quinta-feira, 15 de julho de 2010

Limite sinuoso

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

Aconselhado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou um pouco a bola na campanha eleitoral. Parecia desafiar a Justiça Eleitoral com tantas transgressões, que já lhe renderam seis multas. Ontem, na presença do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, reconsiderou a questão.

Pediu desculpas por eventuais excessos e minimizou o fato de citar a candidata petista Dilma Rousseff na cerimônia de lançamento do edital para a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligará Rio e São Paulo. Argumentou que fez apenas um registro em reconhecimento ao papel da ex-ministra da Casa Civil na implantação do projeto do trem-bala.

Parece piada, como aquela história do ovo da galinha. Se sair do papel, Dilma só terá os méritos da implantação do trem-bala se for eleita presidenta da República e levar a obra adiante. É mais fácil o projeto virar peça de programa eleitoral — como aquele “furafila” inventado por Duda Mendonça na campanha que elegeu Celso Pitta prefeito de São Paulo. Mas será a comprovação de que o governo perdeu mesmo o limite de seu envolvimento com a campanha de Dilma.

Mão dupla


Petistas argumentam que as críticas ao presidente Lula por citar a petista Dilma Rousseff têm mão única. Em todos o eventos, o governador de São Paulo, Alberto Goldman, cita o “governador José Serra” a três por quatro e exalta suas obras. Está tudo no site do governo paulista.

Ferradura

A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, subiu o tom contra o candidato tucano José Serra, ontem, durante encontro com sindicalistas da UGT, em São Paulo. Depois de resumir suas ideias sobre desenvolvimento sustentável, bateu duro na proposta de criação de um Ministério da Segurança Pública, criticou o sistema de progressão continuada das escolas de São Paulo e disse que eleição para presidente da República não é uma disputa de currículos.

Sigilo

A batata do secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo (foto), começou a assar com seu depoimento de ontem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Sem citar nomes, negou o vazamento de informações fiscais do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge por ação externa. Porém, confirmou que funcionários do fisco bisbilhotaram os dados. Parece repeteco da história do sigilo do caseiro que derrubou o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.

Baixinho

Candidato a deputado federal, o ex-jogador de futebol Romário é a estrela do PSB na campanha carioca. “Onde ele vai, para tudo. Foi assim na Estação da Central do Brasil”, comemora o deputado Alexandre Cardoso (PSB-RJ), que convenceu o craque a se candidatar com o argumento de que é preciso acompanhar a preparação da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Razzia


Amanhã, o presidente Lula fará mais uma investida contra os tucanos em São Paulo. No Vale do Ribeira, participa da inauguração de uma ponte. Em Diadema, lança a primeira etapa da urbanização do Núcleo Naval. A mobilização de prefeitos de oposição para atos de campanha de Dilma e do candidato petista a governador, Aloizio Mercadante, não é gratuita.

Aposta

300 mil votos

Essa é a estimativa de votos — segundo o parlamentar carioca — que Romário poderia receber em outubro

Aposentados - O deputado Ivan Valente (PSol-SP) comemorou a aprovação da PEC que estabelece o fim gradual da contribuição previdenciária para servidores inativos. Batalhou muito por isso.

Youpode - Sem mostrar a cara, o candidato verde a governador do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, foi o primeiro a lançar um vídeo de campanha no YouTube. Com 3 minutos e 17 segundos, cita todos os municípios fluminenses.

Perdido - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, só chegou depois da festa ao comitê de campanha de Dilma Rousseff inaugurado na terça-feira à noite. Motivo: estava em reunião com o presidente Lula.

Azebundsman - Na coluna de ontem, pulei uma casa no calendário. É hoje, em Vitória, no Espírito Santo, o ato com o presidente Lula para simbolizar o início da produção da camada pré-sal do poço de Baleia Franca.

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