sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Palanques estratégicos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), está convencido de que somente tem a ganhar empurrando com a barriga o debate pré-eleitoral. Ninguém vai tirá-lo do sério, nem mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que volta e meia solta farpas em sua direção. O tucano evita o confronto aberto. Não quer o carimbo de anti-Lula no meio da testa, como gostaria a candidata petista Dilma Rousseff. Ademais, Serra tem problemas em São Paulo, onde enfrenta desgastes causados pelas sucessivas enchentes, principalmente na capital, onde a aprovação do prefeito Gilberto Kassab (DEM) desabou.

A grande crítica dos aliados a Serra é a falta de iniciativa na articulação de palanques regionais, face a ofensiva do presidente Lula para consolidar alianças em torno da candidatura de Dilma. Esse é o ponto fraco da estratégia de Serra, mas não é culpa exclusiva do candidato tucano. O PSDB não é um partido robusto. O DEM está muito enfraquecido, ainda mais depois do escândalo do Distrito Federal, e o PPS sempre foi um pequeno partido. Num cenário como esse, o decisivo é garantir uma maioria esmagadora de votos em São Paulo desde a largada da campanha. E não perder a eleição em Minas Gerais. Fora daí, é possível neutralizar eventuais derrotas locais, mesmo no Nordeste.

Alianças

Fora do eixo São Paulo, Minas e Goiás, a alternativa de Serra é construir palanques estratégicos com um sistema de alianças muito heterodoxo. Dissidentes do PMDB, como o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, no Rio Grande do Sul, e o ex-governador Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco, são aliados fundamentais. A amizade colorida com Fernando Gabeira (foto), no Rio de Janeiro, que apoia Marina Silva (PV), do seu partido, no primeiro turno, passou a ser vital. E o que sobrar das disputas entre PT e PMDB em Minas, Bahia, Ceará e Pará será lucro.


Fraqueza

O PSDB é forte em São Paulo (29,5 milhões de eleitores) e Minas (14,1 milhões), está bem posicionado em Goiás (3,9 milhões), mas entrou em parafuso no Rio Grande do Sul (7,9 milhões), está dividido no Paraná (7,3 milhões) e na Paraíba (2,6 milhões), é residual no Rio de Janeiro (11,3 milhões), na Bahia (9,2 milhões), no Ceará (5,7 milhões), em Pernambuco (4,6 milhões) e no Pará (4,6 milhões). O total de eleitores no Brasil é de 132 milhões

Recado

Chateado com o PT por causa da sucessão do governador tucano Aécio Neves (PSDB) em Minas, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (foto), não foi à reunião ministerial de ontem. Manteve suas férias no exterior. O peemedebista é candidato a governador e não abre.

Peroba//

A estratégia de defesa dos deputados suspeitos de receberem propina para apoiar o governo do Distrito Federal será a tese de que “apenas” não declararam o dinheiro recebido em campanha. Como crime eleitoral, o mesmo estaria prescrito 15 dias após a data de aprovação e publicação das contas das eleições de 2006 no Diário Oficial.

Cadê?

A UNE e a Ubes, que hoje são entidades financiadas pelo governo Lula, estão perdendo o bonde da História. Na faixa etária dos 16 aos 20 anos, a taxa de desemprego passou de 7%, em 1987, para mais de 20%, em 2007. Na faixa dos 21 aos 29 anos, o desemprego mais que dobrou, passando de 5% para 11% no mesmo período. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados (Ipea). Não é à toa que o alcoolismo, o tráfico de drogas e a violência explodiram entre os jovens nessa década perdida.

Reincidente

O Ministério Público Eleitoral em Sergipe entrou com representação contra o governador Marcelo Déda por propaganda eleitoral antecipada. O governador espalhou outdoors desejando aos sergipanos um feliz 2010. Déda responde a processo por crime eleitoral nas eleições de 2006. Mais espertos foram os políticos fluminenses que expressaram seus votos em faixas tremulando na cauda de aviões nas praias cariocas, lotadas de banhistas, nos primeiros dias do ano.

Orçamento/ O Tribunal de Contas da União (TCU) desmentiu a Petrobras e negou ontem, em comunicado, que esteja participando de grupo de trabalho para discutir fiscalizações em projetos da estatal. A criação do grupo de trabalho foi divulgada no site da Petrobras, que corre o risco de ter verbas cortadas no Orçamento de 2010 para quatro obras que podem entrar na lista negra do Congresso.

Reservas/ Irritado com a decisão dos aliados do governador José Roberto Arruda de enterrar a CPI da Codeplan, evitando assim o depoimento de Durval Barbosa, marcado para a próxima terça-feira, o presidente em exercício da Câmara Legislativa do DF, o petista Cabo Patrício, promete indicar novos membros para a CPI. “Eles estão brincando com coisa séria”, ameaçou.

Agenda/ O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), mobiliza os líderes da indústria nacional para debater a agenda legislativa da entidade. São quase 120 projetos em tramitação no Congresso, dos quais 10 serão escolhidos como prioritários. A reunião será nos dias 3 e 4 de fevereiro.

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