quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Além do Jaburu

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O vice-presidente eleito, Michel Temer, às vésperas da posse, descobriu que o cargo também é talhado para a austeridade. Já sabia da discrição exigida pela função, mas só agora, depois de estudar a rubrica da Vice-Presidência no Orçamento da União, é que se deu conta das limitações materiais de seu gabinete, cujas verbas são menores do que as de qualquer secretaria da Presidência ou ministério: R$ 7 milhões por ano.


O Palácio do Jaburu não deixa de ser uma grande mordomia, mas é construção exclusivamente destinada à moradia. Seus 4.283 metros quadrados — ao lado da lagoa que lhe empresta o nome e às margens do Lago Paranoá — privilegiam mais a área externa, com generosas varandas, do que os salões, cujas dimensões são iguais às mansões de Brasília, não têm nada a ver com os palácios tradicionais. Exuberantes na verdade são os jardins projetados por Burle Marx, onde predominam árvores e flores do cerrado no terreno de 190 mil metros quadrados.

O vice-presidente José Alencar e sua esposa, Mariza Gomes da Silva, recentemente, deram um banho de loja no Jaburu, com aquisição de toalhas de linho, taças de cristal e outros utensílios dessa natureza, essenciais para as recepções oficiais. Esse não é o problema de Temer. Muito menos a contratação de serviçais. A queixa do novo vice-presidente da República, revelada ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é quanto às verbas para a contratação de assessores e para despesas de viagens. Seu gasto mensal, nos períodos em que não estiver substituindo Dilma Rousseff, não poderá ultrapassar R$ 583 mil. Temer acha pouco.

Estratégia//

Para o líder do Democratas na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), o acordo firmado em prol da reeleição do presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), terá o apoio da maioria da bancada. Segundo ele, a disputa interna pela Presidência do partido, prevista para março do ano que vem, não deve influenciar as decisões para a composição da Mesa da Câmara.

Hospedagem

O montante gasto com serviços de hospedagem pagos pela União para acolher os convidados do governo brasileiro que acompanharão a posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, em 1º de janeiro será de
R$ 1.419.831

Vai e vem

O aluguel dos veículos usados pelo cerimonial do Itamaraty para o transporte de convidados e pela organização da posse de Dilma Rousseff custará R$ 1.798.199,66

Brinde

O Itamaraty comprou seis lotes de 24 mil garrafas de vinho para o coquetel oferecido por Dilma Rousseff depois da posse. Para que as comitivas e autoridades estrangeiras possam conhecer a produção nacional, só foram contempladas vinícolas da serra gaúcha e do vale do São Francisco. O que sobrar vai para a adega do Itamaraty. Custaram R$ 1.326.160

Rabada

O ex-prefeito de Santo Amaro da Purificação (BA) Genebaldo Correia (foto) e o deputado Colbert Martins lamentavam ontem, em almoço no Piantella, a situação do PMDB da Bahia. Os peemedebistas não foram bem-sucedidos na eleição para a Câmara, no rastro da derrota eleitoral do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), que perdeu a disputa pelo Executivo local para o governador reeleito, Jaques Wagner (PT). Cassado em 1994 pela chamada CPI do Orçamento, Genebaldo foi um dos mais poderosos líderes de bancada que o PMDB já teve. Sem seu apoio, nada era aprovado nos governos Collor de Mello e Itamar Franco.

Surpresa

O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, até agora não endossou a participação do deputado Márcio França (PSB-SP), vice-líder do governo na Câmara, no secretariado do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Um dos principais articuladores da base governista no Congresso, França será secretário de Turismo do governo paulista sem prévia consulta à cúpula do PSB. Sua baldeação para o campo oposicionista reflete a insatisfação de uma parte da bancada com a composição do ministério de Dilma Rousseff.

Mercosul/ Foi aprovada pelo Senado a indicação do embaixador Carlos Alfredo Lazary Teixeira para a Embaixada do Brasil no Peru. Ex-assessor de Assuntos Internacionais da Casa Civil e amigo da presidente eleita, Dilma Rousseff, Cafredo, como é chamado, terá a missão de atrair o país vizinho, cuja economia é a que mais cresce nas Américas, para integrar o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul).

Ponte/ O presidente do Peru, Alan Garcia, chega para a posse de Dilma Rousseff com um pedido especial: a nova presidente da República levar Lula à inauguração de uma ponte de 240 metros sobre o Rio Acre, que completa a ligação por estrada asfaltada de Rio Branco a Cusco, e de lá para Lima. É a sonhada saída rodoviária do Brasil para o Oceano Pacífico.

Cordel/ O jornalista, radialista e cordelista Lima Rodrigues lançará, em 1º de janeiro, por ocasião da solenidade de posse de Dilma Rousseff, um livreto de cordel que conta a trajetória de vida da primeira presidente mulher do Brasil.

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