quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ciro sofre ataque especulativo do PT

Partido de Lula ameaça governadores do PSB com rompimento de alianças regionais e endurece jogo para que legendas aliadas não fechem com socialista

Luiz Carlos Azedo

Desde que ultrapassou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nas pesquisas de opinião, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) sofre um ataque especulativo dos petistas para desistir da candidatura a presidente da República. Além de pressionar os governadores da legenda — Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE), candidatos à reeleição, e Vilma Maia (RN) — com a ameaça de romper as alianças regionais, o PT força a barra com os partidos aliados para não aderirem à candidatura do socialista.

Na única conversa da cúpula do PSB com Luiz Inácio Lula da Silva sobre a sucessão de 2010, Ciro reiterou que pretende disputar a Presidência. Lula enfatizou que prefere uma eleição plebiscitária, com uma candidatura única da base contra a oposição, mas disse que não pretende pedir a retirada da candidatura de Ciro, porque foi candidato quatro vezes e entende a posição de seu ex-ministro.

Segundo o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), Ciro não pretende ser candidato a governador. “Ele transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo com o objetivo de manter o diálogo com o PT.” Essa mudança, porém, manteve as esperanças do Planalto de deslocar a candidatura de Ciro para o governo paulista e levou à intensificação das pressões do PT sobre o PSB. O ex-ministro José Dirceu, uma espécie de eminência parda nos bastidores da sucessão de 2010, tentou convencer o governador Cid Gomes a patrocinar a retirada da candidatura de Ciro e ouviu um sonoro não: “Só trato das eleições a partir de março do ano que vem”, disse-lhe o irmão de Ciro.

A resposta do PT veio a galope, numa entrevista da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, à imprensa local. Ela ameaçou se lançar candidata contra a reeleição de Cid Gomes se Ciro não retirar a candidatura. O recado serve também para Eduardo Campos, que precisa do apoio do PT para enfrentar a candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). O ex-prefeito do Recife João Paulo, que integra o secretariado de Campos, é uma carta na manga do PT para forçar Campos a operar a remoção de Ciro.

Confusão
O problema é que o PT está à beira de um ataque de nervos por causa do crescimento de Ciro, sem contar com a confusão na seção paulista da legenda. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), por exemplo, lidera a mobilização contra a candidatura de Ciro em São Paulo, em franca oposição à tese de Lula. “Essa discussão somente serviu para alavancar a candidatura a Ciro, prejudicando Dilma, não resolve nosso problema em São Paulo”, critica o deputado Carlos Zaratinni (PT-SP), aliado de Marta Suplicy.

Enquanto Ciro não se decide, não faltam candidatos petistas sem o respaldo de Lula. O mais carismático é o senador Eduardo Suplicy. Mas também são pré-candidatos o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. O ministro da Educação, Fernando Haddad, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia, aparentemente, desistiram da candidatura. Lula, porém, avalia que nenhum deles resolve o problema eleitoral de Dilma em São Paulo. A solução é Ciro Gomes disputar o Palácio dos Bandeirantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário