segunda-feira, 16 de julho de 2012

Desarticulação política

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 15/07/2012
 
O Palácio do Planalto está assustado com a desarticulação da base política no Congresso, o que obrigou a presidente Dilma Rousseff a entrar em campo pessoalmente para mobilizar os aliados. Algumas medidas provisórias ameaçam caducar por causa da desmobilização dos deputados governistas, que ainda não conseguiram aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Entre as medidas provisórias, as mais importantes são as MPs 563 e 564, que instituíram novos incentivos à indústria do Programa Brasil Maior. Esse é o maior pacote de incentivos lançado pelo governo para a indústria.

Por causa do desarranjo na base, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pressiona a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que está sendo chamada nos corredores do Congresso de ministra da "desarticulação política". Ela, por sua vez, não poupa de críticas o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que na semana passada viajou com a família. Também entra na ciranda o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que é considerado muito "corporativista" pela presidente Dilma.

Tapinhas

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff foi aos jantares de confraternização dos principais partidos da base, o PMDB e o PT. Distribuiu tapinhas nas costas ao percorrer as mesas e tirou fotos para a campanha eleitoral. Nada disso garantiu quórum para as votações do Congresso. Faltou carinho para os demais partidos da base.

No laço

Marco Maia mobiliza toda a sua assessoria para garantir a presença dos aliados do governo nas votações desta semana. Ameaça cortar o ponto de quem não aparecer em Brasília. Ninguém acredita.

Pão e água

A oposição, que ficou a pão e água na hora da liberação das emendas parlamentares, e o líder do PR, Lincon Portela, de Minas, são os principais problemas para votar a LDO até terça-feira. Com a base desmobilizada, o governo só aprova a LDO se a oposição ajudar e a bancada do PR não atrapalhar.

Não gostou

O governo tentou um acordo com a oposição para votar a LDO na semana passada. A conversa avançou com o PSDB e o PPS, mas estancou na hora de fechar com o DEM. A ministra Ideli Salvatti pôs tudo a perder ao chamar o líder da bancada, ACM Neto (BA), de "grampinho", em alusão às escutas telefônicas supostamente feitas pelo avô do parlamentar, o falecido senador baiano Antônio Carlos Magalhães.

Concessões //

O governo prepara duas medidas provisórias para renovar as concessões do setor elétrico — uma delas vai baixar as tarifas de energia. Também pretende lançar novo pacote de privatizações de rodovias, portos e aeroportos, até agosto.

Contramão

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), vai deixar a poeira de Belo Horizonte baixar para voltar a conversar com a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que se rebelou contra a intervenção em favor da candidatura de Patrus Ananias (PT) na capital mineira. No plano nacional, avalia, tem muita sintonia com a senadora por Tocantins.

Fé nos gastos

Já que o povo está devagar com o andor, o governo apostas as fichas nos próprios gastos para reaquecer a economia. As compras governamentais até o fim do ano vão injetar na indústria
R$ 6,6 bilhões.

Savana/ Vice-presidente da República, Michel Temer representará a presidente Dilma Rousseff no lançamento do Fundo Nacala, em Moçambique, na sexta-feira. Com participação da iniciativa privada, o fundo financiará a produção agrícola no chamado Corredor Nacala, que vai da mina de carvão em Moatize até a cidade de Nacala. O Brasil entra com a expertise da Embrapa. Serão alavancados US$ 2 bilhões para investir na savana.

Velódromo/ A construção do novo velódromo para as Olimpíadas de 2016 tem todos os ingredientes para virar escândalo. O Ministério do Esporte vai transferir a pista de madeira do velódromo atual, que custou R$ 14 milhões, para outro estado. O terreno, na Barra da Tijuca, será vendido em mais uma milionária transação imobiliária. E uma empresa holandesa será contratada para fazer o velódromo no terreno do Autódromo.

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