quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tudo pelo social

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Concluída a negociação com o PMDB, apesar das insatisfações na bancada da Câmara, a presidente eleita, Dilma Rousseff, começou os entendimentos com objetivo de escolher os ministros da chamada área social da Esplanada. São três pastas: Saúde, Educação e Desenvolvimento Social. Todas serão destinadas ao PT, cuja presença no governo consolida a absoluta hegemonia do chamado “paulistério”. O nome confirmado até agora é o do ministro da Educação, Fernando Haddad, que permanecerá na pasta com amplo apoio da bancada petista e dos reitores das universidades federais, apesar dos desgastes que sofreu com os problemas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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Haddad também conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aposta no fortalecimento do seu nome para a renovação do PT em São Paulo. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que também é paulista, mas tem amplo apoio da bancada petista, voltou a ser cogitado para o Ministério da Saúde. Outra opção seria o secretário da Saúde da Bahia, Jorge Solla, sugerido pelo governador Jaques Wagner (PT).

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A pasta do Desenvolvimento Social é uma incógnita. Fora reservada aos governadores do Nordeste, pelo impacto que o Bolsa Família e outros programas sociais do governo têm na região, mas o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias reivindica a indicação de um mineiro para o cargo. Seria uma espécie de compensação pelo fato de o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, seu desafeto, ter sido indicado para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em alta

Com a recusa do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), convidado para a pasta, o futuro Ministério da Pequena e Microempresa pode sair da esfera política e voltar à área econômica. O gaúcho Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), voltou a ser um nome em alta para o posto. Teria o apoio do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Lamentos

Os governadores petistas da Bahia, Jaques Wagner, e de Sergipe, Marcelo Déda, que também prestigiaram a posse do novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Benjamin Zymler, almoçaram ontem em Brasília e fizeram um balanço da transição. Decidiram apoiar as decisões da presidente eleita, Dilma Rousseff, sem restrições, apesar do rosário de queixas e reclamações dos deputados da bancada nordestina contra o “paulistério”.

Feitiço

O deputado Ibsen Pinheiro (foto), do PMDB-RS, despediu-se ontem da Câmara dos Deputados, da qual era presidente em 1994, quando foi injustamente cassado por suposto envolvimento com os “anões” do Orçamento. Seu discurso mobilizou dezenas de parlamentares que foram ao microfone de apartes para elogiar sua atuação na Casa. José Genoino (PT-SP) fez uma espécie de autocrítica por sua própria atuação à época, favorável à cassação de Ibsen. Tão respeitado pelos colegas quanto o deputado gaúcho, o petista hoje é réu no processo do mensalão.

Jogada

A data escolhida pelo presidente do Democratas, Rodrigo Maia, para deixar o posto — 15 de março —, pegou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), de surpresa. O político paulista pretendia usar a convenção municipal do partido, que estava prevista para ocorrer em março, para fechar uma aliança com o PMDB e, depois, se mudar para essa legenda. Com o adiamento da convenção municipal do DEM, por conta da nacional, Kassab ficará numa saia justa entre trabalhar pela unidade do partido ou preparar o terreno para a própria saída do DEM.

Despedida

Outro que se despediu dos colegas foi o senador cearense Tasso Jereissati, que monopolizou as atenções na tarde de ontem durante a sessão do Senado. Cacique do PSDB, o tucano foi protagonista de momentos de grande tensão nos embates entre governo e oposição. Um dos desafetos do presidente Lula no Senado, Jereissati foi traído pelo governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e não conseguiu se reeleger.

Proteína

De janeiro a novembro, a inflação acumulada foi de 5,25%, segundo o IBGE. Nesse período, o preço das carnes subiu 26,79%

Cautela/ Por onde anda no Congresso, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), é cumprimentado como futuro “presidente” da Casa. Mas o deputado anda cabreiro. Ensaia-se uma rebeldia na bancada, apesar dos esforços para se chegar a um nome de consenso. Uma disputa na base do voto com os correligionários Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS), que pleiteiam a indicação, também pode rachar a base aliada.

Perdeu/ O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) apelou ao comentar matéria publicada pelo Correio que mostra o projeto do governo que quer distribuir kits contra a homofobia em escolas públicas do país. O parlamentar disse que o material estimula a pederastia entre os adolescentes e teme que o neto vire um “gayzinho” caso a publicidade chegue às escolas.

Fora/ A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), eleita governadora do Rio Grande do Norte, passou por uma situação constrangedora ao tentar cumprimentar o conterrâneo e líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que comemorou aniversário ontem. Foi interrompida pela presidente do PMDB Mulher, Maria Elvira (PMDB-MG), que propôs um brinde: “Arriba! Abajo! Al centro! Adentro!”.

Articulado//

Crescem na bancada petista as pressões para a indicação do deputado Luiz Sérgio (RJ), ex-líder da bancada na Câmara, para a Secretaria de Relações Institucionais, contemplando os petistas do Rio de Janeiro. Excelente tribuno, o parlamentar tem o estilo bateu, levou. É mais articulado do que articulador.

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