“Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato”,
Raul Seixas
( http://letras.mus.br/raul-seixas/70211/ )
É
um resumo objetivo, com base em levantamento feito pelo falecido dirigente
comunista Hércules Corrêa, sem considerações sobre as causas das “quedas” e o
comportamento das pessoas citadas, que foram barbaramente torturadas e, em
alguns casos, mortas. Trata detalhadamente do desmantelamento da direção do
PCB no interior do país, em meio às prisões de centenas de militantes em
diversos estados, principalmente São Paulo.
Ao contrário do que acontecera até
então, as prisões de 1975 foram feitas de cima para baixo, numa operação de “cerco e
aniquilamento” que foi denunciada pela Voz Operária de março de 1975, a última editada no país, num
editorial intitulado “Viver e Lutar”. Seu autor, o jornalista e membro do Comitê Central do PCB Orlando Bonfim Junior, é um
dos dirigentes sequestrados e assassinados.
A
direção do PCB, porém, foi reorganizada em janeiro de 1976, em Moscou, em reunião da
qual participaram Luís Carlos Prestes, Luiz Tenório de Lima, Severino Teodoro
de Melo, Zuleika D’Alambert, Agliberto Vieira de Azevedo, Hercules Corrêa dos
Reis, Salomão Malina, Orestes Timbaúba e Dinarco Reis, membros efetivos do C.C;
foram efetivados no Comitê Central os suplentes Armênio Guedes, José
Albuquerque Salles, Lindolfo Silva e Roberto Morena. Na reunião foram
promovidos a membros do C.C: Gregório Bezerra, Anita Leocádia Prestes, Marly A G Vianna. A reunião elegeu nova Comissão Executiva, composta por Luís Carlos
Prestes, Giocondo Dias (ainda no país), Salomão Malina, Armênio Guedes e José
Albuquerque Salles.
A queda das gráficas
No dia 6 de janeiro de 1975, o gráfico Raimundo
Alves de Souza, procura um advogado para dizer que
estava sendo seguido. Raimundo era o responsável pelas gráficas clandestinas do Rio e
São Paulo. A direção foi informada. Raimundo, porém,acabou preso.
No
dia 17 de janeiro de 1975, Marco Antônio Tavares Coelho foi preso no Leblon, no
Rio de Janeiro, por volta das 20h. Pretendia se encontrar com a esposa e o
filho, que fazia aniversário; graças a isso, sua prisão foi imediatamente
comunicada aos advogados pelos familiares, o que salvou sua vida.
No
dia 23, através de uma entrevista do senador Marcos Freire, a prisão foi
denunciada. No dia 30, o ministro da Justiça, Armando Falcão, fez um
pronunciamento na rede nacional de televisão, acusando o PCB de infringir as
leis de imprensa, orgânica dos partidos políticos (participação nas eleições),
de segurança nacional, e, a própria Constituição.
Foi
o colapso do trabalho do Comitê Central do PCB. Entre novembro de 1974 e junho de 1976, houve
muitas prisões nos estados: São Paulo, 316; Rio de Janeiro, 125; Paraná, 66;
Santa Catarina,42; Bahia,30; Goiás,24; Sergipe, 21; Rio Grande do Sul, 18;
Minas Gerais, 12; Brasília, 11; Pernambuco, 9.
Nesse
processo, que se estendeu até metade de 1976, todos os comitês estaduais e
municipais das capitais dos estados mencionados, bem como a maioria dos órgãos
intermediários mais importantes do Comitê Central, foram liquidados.
No
DOI-CODI de São Paulo, de novembro de 1974 a junho de 1976, foram assassinadas
as seguintes pessoas: Wladimir Herzog (jornalista), José Manoel Filho
(metalúrgico), Jean Leszek Dulemba (professor universitário) e José de Almeida
(Tenente da Policia Militar de São Paulo). No Ceará, nesse mesmo período,
assassinaram Pedro Jerônimo da Silva.
O Comitê Central
A
composição do Comitê Central eleito no VI Congresso, realizado em dezembro de
1967, era a seguinte: Efetivos: Luís Carlos Prestes (Antônio), Luiz
Maranhão Filho (Aldo), Walter Ribeiro (Beto), Ramiro Luchesi (Bento), Orestes
Timbaúba (Caio), Sebastião Vitorino da Silva (Castro), Aristeu Nogueira Campos (Caetano),
David Capistrano (Enéas), Élson Costa (Eli), Dinarco Reis (Dante), Renato
Oliveira Mota (Gonzaga), Antônio Ribeiro Granja (Heitor), Armando Ziller (Ivo),
Ivan Ribeiro (Ivan), Orlando Bonfim Júnior (Jorge), Marco Antônio Tavares
Coelho (Jaques), Salomão Malina (Joaquim), João Massena Mello (Jacinto), Jaime
Miranda de Amorim (João), Luiz Tenório de Lima (Justino), Hercules Corrêa dos
Reis (Macedo), Geraldo Rodrigues dos Santos (Marcelo), Francisco Gomes Filho (Magno),
Moisés Vinhas (Meireles), Zuleika D’Alambert (Marta), Giocondo Dias (Neves), Osvaldo
Pacheco da Silva (Patrício), Agliberto Vieira de Azevedo (Sá), Fernando Pereira
Cristino (Tales), Severino Teodoro de Melo (Vinícius) e Antônio Chamorro (Xá).
Foram
eleitos suplentes: Paulino Vieira (André), Hiram Pereira Lima (Arthur), Paulo
de Santana Machado (Bahia), Renato Cupertino Guimarães (Bonjardim), Dimas
Perrim (Diogo), Amaro Valentim do Nascimento (Edson), Fragmon
Carlos Borges (Fraga), Armênio Guedes (Genaro), Venceslau de Oliveira Moraes (Heitor),
Fued Saad (Hélio), Isnar Teixeira (Isnar), Júlio Teixeira (Júlio), Jarbas de
Holanda Cavalcante (Jarbas), Adalberto Timóteo da Silva (Joel), Almir Neves (Lourenço),
Humberto Lucena Lopes (Lúcio), Roberto Morena (Murilo) Artur Mendes (Mendes), Mário
Schenberg (Mário), Moacir Longo (Neto), Sérgio Holmos, Octacílio Gomes, Itaí
José Veloso (Pedro), José Albuquerque Salles (Marcos), Givaldo Pereira de
Siqueira (Rocha), Teodoro Chercov (Rildo), Carlos Avelino, Oto Santos, Rui Barata,
Vulpiano Cavalcanti, Nestor Veras (Wilson) e José Leite Filho (Zé Costa).
Dos
membros efetivos do C.C, foram presos entre março de 1974 e junho de 1976: Enéas,
Aldo, Beto, Jacinto, Jaques, João, Patrício, Caetano, Tales, Eli, Jorge,
Gonzaga, Magno e Castro. Total: 14.
Faleceram,
Bento e Ivan. Renunciou, Xá. Restaram para o funcionamento da direção, 14. No
exterior: Antônio, Neves, Joaquim, Macedo, Caio, Marta, Sá, Ivo, Justino, Dante
e Vinícius. No interior: Marcelo, Meireles e Heitor.
Dos
membros suplentes, foram presos após o VI Congresso: Mendes, Pedro, Rildo,
Isnar, André, Arthur, Júlio, Heitor, Diogo, Hélio, Bonjardim, Neto, Jarbas, Zé
Costa, Otacílio e Vieira. Total: 16.
Faleceu,
Fraga. Restaram, para o funcionamento da Direção, 14. No exterior: Murilo,
Rocha, Marcus, Genaro, Lourenço e Edgar. No interior: Joel, Edson, Mário, Baia,
Rafael, Rui, Lúcio e Wilson.
A Comissão Executiva do C.C, que
funcionou entre fevereiro de 1971 e dezembro de 1975, teve duas composições: De
fevereiro de 1971 a novembro de 1973: Antônio, Neves, João, Dante, Jorge,
Jaques e Patrício. Os suplentes, pela ordem, foram: Macedo, Beto e Caetano. De
novembro de 1973 a dezembro de 1975: Antônio, Neves, Jorge, Jaques, Macedo,
Joaquim e Patrício. Os suplentes, pela ordem, foram: Caetano, Beto e Caio.
Como Prestes estava no exterior, por
decisão do C.C, a secretaria política dentro do país era exercida por Neves. A secretaria de organização foi exercida por João e Joaquim. A
Seção de Organização foi de responsabilidade de Caetano. No Secretariado do
C.C, nesse período, funcionaram: Neves, João, Tales. Pedro e Rocha.
Foram
presos: Jaques, Patrício, Caetano e Tales. Foram sequestrados e assassinados:
Jorge, João, Beto e Pedro.
