quinta-feira, 22 de abril de 2010

Onde foi que Ciro errou?

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A cúpula do PSB já entoa o réquiem da candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, mas pisa em ovos para evitar um rompimento explosivo, daqueles que o ex-ministro da Integração Nacional sabe fazer muito bem. Que o digam os desafetos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Roberto Freire (PPS).

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Na terça-feira, em Brasília, o presidente do PSB, o governador pernambucano Eduardo Campos, era o mais cauteloso quanto à desistência de Ciro. “Essas coisas não são assim, é cedo ainda para decidir”, argumentava, ao negar a intenção da Executiva da legenda de fulminar a candidatura de Ciro na terça-feira.

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Ciro tem reiterado que não pretende jogar a toalha, mas admite que sua candidatura pertence à cúpula do PSB. Campos quer evitar o desgaste de lhe tomar a legenda, espera que o presidente Lula convença Ciro a desistir. Mas onde foi que Ciro errou? Foi lá atrás, em 1998 e em 2002, quando ousou desafiar nas urnas a liderança de Lula como candidato do PPS? Ou em 2005, ao ingressar no PSB com a benção de Miguel Arraes?

Gongo

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e a senadora Marina Silva (PV-AC), com 8% das intenções de voto cada um, estão empatados na pesquisa do Ibope encomendada pelo jornal Diário do Comércio. A maior rejeição apontada pela pesquisa é de Ciro, com 48%. O levantamento, feito entre 13 e 18 de abril, mostra o tucano José Serra com 36% das intenções de voto, sete à frente da petista Dilma Rousseff, que seria a escolhida por 29% do eleitorado. No último levantamento, a diferença era de cinco pontos. Na simulação do segundo turno, Serra lidera com 46% e Dilma tem 37%.

Alvo

O grupo de trabalho criado na Câmara para discutir o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos está prestes a concluir seu relatório. Mas a própria bancada do PT sabe que o texto sofrerá bombardeio de todos os lados, principalmente do PSDB e do DEM. “O projeto deve receber muitas emendas, sobretudo por causa dos pontos que nós, dos direitos humanos, não abrimos mão, como a criação da Comissão da Verdade e a mediação dos conflitos agrários”, adianta o deputado Pedro Wilson (PT-GO).

Top secret

Enquanto líderes da base aliada discutiam em um jantar o apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff, caciques do PT e do PMDB se reuniam na surdina no discreto Hotel Imperial, em Brasília. Até os carros oficiais foram dispensados, para não dar bandeira. A conspiração é para remover da vice de Dilma o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB-SP, e pôr no seu lugar Hélio Costa (PMDB-MG).

Consolação

O PMDB e o PSB no Ceará se articulam para convencer o PT a abrir mão da vaga ao Senado. O objetivo é dar espaço à reeleição do senador tucano Tasso Jereissati (foto), como forma de apaziguar os ânimos do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), prestes a ver sua pré-candidatura à Presidência naufragar.

Mobilização

A bancada de Alagoas, liderada pelo senador Renan Calheiros, do PMDB, desembarcou no Ministério do Meio Ambiente para reclamar do embargo do Ibama ao Eisa, o estaleiro a ser construído em uma área de mangue no pontal do Cururipe. Os parlamentares ficaram irritados com o parecer do órgão ambiental, que alega, entre outros problemas, que o empreendimento atrairá uma multidão, provocando a favelização da região.

Gigante

O estaleiro Eisa Alagoas é um investimento de R$ 1,5 bilhão. Estima-se que gerará cerca de 4,5 mil empregos diretos, e os indiretos podem chegar a 9 mil

Salvamento

O presidente Lula entrou em campo para salvar o consórcio liderado pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, que arrematou a concessão da hidrelétrica de Belo Monte (PA), em um negócio de R$ 19 bilhões. O grupo vencedor ameaça se desfazer com a saída da Queiroz Galvão.

Perseguição - A teoria da conspiração lançada pela campanha da petista Dilma Rousseff virou motivo de piada até entre os próprios petistas. “É incrível o PT achar que a Globo fez 45 anos só para atrapalhar a Dilma”, divertia-se o deputado Paulo Delgado (PT-MG).

Fora do tubo - Os petistas de Minas não engolem a pressão da direção do PT para que o diretório regional abra mão da candidatura própria em favor do peemedebista Hélio Costa. Há um conflito de objetivos. Por causa de uma campanha nacional, prefere-se sacrificar a campanha regional. O problema é que tanto o ex-ministro do Desenvolvimento Social Patrus Ananias quanto o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel avaliam que podem ganhar a eleição se vencerem as prévias do PT.

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