A base empacou

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br

O governo tem dificuldades crescentes no Congresso. As causas são três: conflitos na montagem das chapas governistas ao Senado e à Câmara na maioria dos estados; o contingenciamento de recursos do Orçamento da União — que só são liberados na medida em que a arrecadação federal melhora o fluxo de caixa do Tesouro; e a presença cada vez mais rarefeita em plenário por causa da campanha eleitoral. A base está como aquele jegue teimoso que não sai do lugar e precisa de uma boa cenoura para andar.

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Como os parlamentares andam votando toda sorte de aumento de gastos, o governo até que se beneficiaria a médio prazo com a paralisia dos trabalhos. Mas há na pauta medidas provisórias que podem caducar e, portanto, precisam ser votadas. E projetos de grande interesse do governo — alguns até são bandeiras de campanha de Dilma Rousseff (PT) — que estão sendo empurrados com a barriga.

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No caso das medidas provisórias, o governo já não tem como impedir a aprovação de um aumento de 7,71% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo. A proposta original era de 6,14% de aumento. Todas as negociações para chegar a um acordo em torno de 7% fracassaram. No segundo caso, a grande preocupação do governo são os projetos do novo marco regulatório do petróleo da camada pré-sal: a capitalização da Petrobras, o Fundo Social e o regime de partilha. Na semana passada, Lula reuniu 30 senadores da base e lhes deu uns puxões de orelha. Quer votar esses projetos antes das eleições. A distribuição dos royalties, não. Prefere deixar para depois.

Devagar

Em fevereiro, houve apenas sete votações nominais de interesse do governo no Congresso; em março, 14 votações; e em abril, apenas4

Disciplina

Segundo levantamento da Arko Advice, o apoio ao governo na Câmara caiu de 52,31% para 42,41%. Até o PCdoB, cuja disciplina nas votações era maior que a do PT, anda deixando de lado o centralismo democrático. No mês passado, a adesão da legenda foi de 68,59%. Neste mês ficou em 66,66%. O PT melhorou: passou de 63,73% para 68,98%.

Aeroporto

A propósito de nota publicada em 30/04, o Tribunal de Contas da União (TCU) informa que não paralisou as obras de reforma e ampliação do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Determinou apenas a retenção cautelar de parcelas que somassem o montante do sobrepreço constatado pela auditoria do órgão no contrato do consórcio formado para executar as obras, no valor de R$ 73,5 milhões, o que não foi acatado pelo consórcio. Em consequência, a Infraero informou ao TCU a decisão de rescindir o contrato. Por divergências entre as partes, a rescisão está sendo discutida na Justiça Federal.

Baianada

O líder do PSDB na Câmara, o baiano João Almeida (foto), quer atrapalhar o projeto do governo de criar, em 15 dias, a Universidade Federal de Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), pensada para promover o intercâmbio cultural e social com o continente africano. O projeto prevê a sede da instituição em Redenção, no Ceará, cidade que teria inaugurado a rota do abjeto tráfico de escravos. O tucano quer a sede na Bahia.

Gasômetro

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, quer transferir para a área do antigo Gasômetro do Rio — que pertence à Companhia Estadual do Gás — parte das instalações das Olimpíadas de 2016. O antigo complexo, inaugurado em 1911 e capaz de produzir 180 metros cúbicos de gás por dia, hoje está desativado. Porém, segundo o ex-prefeito Cesar Maia, contaminou o solo e o subsolo da área com arsênico, cianeto e um óleo mineral de origem desconhecida.

Salto

O baixo clero reclama que a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, anda esnobando os nanicos. Presidentes de legendas como PMN, PHS e até o PRB do vice-presidente José Alencar telefonam e não conseguem audiência com a candidata.

Tuiteiro

Aficionado pelo microblog, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) brincou com o colega Álvaro Dias (PSDB-PR), ao flagrá-lo no plenário na tela do laptop. Segundo o site twitterank.com, que monitora os acessos, o pedetista ocupa a 62ª posição entre os cem maiores tuiteiros do Brasil. Dos políticos que mais usam a rede social, é o primeiro, com mais de 500 mil seguidores.
Arraes/ Começa hoje a exposição Arraestaqui, que reúne charges e caricaturas do ex-governador Miguel Arraes publicadas na imprensa pernambucana pelo jornalista Laílson de Holanda Cavalcanti entre 1979 e 2002. A exposição contará ainda com objetos pessoais do político e acontecerá simultaneamente no corredor de acesso ao plenário e no hall da taquigrafia.

Ética/ O ministro Ives Gandra Martins Filho autografa na quinta-feira, às 18h, no Centro Cultural do Tribunal Superior do Trabalho, o livro Ética e ficção: de Aristóletes a Tolkien, de sua autoria, editado pela Campus-Elsevier.

Mistério/ Dois motoqueiros compraram todos os exemplares do Correio Braziliense nas bancas de Taguatinga e de Ceilândia, cidades do Distrito Federal. Novo lance da disputa entre políticos pelo controle do GDF.

Publicado na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense