terça-feira, 13 de outubro de 2009
As duas hipóteses
Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@diariosassociados.com.br
Direto do purgatório, onde aguarda um veredito sobre suas estrepolias em vida, o Barão de Itararé (1895-1971) resolveu aplicar à sucessão do presidente Lula a sua velha teoria das duas hipóteses, segundo a qual, em qualquer situação desfavorável, sempre poderia haver uma situação pior ainda. As conjecturas psicografadas do gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhofer Torelly (este era seu verdadeiro nome), criador do jornal humorístico A Manha, são as seguintes:
A ministra Dilma Rousseff (PT) tenta por todos os meios recuperar a posição de candidata mais competitiva do governo, frente ao favoritismo do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Foi ultrapassada pelo ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB), que se tornou o principal adversário do tucano. Há duas possibilidades: a petista conseguir seu objetivo e Ciro desistir da disputa, concorrendo ao governo paulista; ou Ciro não desistir, estando em segundo ou terceiro lugar, não importa.
A fricção
Na primeira hipótese, haveria uma eleição plebiscitária, Serra versus Dilma, polarizada pelo discurso governista da “continuidade” contra “o retrocesso” à era FHC, que é tudo o que Lula quer. Porém, todo plano tem fricção, nunca acontece como foi concebido. Vamos supor, segundo o Barão, que a estratégia seja tão bem-sucedida, graças à economia bombando em 2010, que Serra desista e resolva concorrer à reeleição. O candidato da oposição seria o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), com o discurso do “avanço pós-Lula”. É tudo o que Lula não quer, pois acredita piamente que Serra é seu freguês de carteirinha.
A dúvida
Por enquanto, a segunda hipótese do Barão, entretanto, sobrevive: Ciro continuaria na disputa, com sua tese de que seria melhor ter duas candidaturas da base do que uma para garantir o segundo turno (com ele contra Serra, é claro). Qual seria a postura de Lula se Dilma não emplacasse? Vencer com Ciro ou assumir a posição de magistrado, deixando o pau quebrar entre o tucano e o ex-tucano? Correr o risco de perder novamente ou ficar bem com quem ganhar? Segundo o Barão, tais perguntas são novas hipóteses de sua curiosa e inesgotável teoria.
Não sabe//
Patrícia Pillar, que acaba de lançar um documentário sobre o falecido cantor romântico Waldick Soriano, toca a vida de artista sem expectativa em relação ao futuro, principalmente quanto a ser ou não ser primeira-dama. “A situação é muito confusa, prefiro não pensar nisso”, explica a mulher de Ciro Gomes.
Ofensiva
Depois de descolar o PDT e o PCdoB da candidatura de Ciro, Dilma Rousseff se reúne nesta semana com a bancada do PR, liderada pelo deputado Sandro Mabel, de GO, numa ofensiva ao centro que começou junto à bancada do PRB, partido do vice-presidente da República, José Alencar. A estratégia do Palácio do Planalto é asfixiar a candidatura de Ciro, deixando-o sem tempo de televisão.
Xeque
O governador do Ceará, Cid Gomes, em reunião com deputados estaduais, ameaçou não se candidatar à reeleição se o PT lançar a candidatura da prefeita de Fortaleza, Luiziane Lins, em retaliação ao seu apoio à candidatura do irmão, Ciro Gomes. O gesto foi interpretado como uma ameaça de apoio ao tucano Tasso Jereissati (foto), aliado histórico dos Gomes, que pode ser candidato ao governo do estado.
Não chega
A Receita Federal do Brasil intensificou o combate ao comércio irregular de mercadorias estrangeiras, principalmente produtos eletrônicos, encaminhadas por intermédio de encomendas domésticas pelos Correios. O valor das apreensões chega a R$ 784.857,50
Balanço/ O estado-maior do PSB se reúne hoje em Brasília. O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, os deputados Márcio França (SP) e Rodrigo Rollemberg (DF), e o senador Renato Casagrande (ES) farão um balanço da ofensiva de Dilma para isolar a candidatura de Ciro Gomes (PSB) na base aliada. Segundo Rollemberg, é preciso ter cabeça fria e não aceitar provocações dos setores petistas que querem provocar um rompimento com Ciro por interesses regionais.
Ciranda/ O Ministério da Fazenda estuda medida mais inteligente do que a cobrança de imposto de renda sobre as cadernetas de poupança com mais de R$ 50 mil para evitar a evasão das aplicações dos fundos de investimento. A ideia é aumentar a remuneração paga aos investidores, que hoje é menor do que a da caderneta por causa da queda da taxa de juros Selic. Medida antipática, a cobrança do imposto de renda sobre as cadernetas virou bandeira de oposição nas mãos do presidente do PPS, Roberto Freire.
Guru/A convite do secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Guimarães, o assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia fará uma palestra hoje no Ministério das Relações Exteriores para integrantes da alta burocracia federal. Profundo conhecedor da esquerda latino-americana, Garcia explicará a política do presidente Lula para o Continente. Destaques para a relação com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e a situação de Honduras.
Aeroportos/ Presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira prepara um novo modelo de concessão para os aeroportos. Faz segredo da lista dos que serão privatizados. “A decisão de qual aeroporto receberá o benefício e quantos não é decisão da agência e, sim, do governo federal”, garante. Deve entregar o documento ao Ministério da Defesa e à Casa Civil até dezembro.
Com Guilherme Queiroz
Hoje, na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense
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