Trabalho de Organização
Na Seção de Organização - Jaime
Miranda de Amorim (sequestrado e assassinado), Aristeu Nogueira Campos (preso),
Francisco Gomes Filho (preso) e Moisés Vinhas.
Na condição de quadros auxiliares da
S.O - Isaías Trajano da Silva (preso), Nilton Cândido (preso), Severino Teodoro
de Melo.
Na montagem e guarda de “aparelhos”,
para reuniões do C.C, da C.Ex. e do Secretariado - Dinarco Reis, Jaime Miranda
de Amorim (sequestrado e assassinado), Ramiro Luchesi (faleceu), José
Albuquerque Salles, Walter Ribeiro (sequestrado e assassinado), Fernando
Pereira Cristino (preso), Givaldo Pereira de Siqueira, Aristeu Nogueira Campos
(preso).
Na condição de quadros auxiliares,
mantendo e guardando “aparelhos” - Arlindo Ferreira Guimarães, Miguel Batista
(preso), Paulo Melo Bastos (preso), Jarbas Rocha dos Santos (preso), Conceição
Aparecida Abranches dos Santos (presa), Anísio Bertuci (preso), Isaura Pires
Bertuci (presa), Hélio Isidoro Ventura (preso), Heitor Machado Vasconcelos
(preso), Laurentina Batista (presa), Milton Barbosa dos Santos (preso), José
Pereira de Souza (preso), Nelson Nahum (preso) e José Roman (sequestrado e
assassinado).
Trabalho de Fronteira
Após
o VI Congresso do PCB, realizaram, mais diretamente, o trabalho de fronteira os
seguintes quadros:
Na
qualidade de responsável diante do C.C - Dinarco Reis, Salomão Malina, Severino
Teodoro de Melo, José Albuquerque Salles, Marco Antônio Tavares Coelho (preso)
e Givaldo Pereira de Siqueira.
Na
condição de quadros auxiliares: Kalil Dib, Maria Salas, Hélio Hilário da Silva
(preso), Heziel Salas Navarro (preso), Douglas Kohn (preso), Genes Salas
Navarro (preso), Amaro Marques de Carvalho (preso) e Edino Borgaren Corrêa
(preso).
Trabalho de Finanças
Após
o VI Congresso do PCB, realizaram o trabalho de finanças do C.C os seguintes
quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Ramiro Luchesi (faleceu), Fernando
Pereira Cristino (preso) e Marco Antônio Tavares Coelho (preso).
Na
condição de quadro auxiliares - Ruth Simis (presa), Alacyr Pelegrino (preso),
Ali Aldersi Saab (preso), José Gay Cunha (preso), Rodolfo Guilherme Piano
(preso) e Dante Ancona Lopes (preso).
Trabalho de Empreendimentos
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso do PCB, os seguintes quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Ramiro Luchesi (faleceu) e Marco Antônio
Tavares Coelho (preso).
Na
condição de quadros auxiliares - Humberto Lucena Lopes, Marcos Jaimovitch,
Neuza Campos (presa), Milton Bellantani (preso), José Arimathéia Coradilho
(preso), Carlos Alberto Correia Lima (preso), Alberto Castiel (preso), José
Fernandes da Silva Neto (preso), Abelardo Andrade Caminha Barros (preso),
Adjalma Marques Guimarães (preso) e José Serber (preso).
Trabalho Juvenil
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso do PCB, os seguintes quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Zuleika D’Alambert e Hercules Corrêa
dos Reis.
Na
condição de quadros auxiliares - Anivaldo Miranda, José Montenegro de Lima (sequestrado
e assassinado), Jorge Santana Machado, Regis Fratti e Jaime Rodrigues Estrela
Júnior (preso).
Trabalho Sindical
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso do PCB, os seguintes quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Geraldo Rodrigues dos Santos, Itaí José
Veloso (sequestrado e assassinado) e Osvaldo Pacheco da Silva (preso).
Na condição de quadros auxiliares - Luiz
Tenório de Lima (preso), Antônio Chamorro, Antônio Pereira Filho (preso),
Rafael Jardim, Paulo Cshe (preso), Nestor Veras (sequestrado e assassinado) e
Roberto Martins da Silva (preso).
O responsável pelo Trabalho de
Educação foi Renato Cupertino Guimarães (preso) e o responsável pelo Trabalho
de Assessoria foi José Albuquerque Salles.
