quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Labirinto partidário

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O ex-prefeito Cesar Maia, que perdeu a eleição para o Senado, está sem mandato, mas manteve a argúcia. Ontem, no seu ex-blog, o político fluminense reabriu uma discussão que havia sido iniciada às vésperas do primeiro turno, quando a aliança entre o PT e o PMDB parecia imbatível, e a tropa de elite governista começava uma articulação para a reestruturação dos partidos numa futura reforma política. O assunto está sendo retomado, mas é um labirinto político para o governo e para a oposição.

Maia destaca que o quadro partidário emergiu das urnas mais fragmentado do que nunca, principalmente na Câmara dos Deputados, estruturada da seguinte forma: PT, 17,2%; PMDB, 15,4% ; PSDB, 10,3%; DEM, 8,4% ; PR, 8%; PP, 8%; PSB, 6,6%; PDT, 5,5%; PTB, 4,1%; PSC, 3,3%; PCdoB, 2,9%; PV, 2,9%; PPS, 2,3%; PRB, 1,6%; PMN, 0,8%; PTdoB, 0,6%; PSol, 0,6%; PRTB, 0,4%; PHS, 0,4%; PRP, 0,4%; PSL, 0,2% e PTC, 0,2%. "Portanto, será uma Câmara de Deputados com 22 partidos políticos. A maior pulverização de todos os tempos", assinala o ex-prefeito carioca. "Se valesse a cláusula de barreira de 4%, teríamos menos 13 partidos", argumenta.

Vale acrescentar a essas observações o fato de que o PT, partido de Dilma Rousseff, tem 17,2% dos deputados, e o PSDB, de José Serra, 10,3%. O PV, de Marina Silva, cujos votos são os mais cobiçados no segundo turno, reúne apenas 2,9% dos deputados. Ou seja, o futuro presidente eleito terá que matar 10 minotauros para montar a sua base na Câmara.

Os blocos

Não é à toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute com o PT e com aliados a formação de uma frente partidária para dar sustentação ao eventual governo Dilma Rousseff (PT). Se conseguir juntar PT, PSB, PDT, PCdoB, PSol e PV, terá um bloco de esquerda com 35,7% dos votos da Câmara. Os partidos de centro - PMDB, PP, PR, PTB e PSC -, que podem apoiar tanto o governo de Dilma como o de José Serra, somam 38,8% das cadeiras. O bloco oposicionista - PSDB, DEM e PPS -, que comporia o núcleo duro de um eventual governo Serra, representa 21%. Os demais partidos somam apenas 4,5% das cadeiras e tendem a se agregar ao bloco majoritário.

O governo

A montagem do novo governo será um xadrez político. Mesmo para Dilma Rousseff (PT), que larga em vantagem por contar com mais de 351 deputados eleitos na campanha. Ela terá dificuldades para formar o governo com ministros apenas pela escolha pessoal. É impossível compor um governo sem a participação de políticos indicados por seus partidos e com o apoio das respectivas bancadas na Câmara. A dificuldade será maior para José Serra caso vença as eleições.

Ministeriáveis

O cacife do PMDB cresce quanto mais a disputa entre Dilma e Serra fica acirrada. Sobram nomes da legenda para ocupar ministérios importantes no novo governo, seja ele qual for. Exemplos: os senadores Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Eunício Oliveira (CE) e Jarbas Vasconcelos (PE); o governador Paulo Hartung (ES), que ficará sem mandato, e o ex-governador Moreira Franco (RJ). Nenhum deles, porém, resolve o problema da bancada na Câmara, cujos principais caciques são o líder Henrique Eduardo Alves, do RN, e o deputado Eduardo Cunha, do RJ, além de Michel Temer (SP), vice de Dilma.

Sobrecarga

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli, apesar de novo na Corte, é um dos que acumula mais processos em seu gabinete. É o "herdeiro" de mais de 10 mil processos que o ex-ministro Carlos Alberto Menezes Direito, morto em 2009, não pôde despachar por causa de sua enfermidade.

Carteira

O Brasil continua batendo recordes de geração de emprego com carteira assinada. O número de trabalhadores empregados chegou, neste ano, a mais 2.201.406.

Compensação

Durante julgamento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que discutia a autonomia do Tribunal de Justiça de Pernambuco para descontar os dias de greve dos servidores, o placar estava em 7x6 para dar a opção aos funcionários de compensar os dias parados quando chegou a vez do voto do presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. "Aqui, eu não vou empatar de novo", disse o ministro. O julgamento do STF sobre a validade da Lei da Ficha Limpa está empatado porque Peluso se recusou a usar o voto de minerva.

Imagem / Estreia, amanhã, no Cine Brasília o filme Federal, todo ele rodado em Brasília, com a participação de Carlos Alberto Riccelli, Selton Mello, Carolina Gómezs, Michael Madsen, entre outros. Eduardo Dussek faz o papel de um chefão que comanda o tráfico de drogas no país a partir do Distrito Federal. O filme teve cenas gravadas na sede do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, que, nos últimos meses, serviu de prisão para o ex-governador do DF José Roberto Arruda e para o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP).

Controle / O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem um sistema para que os doadores de campanha registrem voluntariamente as doações feitas aos candidatos. No pleito de 2008, o TSE registrou menos de 200 doações. Neste ano, o número subiu para 3.665.

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