Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 07/092014
Pelo menos, um ministro,
seis senadores, 25 deputados federais e três governadores teriam recebido dinheiro desviado da estatal. Supostamente, os políticos ficavam com 3%
do valor dos contratos da Petrobras
Desde março, já se sabia que o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa era o homem-bomba da
operação Lava-Jato e que o caso poderia levar a um strike na política
nacional, por causa do envolvimento de muitos políticos com ele e o
doleiro Alberto Youssef. Ambos estão presos na Polícia Federal em
Curitiba. Pressionado pela família e por provas irrefutáveis apreendidas
pela PF, Costa resolveu falar mais do que aquele defunto caguete do
samba de Bezerra da Silva, que entregava até com o dedão do pé.
Neste
fim de semana, a revista Veja revelou que, pelo menos, um ministro,
seis senadores, 25 deputados federais e três governadores receberam
dinheiro desviado da estatal. Supostamente, os políticos ficavam com 3%
do valor dos contratos da Petrobras na época em que Costa era diretor da
estatal — entre 2004 e 2012 —, segundo o relato do ex-diretor da
Petrobras a procuradores e policiais.
O diretor decidiu
colaborar com as autoridades para reduzir a pena, que poderia alcançar
30 anos. Apontou políticos do PT, do PMDB e do PP, que compõem a
coalizão da presidente Dilma Rousseff. Ao ser preso, chegou a dizer que
não haveria eleições neste ano se revelasse tudo o que sabe. Em agosto,
Costa deu com a língua nos dentes, como se diz na gíria policial.
O
vazamento do depoimento, porém, pode ter implicações para o processo,
que corre em segredo de justiça e acabou de chegar ao Supremo Tribunal
Federal (STF) para que o ministro Teori Zavascki homologue o acordo de
delação premiada feito pelo executivo com os procuradores e o juiz
Sérgio Moro, responsável pelo caso.
Advogados dos demais
envolvidos querem anular o acordo e o próprio processo por vícios de
procedimento nas investigações. Cabe ao STF autorizar a investigação dos
políticos. Documentos fornecidos pelas autoridades da Suíça revelam que
Costa e seus familiares tinham contas bancárias naquele país que
totalizavam US$ 23 milhões.
Campanha eleitoral
Ninguém
sabe qual será o impacto do escândalo na campanha eleitoral, uma vez
que a presidente Dilma foi ministra de Minas e Energia e presidente do
Conselho de Administração da estatal. No caso da compra superfaturada de
Pasadena, que reaparece no depoimento de Paulo Roberto Costa, Dilma
disse que fora enganada pelo parecer técnico do ex-diretor da Petrobras
Nestor Cerveró para aprovar a compra da refinaria no Texas (EUA).
Ontem,
durante o horário eleitoral, o programa de Dilma voltou a atacar Marina
Silva com a insinuação de que ela quer acabar com o pré-sal. Na
propaganda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece num
palanque em Pernambuco dizendo que não vai deixar que isso aconteça, nem
que tenha de mergulhar no fundo do mar para extrair petróleo.
A
volta dos escândalos da Petrobras a telejornais e programas dos
adversários de Dilma tem potencial para atrapalhar os planos de
recuperação da imagem da candidata petista e de seu governo, num momento
em que sua campanha recupera terreno.
Os índices de aprovação
do governo e de rejeição à presidente da República melhoraram com a
propaganda na tevê. Ontem, em São Paulo, Dilma disse que precisa saber
“direitinho” quais são as informações prestadas por Paulo Roberto antes
de tomar “as providências cabíveis”.
Em Pernambuco, Marina
criticou a “má governança” da Petrobras e disse aguardar as
investigações. Já o tucano Aécio desceu a borduna no governo, em
Presidente Prudente, no interior de São Paulo: chamou o caso de
“mensalão 2” e cobrou apuração imediata e punição dos envolvidos.
Muito
atacada tanto por Dilma como pela maioria dos candidatos de oposição,
principalmente o tucano Aécio Neves, Marina Silva perdeu terreno para a
petista na disputa de segundo turno, embora continue empatada
tecnicamente no primeiro.
Pesquisa Sensus divulgada pela revista
Isto é neste fim de semana, porém, mostra que Marina mantém a vantagem:
29,5% das intenções de voto no primeiro turno, empatada tecnicamente
com a presidenta Dilma, que tem 29,8%. Aécio tem 15,2%.
Em
eventual segundo turno, entretanto, Marina venceria Dilma, com 47,6%
contra 32,8% dos votos válidos, uma diferença de 14,8 pontos
percentuais. Na simulação com Aécio, Dilma aparece com 39,3% dos votos e
o tucano, com 35,4%.
Para o país só ha uma saída. Varrer o PT do poder. O
ResponderExcluir23
ResponderExcluirPara além do alcance da argumentação, a contextualização expressa no texto atesta o faro de cronista com antena de microondas na posição on. Ab.