domingo, 12 de dezembro de 2010

Os legionários

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


A bancada do PT na Câmara dos Deputados virou um problema para a presidente eleita, Dilma Rousseff. Teve uma atuação digna de legionários romanos durante toda a campanha eleitoral, mas agora cobra mais participação no novo governo. E está à beira de um desatino como aquele que levou à derrota o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) na disputa com o deputado Severino Cavalvanti (PP-PE) pela Presidência da Câmara, com a ajuda do candidato dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG).

Na próxima terça-feira, o líder do governo, Cândido Vaccarezza(PT-SP); o primeiro-secretário da Mesa, Marco Maia (PT-RS); e o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) pretendem disputar a indicação da bancada para a Presidência da Casa. Se não houver acordo, a decisão será tomada por uma diferença de três a cinco votos. São 88 deputados petistas.

Não seria nada demais na vida de um partido cujas tendências disputam até folha caindo, não fosse o fato de que grandes predadores de outras legendas estão sentindo o cheiro de animal ferido. O deputado Márcio França (PSB-SP) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) articulam uma candidatura do bloquinho PSB-PDT-PCdoB para enfrentar o bloco PT-PMDB, que pretende se revezar no comando da Casa. O deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE) já mobiliza o baixo clero da Câmara para o caso de se candidatar. Se o PT escolher o candidato errado ou sair rachado da reunião, pode ficar sem a Presidência da Câmara, mesmo com o apoio do PMDB, cuja bancada de 79 deputados tem muitos insatisfeitos.

Ressentidos

Farinha pouca, meu pirão primeiro. Há muito descontentamento na bancada do PT com a atuação do presidente da legenda, José Eduardo Dutra (SE), e dos deputados Antônio Palocci (SP) e José Eduardo Cardozo (SP), coordenadores da transição. O primeiro ainda trabalha para emplacar o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) no ministério e assumir o mandato de senador, de quem é o primeiro suplente. Palocci virou chefe da Casa Civil; Cardozo, ministro da Justiça. Outros caciques da legenda ficaram no sereno. O deputado paulista Ricardo Berzoine, ex-presidente do PT, perdeu posições no governo. Arlindo Chinaglia (SP), ex-presidente da Câmara, está na planície desde que deixou o cargo.

Convergência

O gaúcho Marco Maia (PT) pode unificar os insatisfeitos do PT caso Arlindo Chinaglia saia da disputa pela vaga de candidato a presidente da Câmara. Já faz entendimentos para isolar o líder do governo, Cândido Vaccarezza. Maia é cogitado para a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, mas rejeita a proposta. Até o presidente Lula está preocupado com a situação. Deixou isso claro na quinta-feira, durante café da manhã com a bancada.

Liderança

Há disputa também pela liderança do PT na Câmara. Dois paulistas, Jilmar Tatto e Paulo Teixeira, e o cearense José Guimarães pleiteiam a sucessão do deputado Fernando Ferro (PE). O novo líder da bancada deve ser escolhido na próxima terça-feira.

Cana dura

O diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho; o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto; e o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, estão cotados para o comando da PF.

Chuteiras

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), que encerra o mandato com 85% de aprovação, depois de sanear a política e a economia do estado, comunicou aos amigos e aos aliados que pretende deixar a política em segundo plano e retomar a carreira de economista. Foi convidado para trabalhar como executivo de um grande grupo privado.

Diploma/Os diplomas que serão entregues à presidente da República eleita, Dilma Rousseff, e ao vice, Michel Temer, foram confeccionados pela Casa da Moeda. Cópias ficarão em poder do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A diplomação será na próxima sexta-feira.

Missão/De malas prontas, o diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, está de olho no comando da estrutura de segurança para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

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