sábado, 23 de janeiro de 2010

Ameaça vira ponto fraco

Por Luiz Carlos Azedo
com Norma moura
luizazedo.df@dabr.com.br


No jargão tucano, ameaças são variáveis fora de controle e não pontos fracos. O problema é quando uma coisa vira outra. É o caso das chuvas em São Paulo. Para o governador José Serra, candidato a presidente da República do PSDB, as fortes chuvas que castigam os paulistas desde o fim do ano passado foram uma fatalidade climática, que poderia ser administrada com a identificação dos culpados de sempre — os prefeitos que não cuidam direito de suas cidades — e providências enérgicas, de corpo presente, para socorrer a população atingida por enchentes e desmoronamentos.

O problema é que essa estratégia é um tiro no peito do prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado incondicional de Serra, afogado num desastre pluvial de proporções que há muito não se via. Não é só por causa do Tietê, que voltou a transbordar com frequência, provavelmente devido às obras de ampliação das vias marginais. São bairros inteiros que estão debaixo d’água. No centro da capital, o Anhangabau voltou a encher; os túneis Ayrton Senna e Tribunal de Justiça, no Ibirapuera, também.

Piscinões

Os cortes em despesas de custeio, como limpeza de galerias, varrição de ruas e construção de piscinões (grandes depósitos de águas subterrâneas) agravaram os problemas com as chuvas em São Paulo. Gilberto Kassab confiou mais em São Pedro do que nas previsões dos meteorologistas. Ontem, demorou a providenciar a mobilização de equipes da Defesa Civil e da Engenharia de Trânsito para administrar o caos causado pelas chuvas. Gosta mais do gabinete do que de rua e virou uma dor de cabeça a mais para Serra.

Errático

Apesar das enchentes, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) nada de braçada nas eleições para o Palácio dos Bandeirantes. Foi adversário de Kassab, que o derrotou nas eleições da capital, e seu único adversário, até agora, é o presidente de Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, candidato do PSB e estreante na política. Oito meses antes das eleições, o poderoso PT paulista simplesmente não sabe o que fazer. Espera o presidente Lula convencer o deputado Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, a desistir da sucessão e a assumir o lugar do empresário paulista.

Promessa

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um crescimento do PIB de 5,2% em 2010, abaixo dos 5,8% projetados pelo Banco Central. O governo se esforça para gerar expectativas positivas, com um olho na expansão do mercado interno (7,3%) e outro no saldo negativo das contas externas, o pior desde 1947: deficit de US$ 5,94 bilhões

Quente

Ao som de Ivete Sangalo, o governador petista Jaques Wagner (foto) e a primeira-dama Fátima, quinta à noite, no Festival de Verão de Salvador, no Parque de Exposições, tricotavam com o ex-governador Paulo Souto e os deputados ACM Neto e José Carlos Aleluia. Arderam as orelhas do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), desafeto do petista.

Caixa-preta

Na embaixada da França, em Brasília, causou espanto o preço atribuído aos caças Rafale. “São valores inventados. Falam em 10 bilhões de reais, depois de dólares. Agora, o preço já caiu pela metade, algo em torno de R$ 5 bi”, diz uma fonte da embaixada. O valor básico de cada aeronave será o mesmo pago pelo governo francês, segundo o presidente Nicolas Sarkozy prometeu ao presidente Lula. Porém, é um segredo de Estado.

Enredo

O bloco carnavalesco Nós que nos amamos tanto, da Asa Sul de Brasília, escolhe hoje o seu samba de 2010, em democrática votação, a partir das 15h, na esquina (?) da 302. O enredo não poderia ser outro: Dos traços do arquiteto ao panetone: apogeu e glória em meio século de alegria candanga.

Atrapalhado/ A dissolução do diretório do DEM no Distrito Federal, ameaça feita pelo líder do partido na Câmara, deputado federal Ronaldo Caiado (GO), segundo o vice-governador Paulo Octávio, não passa de bravata. Caiado estaria irritado porque Paulo Octávio anunciou que estava fora da disputa e depois voltou atrás.

Clientelismo/ A Receita Federal proibiu a distribuição de mercadorias apreendidas a órgãos da administração pública. A proibição abrange o período de 3 de julho a 31 de outubro e tem alvo certo: impedir que os governadores e prefeitos façam uso eleitoreiro do material apreendido, distribuindo-o gratuitamente à população.

Campanha/ A caravana comemorativa dos 30 anos do PT neste fim de semana, no Piauí, estado comandado pelo petista Wellington Dias, será seguida de perto não só por militantes. A Comissão de Propaganda Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do estado deu ordem aos promotores eleitorais para colher provas de propaganda antecipada. O mesmo vale para o evento do PSB marcado para hoje.

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