quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O PMDB encolheu

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A presidente eleita, Dilma Rousseff, conseguiu conter a gula do PMDB, que entra no seu governo menor do que saiu do governo Lula. Ontem, em almoço com o vice-presidente eleito, Michel Temer, bateu o martelo: o partido terá cinco ministros. Pela cota do Senado, entram Edison Lobão (MA), em Minas e Energia, e Garibaldi Alves (RN), na Previdência; na da Câmara, Wagner Rossi (SP), na Agricultura, e Pedro Novais (MA), no Turismo; além de Moreira Franco, na Secretaria de Assuntos Estratégicos, indicação pessoal de Temer.

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O acordo consolidou o poder de quatro caciques da legenda que bancaram os nomes indicados: o presidente do Senado, José Sarney (AP), e os líderes da legenda no Congresso: o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), além do próprio Michel Temer.

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O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sai desgastado da negociação. Anunciou o nome do secretário de Saúde fluminense, Sérgio Côrtes, como certo para o Ministério da Saúde após uma conversa com a presidente e teve que se desmentir. Até agora, não emplacou ninguém na Esplanada. O ex-governador do Amazonas Eduardo Braga também decepcionou Dilma. Foi convidado para o Ministério da Previdência, mas não aceitou.

É a vida


Frustrando quem esperava um ministério dos sonhos, o novo governo está sendo montado em bases realistas. O senador Garibaldi Alves, por exemplo, não deixou saudades no Palácio do Planalto depois que saiu da Presidência do Senado, mas é fundamental para garantir apoio da maioria da bancada do PMDB na Casa. O mesmo vale para o deputado Mário Negromonte (BA) no Ministério das Cidades, indicado pela bancada do PP na Câmara.


Sociologia

O ex-governador fluminense Moreira Franco está mais feliz do que pinto no lixo, como diria o sambista Jamelão, com a indicação de seu nome para a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. O cargo foi turbinado com a anexação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e com a tarefa de elaborar o Plano Nacional de Saneamento e Resíduos Sólidos. Um dos principais aliados de Michel Temer na cúpula da legenda, Moreira é sociólogo formado pela Sorbonne, na França, e participou da elaboração do programa de governo de Dilma, até hoje não divulgado.

Calo

O nome do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) — que disputou o governo da Bahia e perdeu — está cotado para presidir a Embratur, a joia da coroa do Ministério do Turismo. O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner, não gostou da notícia. O petista anda se queixando da composição do ministério, mas ainda pode emplacar o ministro da Saúde. O médico Jorge Solla, seu secretário do setor, está cotadíssimo para o posto.

Ameaças

A reunião do Democratas de hoje tem ingredientes para implodir o partido. Uma ala descontente com o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), critica a conduta da cúpula do partido: a ata que prorrogou seu mandato seria irregular. O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC), presidente de honra da legenda, quer a saída de Maia.

Autonomia

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, defendeu, ontem, na Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara, a medida provisória que dá mais autonomia para a internacionalização da Embrapa. Para o deputado Paulo Delgado (PT-MG), o projeto é um divisor de águas porque o Brasil pode se tornar um exportador de tecnologias no lugar de se tornar uma colônia tecnológica.

Futebol

Petistas agora defendem que o candidato derrotado na disputa para a Presidência da República José Serra dispute um cargo eletivo em São Paulo. O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), na base da gozação, pediu ao tucano para que assuma a presidência do Palmeiras.

Garganta

Amigos do senador Gim Argello (PTB-DF), relator do Orçamento da União que renunciou ao cargo ontem após denúncias de suposto desvio de verbas públicas, advertiram o parlamentar de que não deveria esperar apoio do governo. Andou falando demais e queimou o filme com a presidente eleita, Dilma Rousseff, de quem nunca foi íntimo, ao contrário do que apregoava.

Alerta

Ao falar na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-16), ontem, em Cancún (México), a senadora pelo Acre Marina Silva (foto), ex-candidata do PV à Presidência da República, voltou a criticar o projeto do Novo Código Florestal. Condena as mudanças no artigo 23 da Constituição Federal com o objetivo de transferir aos estados e aos municípios o poder de fiscalização que hoje é de competência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

Resistência

Uma ala do PMDB na Câmara ainda não digeriu a indicação de Pedro Novais (PMDB-MA) para o Turismo. Preferia o deputado gaúcho Mendes Ribeiro, que abriria uma vaga para a permanência, na Casa, do deputado Eliseu Padilha, eleito primeiro suplente. Engrossam o coro dos descontentes Almeida Lima (SE), Fátima Pelais (AP), Leonardo Quintão (MG) e Marcelo Castro (PI), que também postulavam o cargo.

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