terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A força do real

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
O dólar comercial continua a ´derreter`, para usar o eufemismo do governo. Fechou ontem em queda de 1,12%, isto é, a R$ 1,683 para a venda. Ao mesmo tempo, o Banco Central (BC) inicia hoje a primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) no governo de Dilma Rousseff . O mercado acredita que amanhã anunciará um novo aumento na taxa Selic, que está em 10,75% ao ano. Estima-se que chegará a 11,25 %. Esse seria um recado do novo presidente do BC, Alexandre Tombini, de que não está no cargo para brincadeiras.

As entrelinhas da decisão do Copom demoram um pouco para ser divulgada. Em bom economês, revelarão a orientação monetária do novo governo. O mercado aposta que manterá o foco no centro da meta de inflação, hoje em 4,5 % ao ano. Como a alta dos preços ao consumidor deve chegar a 6%, o remédio é puxar os juros para cima até que o governo recupere o controle sobre os gastos públicos. Com a economia aquecida e todos gastando mais do que deveriam, não há outra fórmula para segurar a inflação.

Os preços dos alimentos no mercado mundial também estão subindo. Juros altos tornam os títulos públicos mais atrativos para a enxurrada de dólares emitidos nos Estados Unidos. Ou seja, o real continuará sobrevalorizado, o que estimula as importações e reduz a competitividade de nossa indústria. Mas há controvérsias. Enquanto empresários se queixam, economistas avaliam que as indústrias não dão conta da demanda e que a infraestrutura precária encarece as exportações. A inflação só não explode por causa das importações, principalmente da China.

Ativos

A propósito da valorização do real, os dois ativos mais valiosos do governo Dilma - ou de qualquer governo - são a moeda estável e o tempo de mandato da presidente da República. Como cada dia de governo é um dia a menos no mandato, a estabilidade da moeda é ativo que pode ser preservado da escassez progressiva. O ex-presidente Fernando Henrique foi eleito graças ao Plano Real, mas capotou no segundo mandato por causa, principalmente, da desvalorização do real. O presidente Lula aprendeu com as vicissitudes do real: como candidato, perdeu duas eleições e ganhou outras duas com o real servindo de termômetro eleitoral.

Fechado

O PR realiza reunião hoje em Brasília para bater o martelo em favor da reeleição do presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS). O deputado Sandro Mabel (PR-GO) já acertou os ponteiros para se afastar da disputa.

Pesquisa

Cresce o número de pesquisadores formados por ano no país: saltou de 26 mil para 53 mil, diz a Capes. Só em 2010, foram mais 41 mil mestres e 12 mil doutores

Paraguai

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, esteve ontem em Assunção para acertar a viagem da presidente Dilma ao Paraguai. Dois assuntos cabeludos estiveram na pauta: a situação dos agricultores de origem brasileira que vivem na fronteira, os chamados ´brasiguaios`, e a revisão de tarifas da Hidrelétrica de Itaipu. Patriota se reuniu com o presidente Fernando Lugo, o ministro das Relações Exteriores, Héctor Lacognata, e vários ministros.

Imposto

O líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva que encabeça a dissidência governista a favor de um salário mínimo de R$ 580, está dando mais trabalho ao governo do que toda a oposição reunida. Hoje comanda manifestações da Força Sindical em todo o país, inclusive em Brasília, para marcar a entrada de ações judiciais dos sindicatos de trabalhadores contra o governo exigindo a correção do Imposto de Renda cobrado na fonte. Presidente da Força Sindical, Paulinho da Força, como é mais conhecido, afirma que os sindicatos vão pedir a correçãode 6,47% na tabela do tributo.

Tragédia

A Comissão Representativa do Congresso Nacional convocou uma reunião para a próxima quinta-feira. Em pauta, a discussão da Medida Provisória nº 522, que liberou crédito de R$ 780 milhões para os municípios atingidos pelas enchentes. Uma resolução do regimento interno da Câmara permite que, em situações de emergência, a comissão delibere.

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