quarta-feira, 4 de julho de 2012

Conexão paulista

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 03/07/2012
 
Se alguém acha que a CPI do Cachoeira já deu o que tinha que dar, está enganado. Não é por causa dos depoimentos previstos para hoje, que não trarão grandes surpresas. As novas emoções ficarão por conta da convocação, na quinta-feira, do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, e do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, que pretende assumir a condição de homem-bomba da CPI.

A maior surpresa pode surgir daí. Pagot ameaça denunciar as pressões que teria sofrido de Carlos Cachoeira para favorecer a Delta nas licitações do órgão, para facilitar a suposta utilização de verbas públicas com o objetivo de financiamento de campanha eleitoral em São Paulo, no caso, recursos da obra do Rodoanel. E os petistas já têm engatilhado um pedido de convocação do antigo diretor de obras do governo paulista Paulo Vieira, o Paulo Preto. Com isso, pretendem atrair para o olho do furacão o ex-governador José Serra, candidato tucano a prefeito de São Paulo.

O troco

O PT resolveu virar a mesa em Belo Horizonte e decidiu lançar a candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias a prefeito de Belo Horizonte, surpreendendo o prefeito Márcio Lacerda (PSB). Dedo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para dar e vender

Apesar de a pizza ter sido encomendada faz tempo, ainda aguardam análise da CPI do Cachoeira 258 requerimentos

Uganda

O deputado Miro Teixeira, do PDT-RJ, não desistiu de afastar da CPI do Cachoeira o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL). Pediu informações às Mesas do Senado e da Câmara sobre a existência de missão oficial de deputados e senadores a países africanos, em especial a Uganda. Segundo Teixeira, depois dessa incursão no país africano, alguns parlamentares se encontraram com Fernando Cavendish em Paris.

Tarrafa

Uma série de transferências bancárias da Alberto & Pantoja Construções e Transporte a diversas empresas assombra políticos goianos. A firma laranja de Cachoeira era abastecida com dinheiro da Delta. As informações sobre a movimentação começam a chegar. Das 100 empresas que já tiveram os sigilos quebrados, as que supostamente movimentaram mais recursos no esquema de Cachoeira foram a Delta e a Construtora Rio-Tocantins (CRT).

Comemoração

A volta à prisão de dois acusados de integrar o grupo de Carlinhos Cachoeira foi comemorada na CPI, mas nada de novo acrescenta às investigações. O ex-vereador Wladimir Garcez, tido como um dos braços políticos do esquema; Lenine de Araújo Souza, suposto contador; e José Olímpio de Queiroga Neto — que teve a prisão decretada mas segue foragido —, acusado de ser sócio de Cachoeira na exploração de caça-níqueis, já prestaram depoimento.

Pau de Chico

Os tucanos comemoram a divulgação do vídeo encontrado pela Polícia Federal, durante a Operação Monte Carlo, na casa do ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira, no qual o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), aparece em negociações com o bicheiro. Foi exibido domingo, pelo programa Fantástico, da TV Globo, confirmando um zum-zum-zum que já rolava no Congresso.

Maluco

Até agora a Aeronáutica não divulgou o nome do piloto da FAB que brincou de Melo Maluco na Esplanada dos Ministérios, com o voo rasante de Mirage que quebrou as vidraças do Supremo Tribunal Federal, domingo, durante a cerimônia da troca da bandeira na Praça dos Três Poderes. O prédio foi isolado e ninguém ficou ferido. O carioca Francisco de Assis Correia de Melo, o Melo Maluco, foi um piloto exímio e exibicionista. Chegou a ser ministro da Aeronáutica.

Encenação

Dessa vez, foi uma encenação sem sucesso de público. Político marcado para ser cassado pelos colegas de Senado, Demóstenes Torres (GO) discursou para um plenário vazio ontem. Pediu perdão aos colegas e jurou inocência. Foi uma peça para seu processo de defesa.

Tevê

Foram inauguradas ontem as transmissões digitais conjuntas da TV Senado, da TV Câmara e da TV Assembleia Legislativa, em Fortaleza. A concessão é da Câmara dos Deputados, que cede, dos quatro canais da multiprogramação a que tem direito, um para o Senado e outro para a Assembleia Legislativa. Na capital cearense, a TV Senado já transmite programação pelo canal 53, em sinal aberto analógico, desde julho de 2007.

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