Agitação e Propaganda
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso do PCB, os seguintes quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Orlando Bonfim Júnior (sequestrado e
assassinado), Fragmon Carlos Borges (faleceu) e Elson Costa (sequestrado e
assassinado).
Na
condição de quadro auxiliares - Raimundo Alves de Souza, responsável pela
impressão das publicações (preso); Hiram Pereira de Lima, responsável pela
distribuição das publicações (sequestrado e assassinado); Gutemberg Cavalcanti,
responsável da gráfica clandestina do Estado da Guanabara, situada num sitio no
bairro Campo Grande (preso); Elias Moura Borges, responsável pela gráfica clandestina
de São Paulo, situada à Rua Gonçalves Figueira, 80, no bairro Casa Verde Alta
(preso); José Leite Filho, responsável pela gráfica clandestina do Nordeste,
situada em Fortaleza, Ceará (preso); José David Dib, Diretor da Gráfica ISBRA,
legal, situada á Rua Santa Rita, no bairro do Braz (preso); Derveil Antônio
Benedetti, responsável pela Gráfica, legal, Potiguara, situada á Rua Prates da
Fonseca, 217, no bairro Moinho Velho, Ipiranga, São Paulo, Capital (preso);
Aníbal Benedetti, responsável pela Gráfica, legal, Milha de Porto Alegre, Rio
Grande do Sul (preso); Darcy Aquino Ribeiro, proprietário da Gráfica Gueth, de
Brasília (preso); Geraldo Campos, responsável pela gráfica clandestina de
Formoso, em Goiás (preso); Yoshio Ide, linotipista que assegurava esse trabalho
nas gráficas do Estado da Guanabara, de Brasília e Formoso (preso); Wilson Ribeiro
dos Santos, gráfico (preso); Laudo Leite Braga, gráfico (preso); Moacir Ramos
da Silva, membro da SAP, dirigia a gráfica clandestina de Fortaleza, Ceará
(preso); Evaldo Lopes Gonçalves da Silva Campos, membro da SAP (preso); e José
Benedito dos Santos, caseiro e gráfico da gráfica clandestina do Estado da
Guanabara (preso).
Trabalho Militar
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso do PCB, os seguintes quadros:
Na
condição de responsável diante do C.C - Dinarco Reis e Giocondo Dias.
Na
condição de quadros auxiliares - Renato Oliveira Mota (preso) e Almir Neves.
Foram
presos 76 militantes ligados à Polícia Militar de São Paulo, sendo 63 militares
e 13 civis. Entre os militares estavam: 1 Coronel, 1 Tenente Coronel, 1 Major,
2 Capitães, 7 Primeiros Tenentes, 8 Segundos Tenentes, 3 Subtenentes, 11
Primeiros Sargentos, 9 Segundos Sargentos, 5 Terceiros Sargentos, 7 Cabos e 8
Soldados. Dos 76 militantes, 48 foram processados e desses, foram condenados os
seguintes: Renato Oliveira Mota (3 anos e 6 meses), Carlos Machado (Coronel, 1
ano), Vicente Silvestre (Tenente Coronel, 1 ano) e Zacarias Alfredo Freire (6
meses).
Entendimentos Políticos
Realizaram
esse trabalho, a partir de 1973, os seguintes companheiros: Giocondo Dias, Luiz
Maranhão Filho (sequestrado e assassinado) e Marco Antônio Tavares Coelho
(preso).
Relações Exteriores
Realizaram
esse trabalho, após o VI Congresso, os seguintes quadros:
Na condição de responsável diante do C.C -
Luís Carlos Prestes (no interior e no exterior) e Giocondo Dias (desde 1973, no
interior).
Na
condição de quadro auxiliares - Fued Saad (preso), Aluísio Santos Filho
(preso), Maria Laura dos Santos (presa) e Adauto Freire (o “Agente Carlos”),
que está vivo e mora em Brasília.
A
propósito, na comemoração dos 70 anos da Revolução Russa, em novembro 1987, o
então secretário-geral do PCB, Salomão Malina, retirou-se em protesto de uma
recepção da embaixada soviética em Brasília. Um dos convidados era o Agente
Carlos.
Um
ResponderExcluirrelato decente
um relato decente.
ResponderExcluirContinua decente
ResponderExcluirEmociona.Bravos brasileiros e brasileiras.
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