sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Notícias da Corte


O nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para substituir Graça Foster na presidência da Petrobras será anunciado hoje. Dilma varou a noite discutindo o assunto com os ministros do seu estado-maior. Houve uma queda de braços entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, uma espécie de Ravengar da Corte (lembram-se da novela Que Rei sou eu?: http://musica.com.br/artistas/eduardo-dussek/m/que-rei-sou-eu/letra.html#video)

Mercadante defendia o nome de Murilo Ferreira (Vale); Levy, de alguém mais familiarizado com o mercado financeiro. A grande surpresa pode ser a indicação de Antonio Maciel Neto (Caoa), ex-presidente da Ford, da Suzano e da Cecrisa, que foi responsável pela negociação das dívidas do grupo Itamaraty. Ex-funcionário da Petrobras,  foi um dos criadores do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade. Caso confirmada, será uma luz no fim do túnel para a empresa.

Há outros nomes cotados: Nildemar Seches (ex-Perdigão) e Luciano Coutinho (BNDES). Foram torpedeados: Paulo Leme (Goldman Sachs), Henrique Meireles (ex-Banco Central) e Rodolfo Landin (ex-BR Distribuidora).

Quem assumir, vai entrar no olho de um furacão. A empresa não consegue fechar o seu balanço por causa das divergências com as auditorias independentes, que avaliam em R$ 88,6 bilhões os prejuízos da empresa com a má gestão e a roubalheira. O governo considera esse número exagerado, porque haveria ativos contabilizados "a menor" em torno de, pelo menos, R$ 26 bilhões.

O  ex-gerente de serviços da Petrobrás Pedro Barusco afirmou em delação premiada na Operação Lava Jato que o PT arrecadou até US$ 200 milhões em propina entre 2003 e 2013. Seu depoimento serviu de base para a 9ª fase da operação, chamada de My Way pela Polícia Federal. 

A ação teve como principal alvo uma rede de operações que, segundo as investigações, atuou na Diretoria de Serviços da estatal por intermédio do ex-diretor Renato Duque, indicado pelo PT, e do tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, levado a depor sob coerção e liberado à tarde. 

Antigo braço direito de Duque, Barusco disse que o esquema envolvia também a área de Gás e Energia e a BR Distribuidora, além da Arxo, de Santa Catarina, que lavava dinheiro. A operação Lava Jato pôs gás na CPI da Petrobras. 

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou a instalação logo após o carnaval, para apurar denúncias de irregularidades de 2005 a 2015. Um dos articuladores políticos do governo, o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), ex-governador da Bahia e responsável pela indicação do ex-presidente da empresa Sérgio Gabrielli, disse que uma CPI da Petrobras “não revelará nenhum milímetro a mais do que já se sabe.”

O presidente do PT, Rui Falcão, saiu em defesa de Vaccari e do partido, negando o recebimento de propina. E levantando suspeita de que a operação foi deflagrada na véspera da comemoração de 35 anos do partido para denegrir a legenda.

Hoje a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva vão se encontrar na festa petista, em Belo Horizonte. A relação entre ambos nunca esteve tão estremecida. Os amigos petistas de Lula já não escondem as críticas ao governo e responsabilizam Dilma pelas dificuldades na economia e na política. 

Lula autorizou a cúpula petista a lançar seu nome como alternativa da legenda em 2018. Seria uma maneira de evitar a desestabilização do governo Dilma. Também facilitaria a defesa política da legenda em razão da escândalo. Tudo não passaria de luta pelo poder. 

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