Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br
Como nunca antes, choveu a cântaros no Rio de Janeiro nas últimas 48 horas. A reação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foi tardia, perplexa e acaciana: ninguém deve sair de casa, disse nas primeiras horas de ontem, quando muitos já estavam na rua. Voltaram para casa aqueles que estavam na rua e não conseguiram transporte. Muitos permaneceram no local de trabalho na segunda à noite, sem poder voltar para casa.
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O governador Sérgio Cabral não fez muito diferente: ao ser entrevistado por uma emissora de TV, ao ver moradores do Morro da Mangueira — uma das favelas mais antigas do Rio — na beira de um barranco que havia desabado, deu uma bronca coletiva nos incautos, ao vivo e em cores. Mas não havia ninguém da Defesa Civil para interditar a área.
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Cabral chamou de irresponsáveis os moradores do local do deslizamento, que ocupam edificações de três a quatro andares construídas em área de risco cuja ocupação está sendo consolidada pelo Minha Casa, Minha Vida. Há 10 mil cariocas morando em áreas de risco, por onde deveria começar o programa.
Foi pior
No entorno da Baía de Guanabara – em Niterói, São Gonçalo, Magé, Duque de Caxias, São João de Meriti e Belford Roxo —, o desastre também foi grande, como de resto em todo litoral fluminense e na região serrana. Mais uma vez faltou um plano de contingenciamento da Defesa Civil, repetindo a tragédia de Angra dos Reis. O que se viu no Maracanã e na Lagoa é pouco perto do que aconteceu em outras áreas.
Bagunça
Não existe um plano de contingência para o caso de fechamento do Aeroporto Santos Dumont, apesar de serem frequentes. Os passageiros dos voos transferidos para o Galeão na noite de terça-feira ficaram insulados. Na madrugada da chuva, quase não havia policiais e bombeiros na Linha Vermelha.
Descaso
Uma velha senhora que embarcaria para Miami às 17h de segunda, num voo da American Airlines que foi cancelado, vagava num táxi que fazia “lotação” às três da manhã de terça sem conseguir chegar ao Jardim Botânico. A Gol também deu um show de incompetência e desrespeito com seus passageiros: oferecia um vale de R$ 39 para cada grupo de três passageiros pagar o táxi até o Santos Dumont e tchau!
Se chover?
O presidente Lula não se deu por achado com a catástrofe. Ao contrário do que andou falando sobre São Paulo, minimizou o despreparo do Rio e culpou o volume pluviométrico inédito pela tragédia. Permaneceu ao lado de Sérgio Cabral o tempo todo, apesar de ter cancelado parte da agenda por causa da chuva. Lula disse que o Rio está preparado para a Copa e as Olimpíadas. O saldo de mortos prova exatamente o contrário.
Natural
Na indicação para a vaga de ministro titular do Tribunal Superior Eleitoral, a tendência é a recondução do ministro Marcelo Ribeiro para novo mandato de dois anos. Essa tem sido a praxe (dois mandatos de dois anos).
Implosão
A aliança do PT com o PSB no Ceará está em colapso. O governador Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição com o apoio dos petistas, e o irmão, o deputado Ciro Gomes (PSB), articulam nos bastidores o apoio à candidatura do tucano Tasso Jereissati ao Senado. O PT defende para o Senado a chapa formada pelo petista José Pimentel (PT) e o peemedebista Eunício Oliveira (PMDB).
Martelo
O PDT fechou o acordo com o PT. Cristovam Buarque será candidato ao Senado na chapa do petista Agnelo Queiroz, mas a dobradinha com o deputado Geraldo Magela na segunda vaga de senador está descartada. A cúpula pedetista prefere o nome do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB). O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente do PDT, conduziu o acordo a pedido do presidente Lula.
Hamlet / O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), vive um dilema em relação ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Apesar de confidenciar a pessoas próximas que está convencido de que o cearense deve desistir de sua candidatura à Presidência da República, Campos não quer puxar o tapete de Ciro. E teme que a pré-candidatura acabe se sedimentando com o passar do tempo.
Prevenido / Quem tirou de letra os transtornos com a chuva foi o ex-governador Anthony Garotinho, que voltou de Brasília, depois da reunião do PR, num avião de carreira desviado para o Galeão, em companhia da vereadora Clarisse Matheus, sua filha. A equipe de campanha estava a postos para resgatá-lo. Sorridente no avião, deixou o aeroporto sem alarde.
Agnelo tá provando mais uma vez que é a pessoa certa pra unir a esquerda em Brasília e acabar de vez com Roriz! Bendita a hora em que os petistas elegeram Agnelo como pré-candidato
ResponderExcluirTenho certeza que não foi essa a intenção. Cabral está nervoso, aliás, todos nós estamos nervosos com esses acontecimentos.
ResponderExcluirA cidade é grande, e por demais difícil de se transitar. Isso em momentos de lucidez relativa, com chuvas razoáveis ou sol que não seja grelha de churrasco.
ResponderExcluirAinda assim, causa-me espécie notar que nada pode ser feito para melhorar pavimentações, ou condições de escoamento, ou ainda que a Parques e Jardins passe às vezes, examinando e podando a vegetação urbana.
Não ampliamos ciclovias, não restauramos as já existentes, e nem sequer damos coerência ao aceso de deficientes físicos das vias públicas. Entendo, ontem de nada adiantaria tais medidas.
Assim como não adiantaria nada, se fôssemos explorar o potencial de turismo e hotelaria da cidade abrindo cursos de excelência em áreas críticas, mas ao menos, faço-me crer, essas medidas à toa mudassem a postura geral do carioca em relação à sua cidade submersa.
Talvez nos dessem a noção de que essa imensa chuva fosse apenas um caso isolado, e não uma gorda cereja em um bolo pronto.