sábado, 11 de dezembro de 2010

Além dos bingos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Há anos a bancada da jogatina tenta aprovar no Congresso a legalização dos bingos. O movimento é tão insidioso que provocou até um incidente entre o presidente da Câmara no biênio 2007/08, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o então ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

O pivô foi o deputado Sílvio Costa (PTB-PE), ex-PMN, que lidera o lobby a favor dos bingueiros, e tentou pôr o assunto em pauta numa reunião do ministro com o presidente da Casa da qual também fazia parte. Arlindo encerrou a reunião e não quis mais conversa. Na quarta-feira à noite, numa votação relâmpago articulada por Sílvio e pelos deputados paulistas Paulinho da Força e João Dado, ambos do PDT, foi aprovado o pedido de urgência para votação da matéria. Foram 258 votos a favor.

É o primeiro sinal de que a Câmara dos Deputados está à matroca neste final de legislatura. Seu presidente, deputado Michel Temer (PMDB-SP), já foi abduzido pelo Palácio do Jaburu, residência oficialdo vice-presidente da República. O substituto na Mesa, deputado Marco Maia (PT-RS), está em campanha para ser o candidato do PT a presidente da Câmara e só pensa nisso. E o clima de insatisfação com o ´paulistério` é generalizado nas bancadas governistas.

Baixas

O líder do PMDB na Câmara, o potiguar Henrique Eduardo Alves está absoluto nas indicações da bancada para o novo ministério, mas corre o risco de ver a tropa se rebelar nas votações. Perdeu de uma só vez vários deputados que mediavam suas relações com a bancada do PMDB, assegurando certa coesão da legenda. Alguns são craques da articulação política: Eunício de Oliveira (CE), eleito senador; Geddel Vieira Lima (BA), que perdeu a eleição para o governo da Bahia; Ibsen Pinheiro (RS), que não concorreu à reeleição; e Eliseu Padilha (RS), que não conseguiu se reeleger.

Isolamento

Hoje, além de Henrique Eduardo Alves, o deputado fluminense Eduardo Cunha é o único parlamentar na bancada do PMDB que exerce certa liderança entre os demais colegas, comandando um grupo em torno de 20 parlamentares, que tende a crescer. O Palácio do Planalto, porém, trabalha o tempo todo para esvaziar sua liderança. A coesão da bancada do PMDB passa por suas atitudes nos bastidores das negociações. Se resolver engrossar o coro dos descontes, a coisa pode se complicar.

Arisco

O deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE) está sondando os colegas sobre uma eventual candidatura avulsa à Presidência da Câmara. Fareja um vácuo de liderança, agravado pelo fato de que o PT ainda não definiu quem será o candidato da legenda ao posto. Ex-presidente da Casa, o parlamentar avalia que o acordo de cúpula do PT com o PMDB ainda não sensibilizou a base governista.

Decantação

A presidente eleita, Dilma Rousseff, está decidida a manter a indicação do atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para o Ministério da Saúde. Por isso, adiou a confirmação de Nelson Jobim na Defesa, Antônio Patriota nas Relações Exteriores e Fernando Pimentel no Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Todos serão oficializados na próxima semana.

Professor

O deputado tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas, que perdeu a disputa pelo governo do Espírito Santo para o senador Renato Casagrande (PSB), já sabe o que vai fazer da vida nos próximos anos.Volta ao BNDES como funcionário de carreira - ´serei nomeado sub do subchefe do almoxarifado do subsolo`, brinca - e dará aulas de economia contemporânea na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ex-prefeito de Vitória, Velozzo Lucas integrou a equipe econômica que implementou o Plano Real.

Posse

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem previsão para julgar um recurso contra a decisão que tornou o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) inelegível. Se o deputado não for julgado, terá que recorrer a uma liminar de última hora para conseguir tomar posse na próxima sexta-feira. Caso a manobra funcione, Maluf será beneficiado. Mesmo que o TSE casse seu registro de candidatura, poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). E a Câmara dos Deputados tem um histórico de só acatar decisões de perda de mandato após sentença transitada em julgado no Supremo

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