sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A coalizão de Dilma

Por Luiz Carlos Azedo
Com Guilherme Queiroz

luizazedo.df@diariosassociados.com.br

Impressionante a facilidade com que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), reagindo à queda nas pesquisas, consolidou sua candidatura nos partidos da base governista, num esforço para isolar Ciro gomes (PSB) e Marina Silva (PV). Em menos de 10 dias, avançaram os entendimentos com a cúpula do PMDB para fechar a coligação com a legenda, cedendo-lhe a vice. E, ao contrário do que esperavam os concorrentes, a ministra atraiu para o seu bloco de apoio o PDT e o PCdoB, que gravitavam em torno de Ciro, e o PR e o PRB, que estavam equidistantes. Ficou de fora o PTB, de Roberto Jefferson, que não quer mesmo conversa com o PT e está fora do governo desde a saída do ex-ministro José Múcio Monteiro.

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Para o Palácio do Planalto, essas articulações políticas são mais importantes do que as últimas pesquisas de opinião. Revelam que Dilma tem boa interlocução com os partidos da base, ao contrário do que supunham alguns aliados, e que o velho hegemonismo petista, ainda forte nos estados, não predominou nas articulações nacionais. Com isso, o governo de coalizão partidária montado pelo presidente Lula no segundo mandato de fato ganha projeção eleitoral.

Vento

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, de SP, avalia que o governo conseguiu estabilizar sua base parlamentar na Câmara e não terá dificuldades para aprovar o novo marco regulatório de exploração do petróleo da camada pré-sal. “A oposição perdeu a capacidade de iniciativa e não sabe o que quer”, dispara.

Depende

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, do PT, esclarece que defende a reeleição do governador Cid Gomes (PSB) desde que haja a garantia de que o PSB vai ajudar a constituir um palanque para Dilma Rousseff (PT) no Ceará. Se o governador cearense apoiar a candidatura de Ciro Gomes a presidente da República, o PT será obrigado a ter uma candidatura própria. Luizianne, porém, pretende permanecer na prefeitura até 2012.

Euforia

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, acredita que o Brasil entrará em 2010 bombando: “Nós vamos crescer mais de 10% no último trimestre deste ano quando comparado ao último trimestre do ano passado, que foi exatamente o auge da crise”. Diante dessa performance, espera um crescimento de 4,5% a 5% no próximo ano. Mercadante também comemora o superávit de US$ 20 bilhões e as reservas cambiais de US$ 230 bilhões

Estatização

O PSDB resolveu marcar posição contra o regime de partilha para exploração do petróleo da camada pré-sal. O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (foto), do ES, criticou duramente a proposta do governo de dar à Petrobras a condição de operadora exclusiva na exploração de todos os blocos do pré-sal. “O projeto é inconstitucional e inconsistente. O governo deveria discutir se o melhor para os brasileiros é a estatização total da nova camada ou o ambiente de concorrência vigente no país há 12 anos, com a Lei do Petróleo”, sustenta.

Partilha

Ainda não está definido como será fixado o percentual mínimo do excedente de petróleo do pré-sal que caberá à União. O relator da comissão especial, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deve matar a charada na próxima semana. Setores da oposição defendem um regime misto de concessão e partilha do pré-sal, mantendo os princípios da Lei do Petróleo.

Aliança/
Avançam os entendimentos entre o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o senador Osmar Dias (PDT), candidato ao governo do estado. Se a aliança prosperar, com o patrocínio do presidente Luiz Inácio lula da Silva, Dilma terá um palanque robusto no estado. Enquanto isso, o prefeito beto Richa (PSDB) e o senador Álvaro Dias (PSDB) não se entendem.

Escudeiro/
Entre os acompanhantes de Dilma Rousseff em seus jantares recentes com partidos da base governista, um petista foi presença constante: o novo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Os encontros serviram para apresentá-lo aos parlamentares de PMDB, PDT e PR. Semana que vem será a vez do PP.

Fica/ A licença de Marcos Lima da subchefia de Assuntos Parlamentares da Presidência causa receio entre deputados da base aliada descontentes com o arrocho no pagamento das emendas parlamentares. Tão logo se espalhou a notícia, a liderança do governo no Congresso começou a receber ligações de deputados pedindo a permanência de Lima.

Caças/ O assunto FX-2 veio à tona no telefonema, desta semana, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para parabenizar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pelo Prêmio Nobel da Paz. O F-18 Super Hornet, concorrente americano no programa de compra de caças de Aeronáutica, estava com a cotação em baixa no meio militar. A propósito, enquanto os suecos da Saab regozijavam a admissão dos franceses da Dassault de que seus Rafale têm componentes escandinavos, americanos da Boeing propagavam, durante audiência na Câmara dos Deputados, o fato de as turbinas de ambos os concorrentes serem total ou parcialmente made in USA.

Hoje, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense

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