quarta-feira, 5 de maio de 2010

O pacto antigasto

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), há duas semanas tenta negociar um acordo com a oposição para limpar a pauta da Casa de projetos que possam elevar os gastos públicos. Avalia que é mais fácil pôr um fim à farra do baixo clero por meio de uma aliança com o PSDB, o DEM e o PPS — empenhados em acusar o governo de não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal — do que convencer a base governista a abrir mão do próprio fisiologismo.

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Vaccarezza chegou a se reunir com alguns caciques governistas — os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Arnaldo Jardim (PPS-SP) — para discutir a questão, mas a oposição desconfiou de que era manobra com objetivo de socializar os desgastes perante corporações sindicais ligadas ao próprio governo. É o caso da CUT e da Força Sindical e de dezenas de associações e sindicatos que representam o funcionalismo.

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O Rubicão do pacto era a votação do aumento dos aposentados, cujas associações reivindicavam um reajuste de 7,71%, enquanto o governo oferecia apenas 6,14%. Vaccarezza voltou à carga na proposta de um acordo em torno de 7%, com a tese de que a conta do aumento cairá no colo do futuro governo, seja o presidente da República quem for. Era o canto de sereia para o tucano José Serra mandar a oposição votar com o governo, já que não perde uma oportunidade de mostrar sintonia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não colou. A oposição não fez acordo.

Extra

Segundo o governo, o impacto no Orçamento do aumento de 6,14% seria de R$ 6,7 bilhões. O de 7% representaria acréscimo de R$ 7,8 bilhões. Já os 7,71% custaria aos cofres públicos R$ 8,5 bilhões

Tô fora

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, que já foi um arauto da política de cooperação com o governo em matérias econômica e fiscal, não quer saber de acordo para derrubar o aumento dos aposentados e outros projetos que contrariam o governo já aprovados pela Câmara. “Quem tem a responsabilidade de administrar a base é o governo. Nós vamos agir como oposição”, dispara o senador amazonense.

Caveira

A Polícia do Rio de Janeiro prepara a ocupação dos complexos do Alemão e da Maré, ao longo da Avenida Brasil, para onde se deslocou a maioria dos traficantes expulsos dos morros da Zona Sul do Rio de Janeiro e da Tijuca. Será a chegada das unidades pacificadoras aos subúrbios do Rio, ocupando uma área estratégica para o contrabando de armas e o tráfico de drogas na Baía de Guanabara. A transferência do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Laranjeiras para o antigo quartel do 24º Batalhão de Infantaria Blindado do Exército, em Ramos, cedido ao governo do estado pelo Ministério da Defesa, será o primeiro passo.

Tambor

Posição do Brasil na 8ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em discurso do ministro Celso Amorim (foto), chanceler brasileiro: “O Tratado de Não Proliferação é intrinsecamente injusto, pois divide o mundo entre ‘os que têm’ e os que ‘não têm’. Ele é uma expressão dos desequilíbrios do sistema internacional. É o produto de uma era na qual o poderio militar, principalmente o das armas nucleares, era a principal, senão a única, fonte de prestígio e de poder político. O próprio fato, lamentável, de que os membros permanentes do Conselho de Segurança são justamente os cinco Estados nucleares”. Esqueçam a 2ª Guerra Mundial e a Guerra Fria.

Cadeira

O presidente Lula foi o grande artífice da eleição do ex-presidente argentino Néstor Kirchner para a secretaria-geral da Unasul, que reúne os países da América do Sul. O ex-colega vai guardar o lugar para o presidente brasileiro. Depois que Lula deixar o governo e se quiser o cargo, é claro.

Invisíveis

Um grupo de juízes da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) passou despercebido. Eles foram de porta em porta pedir apoio à PEC 544, que prevê a criação de mais quatro tribunais regionais federais no país. Saíram com a adesão dos líderes João Pizzolatti, do PP; Dagoberto Nogueira, do PDT; e o da minoria, Gustavo Fruet, do PSDB.

11 a 6

Parece coisa do Mais Velho. O ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB), com uma coligação de 11 partidos, conseguiu igualar seu tempo de televisão ao do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que tem seis partidos coligados. Geddel arrebanhou até o apoio do PPS, que deixou a coligação de Paulo Souto (DEM-PSDB), apesar das pressões da cúpula da legenda.

Destruição/ O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) alertou ontem sobre a entrada do crack na Paraíba. A droga tem avançado rapidamente nas capitais do país. Na Câmara, a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack se reúne hoje à tarde em audiência pública sobre o assunto.

Balão/ O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) testa a possibilidade de se lançar candidato ao governo de Alagoas. Bateu à porta do gabinete do conterrâneo Renan Calheiros (PMDB-AL), que se esquivou alegando já ter compromisso com Ronaldo Lessa (PSB-AL), candidato do Planalto.

Cuidado/ Após a tragédia ambiental em uma plataforma de petróleo nos Estados Unidos, o Ibama enviou para lá técnicos que irão acompanhar o processo de recuperação dos estragos para estudar novos padrões de licenciamento ambiental na exploração do petróleo.

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