sábado, 1 de novembro de 2014

O som do violino cigano


 Ninguém sabe quem é o spalla, mas já se ouve o som do primeiro-violino da orquestra de Dilma Rousseff. Como se sabe, esse instrumento é empunhado com a mão esquerda, mas executado com a direita.

Mais ou menos como a presidente da República reeleita pretende fazer para enfrentar o maior rombo das contas públicas desde o Plano Real e segurar a inflação, para recuperar credibilidade com o mercado.
O ajuste da taxa de juros (Selic ) de quarta-feira nada mais foi do que o primeiro acorde do ajuste fiscal que está sendo preparado pelo governo, segundo os analistas econômicos.

Além de cortar gastos, o governo vai aumentar tarifas e impostos, ou seja, fazer aquilo que durante a campanha disse que a oposição pretendia colocar em prática.

A taxa de câmbio teve desvalorização de 10% depois de 3 de setembro. Em 12 meses, o novo patamar do câmbio representa 0,5 ponto percentual a mais na inflação. Por isso, a Selic subiu de 11% ao ano para 11,25% ao ano. 
O horizonte é sombrio para o câmbio porque o Federal Reserve encerrou o programa de compra de ativos e a normalização da política monetária nos EUA vai valorizar o dólar frente às demais moedas. Os preços defasados internamente, como o dos combustíveis, sofrerão grande impacto.

O BC pôs as barbas de molho. A Petrobras precisa desesperadamente dos reajustes da gasolina e do diesel. As empresas do setor elétrico estão quebradas e vão repassar os prejuízos para as contas de luz, por causa do uso intenso das termoelétricas para compensar os reservatórios vazios nas hidrelétricas.

Ao som do violino, vem aí nova reforma da previdência, novas regras de acesso ao abono salarial, ao seguro-desemprego e às pensões por morte; mais privatizações e arrocho no funcionalismo público, com um teto para o aumento da folha de salários da União.

Estamos diante de um verdadeiro estelionato eleitoral iminente: enquanto o som da vitória cativa os ouvidos, é bom o contribuinte ficar de olho na carteira.


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