Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 20/07/2013 |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera "burrice" ou
"ingenuidade" a campanha interna de petistas descontentes com a
presidente Dilma Rousseff no sentido de que ele volte a concorrer à
Presidência da República. Também desencoraja os aliados dos demais
partidos que o procuram. Mesmo assim, o deputado Devanir Ribeiro
(PT-SP), seu maior amigo na Câmara, não desiste. Por quê?
Aparentemente, Devanir está cheio de razão. A pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira mostrou que o PT teria muito mais facilidade para vencer as eleições com a candidatura de Lula do que com a de Dilma, que tem 30% das intenções de voto, contra 22% de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), 13% de Aécio Neves (PSDB) e 5% de Eduardo Campos (PSB). Lula teria 41% e os adversários ficariam, respectivamente, com 18%, 12% e 3%. A vantagem de Dilma contra Marina Silva, portanto, seria de apenas 8%, ao passo que a de Lula seria de 23%. Onde estaria, então, a "burrice" ou a "ingenuidade" de petistas como Devanir? No açodamento da proposta, com toda certeza. Por mais que a oposição pense o contrário, Dilma ainda não virou uma pata manca, para usar o velho jargão norte-americano. Com inflação em queda, se a economia mantiver o nível de emprego, terá condições de sustentar o favoritismo. Além disso, exerce o poder com muita gana. E o governo, como lembrava o mestre Norberto Bobbio, é a forma mais concentrada de poder, quando nada porque arrecada, normatiza e coage. A volta de Lula contra a vontade de Dilma seria um deus nos acuda. Sem chance de dar certo. Reunião A propósito, Dilma cancelou a ida à reunião de hoje do Diretório Nacional do PT, esnobando o convite do presidente da legenda, Rui Falcão. O encontro deve debater a conjuntura, mas os ânimos estão muito exaltados entre os integrantes das diversas tendências que compõem a direção do partido. Divergem sobre quase tudo, tanto na economia quanto na política. PEC 37 Indicado pelo Departamento da Polícia Federal para negociar o destino da Proposta de Emenda à Constituição 37, o delegado Roberto Troncon, superintendente da PF em São Paulo, avalia que a derrota da proposta jogou o sistema de investigação criminal num quadro de instabilidade jurídica. Vidraças Manifestantes que saíram da Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, promoveram quebra-quebra em Vitória. No Palácio Anchieta, antigo colégio de jesuítas, destruíram as janelas. O Batalhão de Missões Especiais (BME) reagiu com bombas de gás e tiros de bala de borracha. Avalista O deputado Cândido Vaccarezza (foto), do PT-SP, aceitou o convite do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDN-RN), para presidir o grupo de trabalho que vai elaborar as propostas de reforma política, com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do PT, Rui Falcão, e o líder da bancada, José Guimarães (PT-CE), somente não vetaram a indicação por causa disso. Fogo amigo O Palácio do Planalto não engoliu a indicação de Vaccarezza porque não controla o parlamentar. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (foto), pôs pilha no deputado Henrique Fontana (PT-RS), que disputava o comando da comissão, para articular o manifesto de 27 deputados contra Vaccarezza. Fontana foi relator do projeto de reforma política rejeitado pela Câmara este ano. Menos médicos A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) anunciou que deixará seis comissões do governo das quais participa e outros cinco colegiados do Conselho Nacional de Saúde, em protesto contra a medida provisória que criou o Programa Mais Médicos e contra os vetos da Lei do Ato Médico, que regulamenta a medicina. Também anunciou que impetrará duas ações judiciais no Supremo para suspender os efeitos da medida. Recepção A recepção ao papa Francisco, prevista para segunda-feira, no Palácio Guanabara, promete mais confusão. O encontro, com a presença da presidente Dilma; do vice-presidente Michel Temer e de oito governadores, além de deputados e senadores, já gera protestos nas redes sociais. "O papa vai ser recepcionado com todo amor, respeito e dignidade no Rio, mesmo por seguidores de outras religões, ateus e agnósticos", promete o governador Sérgio Cabral. A conferir. Vândalos O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), acusou ontem organizações internacionais — leia-se, Anonymous — de estimularem a violência nas manifestações na capital fluminense. Ele anunciou também a criação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas. |
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