domingo, 16 de janeiro de 2011

Dilma e Obama

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
A presidente Dilma Rousseff bateu o martelo: irá a Washington, entre 12 e 18 de março, para se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O convite foi feito pelo colega norte-americano logo após as eleições, e reiterado em 1º de janeiro, na posse de Dilma, pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Os norte-americanos têm grande expectativa em relação à visita e acreditam no reposicionamento do novo governo brasileiro na política internacional.

As relações do ex-presidente Lula com Obama não foram tão fáceis como as que manteve com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, de quem se tornou amigo. Congelaram depois do episódio do acordo com o Irã, supostamente estimulado por uma carta do próprio Obama. Para o Departamento de Estado, porém, a correspondência sobre o Irã teria sido mal interpretada por Lula, que, ainda por cima, resolver vazar a carta para uma agência de notícias internacional.

O fato é que os Estados Unidos, com apoio da Rússia e da China, deixaram Lula pendurado no pincel. As três potências condenaram o acordo assinado pelo Brasil e pela Turquia com o Irã. Essa fricção na nossa política externa marcou o declínio do prestígio de Lula na diplomacia ocidental. Agora, o novo ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, prepara a visita de Dilma aos Estados Unidos. Ex -embaixador em Washington, é visto como um diplomata amigo dos ianques, e não como desafeto - o que acabou acontecendo com ex-chanceler Celso Amorim.

Expectativas

As expectativas dos Estados Unidos em relação ao Brasil já foram maiores. A ficha caiu quando a presidente Dilma Rousseff anunciou a permanência do assessor especial Marco Aurélio Garcia como auxiliar direto na formulação da política externa antes da confirmação no cargo do novo chanceler, Antônio Patriota. Tal fato foi interpretado como um gesto político. Sinalizaria a preservação Garcia como ideólogo das relações diplomáticas do Brasil com a América Latina e os Estados Unidos. Seus adversários no próprio Itamaraty se encarregaram de difundir essa interpretação.

Divergências

A agenda dos Estados Unidos com o Brasil não é das mais fáceis. A posição em relação ao Irã - cujo governo o Departamento de Estado considera desestabilizador de suas relações com o mundo islâmico, principalmente na Palestina, no Iraque, no Paquistão e no Afeganistão - e a revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que o Brasil rejeita, são temas muito sensíveis. E ainda há questões como o reconhecimento do governo de Honduras, a política de nacionalizações da Bolívia e o conflito entre a Colômbia e a Venezuela.

Interesses

Além de divergências de natureza política, há muitos interesses comerciais na pauta das relações do Brasil com os Estados Unidos. Os principais são a compra de 36 novos caças pela FAB, os subsídios americanos à produção de etanol e o novo regime de partilha para exploração de petróleo na camada do pré-sal. Além disso, as medidas ´macroprudenciais` para evitar o ´derretimento` do dólar (e proteger a indústria brasileira) geraram protesto dos Estados Unidos nos fóruns internacionais.

Sutileza

É certo que haverá um reposicionamento do governo brasileiro em relação aos Estados Unidos, mas certamente não será como o presidente Obama gostaria. Cautelosa, a presidente Dilma Rousseff trata do assunto com habilidade de diplomata. Segundo ela, durante o governo Lula, os Estados Unidos aprenderam a ver o Brasil de outra maneira. E o seu governo levará em conta essa mudança de postura.

Lobby

Na semanapassada, o senador do Partido Republicano John McCain - que disputou com Obama a Presidência em 2008 - se reuniu com Dilma, em Brasília. Fez lobby em favor dos caças da Boeing. Perda de tempo. Porém, o negócio continuará na geladeira, apesar da preferência pelos caças Rafale, da França. O programa FX-2 custará R$ 10 bilhões

Não gravo

Uma equipe contratada pelo PT para editar um vídeo de campanha eleitoral para o deputado Marco Maia (PT-RS) na disputa pela reeleição na Presidência da Câmara tentou, sem sucesso, gravar um depoimento de apoio do presidente da legenda, José Eduardo Dutra. O pedido foi recusado. Suplente de senador, Dutra não quer interferir na disputa na Câmara.

Previdência

Indicado pelo ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, Mauro Luciano Hauschild tomará posse na Presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na quarta-feira. É procurador federal e atuava na Procuradoria do INSS, órgão da Advocacia-Geral da União.

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