram incorporados de forma passiva, a partir da cooptação das lideranças dos movimentos sociais e dos sindicatos "estatalizados" pelo governo Lula. Dilma Rousseff herdou essa espécie de condomínio, do qual fazem parte partidos de esquerda, de centro e até de direita, assim como corporações de servidores, a alta burocracia estatal e grandes grupos empresariais. » » » Porém, esse pacto está sendo rompido em várias frentes. Primeiro, foi com os sindicalistas que controlavam as empresas do governo; depois, com as empreiteiras e seus aliados políticos no Ministério dos Transportes; mais recentemente, com os banqueiros que participavam das decisões do Banco Central. Finalmente, quebrou o compromisso com as centrais sindicais, inclusive a CUT. O lulismo Isso significa que Dilma está rompendo com o ex-presidente Lula? É óbvio que não. Segundo o jornalista e cientista político André Singer, que foi assessor de imprensa do ex-presidente, a essência do "lulismo" seria a representação daquela parcela majoritária da população "que não consegue construir desde baixo as suas próprias formas de organização" e que tem "a expectativa de um Estado suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem estabelecida". O governo Dilma mantém esse rumo. A deriva Porém, desse ponto de vista, em função da crise internacional que se alonga e do esgotamento do modelo de expansão acelerada da economia baseado na ampliação do crédito e do consumo, Dilma tenta manter a base de apoio que herdou de Lula, mas deriva em outra direção. Está sendo obrigada a fazer escolhas difíceis, tais como baixar os juros a fórceps para expandir o crédito, endurecer as negociações salariais com os servidores para conter os gastos com pessoal e exigir investimentos de concessionárias de serviços públicos para atender a demanda, como, agora, na telefonia, à beira de um "apagão" digital. Mensalão//
O julgamento do mensalão entra amanhã na terceira semana,
mas a reunião mais importante do STF será administrativa, na
quarta-feira, quando decidirá como os ministros votarão. Como se sabe,
Cezar Peluso, prestes a se aposentar, depende da metodologia adotada
para ter tempo de votar.Nutrição
O vice-presidente da República, Michel Temer, encontra-se hoje com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, em Londres, durante a reunião da Aliança Global para Melhor Nutrição (Gain), na qual Temer participará como coanfitrião. Mais de 610 milhões de pessoas são beneficiadas pelo programa, a maior parte delas composta por crianças e mulheres. Temer anunciará uma doação de US$ 120 milhões em alimentos para o programa. Olimpíadas Ao fechar a visita ao Reino Unido, Michel Temer representará a presidente Dilma Rousseff na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Olímpicos . Prioridade O PCdoB resolveu apostar todas as fichas na eleição da senadora Vanessa Grazziotin à prefeitura de Manaus. "Além da aliança poderosa de oito partidos, temos apoios amplos que vão desde o governador do Amazonas à presidente da República", explica o presidente da legenda, Renato Rabelo. PCdoB, PT, PMDB, PP, PSB, PSL, PTN e PV enfrentam o ex-senador e ex-prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), que lidera a disputa. Negociação Atropelado pela greve do funcionalismo, que se alastrou por todo o país e já atinge mais de 30 categorias, o Palácio do Planalto pretende retomar as negociações com a centrais sindicais a partir da próxima semana. Por sugestão do ex-presidente Lula, Dilma escalou um assessor da Secretaria-Geral da Presidência para conduzir as negociações. Trata-se de José Lopez Feijóo, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ex-vice-presidente da CUT. Trabalha com o ministro Gilberto Carvalho, que andou escanteado da coordenação política do governo. Aumentos De 2003 a 2012, os servidores do Executivo tiveram aumentos salariais de 170%. No mesmo período, o país registrou uma inflação acumulada de 70% Oposição/ Pequenos partidos de oposição, o PSol e o PSTU (que nem representação no Congresso têm) lideram as categorias mais radicalizadas na greve dos servidores. O PT controla a maioria dos sindicatos, mas acabou tendo que aderir à paralisação para não perder o comando dos sindicatos. No pênalti/ O governo precisa chegar a um acordo com os sindicatos dos servidores até 31 de agosto, prazo para o governo enviar a Lei de Diretrizes Orçamentárias ao Congresso Nacional, indicando qual a verba prevista para o reajuste dos servidores públicos. |
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