Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 28/10/2012 |
O segundo turno das eleições, principalmente nas capitais, sedimentará a
disposição geográfica das forças políticas que disputarão as eleições
presidenciais de 2014. O resultado de hoje pode não mudar muito o
quadro do primeiro turno, embora as eleições de São Paulo, Salvador,
Fortaleza e Manaus tenham um peso específico nessa guerra de posições.
Engana-se, porém, quem pensa que a reeleição da presidente Dilma Rousseff esteja sendo decidida nessas cidades. O seu contexto político está desenhado bem longe, nas eleições norte-americanas, na crise sucessória do governo chinês e, principalmente, no agravamento da crise social europeia. O que as urnas vão consolidar hoje é a hegemonia do PT no bloco governista e sua aliança prioritária com o PMDB. Esses são os dois maiores partidos do país. Essa aliança aponta na direção da conquista do principal bastião oposicionista, o Palácio dos Bandeirantes, caso o petista Fernando Haddad confirme sua vitória hoje. Isso não significa, porém, que o governador tucano Geraldo Alckmin esteja condenado à derrota na reeleição e a oposição seja liquidada com a perda de São Paulo. Caipira, o tucano sempre foi bom de voto no interior paulista. Candidatos Na eleição de Salvador, o carlismo ameaça renascer das cinzas com a candidatura de ACM Neto, do DEM. Uma eventual derrota de Nelson Pelegrino (PT) deixará em aberto a sucessão do governador Jaques Wagner (PT) e garantirá um palanque robusto para o aliado tucano, o senador mineiro Aécio Neves (foto), provável candidato a presidente do PSDB, num dos estados mais populosos e mais próximos de Minas Gerais. A disputa de Fortaleza coloca em xeque a liderança dos irmãos Cid Gomes, que governa o Ceará, e Ciro Gomes, mas uma derrota do PSB na nessa capital abalará as pretensões nacionais do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Esses dados estão rolando nas eleições de hoje. As demais disputas, desculpem-me a expressão, são troca de peões, com exceção de Manaus, onde a vitória de Arthur Virgílio Neto fortalecerá muito o PSDB no Norte do país. Estados Unidos As eleições norte-americanas têm mais importância para o Brasil do que se imagina. Uma eventual derrota de Barack Obama, com a ascensão dos falcões republicanos, tendo à frente Mitt Romney, terá sérias implicações. Uma política de ajuste fiscal mais dura, com cortes severos nos gastos sociais, tende a atrapalhar as exportações brasileiras e investimentos norte-americanos por aqui. China Há uma crise sucessória no Partido Comunista Chinês, ninguém sabe o que vai acontecer, depois das denúncias de corrupção contra o presidente Hu Jintao. O fato é que a economia mundial e a brasileira, em particular, dependem do crescimento da China, que vem decaindo. O acelerado crescimento chinês aumentou as desigualdades sociais; a contradição entre seu modelo agrícola e a urbanização acelerada se agrava. Há risco de a China crescer ainda menos. Europa O que mais preocupa o Palácio do Planalto, entretanto, é a longa duração da crise europeia, que ameaça virar uma explosão social, a maior do pós-guerra. A situação em países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda se agrava cada vez mais, com desemprego em massa e desmonte do chamado estado de bem-estar social. As empresas europeias que operam no Brasil investem menos e fazem mais remessas para o exterior. Oportunidade A presidente Dilma Rousseff encara a situação mundial como uma oportunidade de o Brasil caminhar com as próprias pernas. Cresce o intervencionismo no câmbio, na taxa de juros e nos demais preços. O governo procura direcionar os investimentos privados para a infraestrutura e retoma as privatizações dos serviços, via concessões, principalmente de estradas, aeroportos e portos. Mas o fato é que a economia brasileira não está reagindo como o Planalto gostaria. O que segura o otimismo é o pleno emprego. Graças a ele, o governo mantém altos índices de popularidade. Os cenários Com os resultados eleitorais de hoje e uma economia domada, o Palácio do Planalto espera navegar em céu de brigadeiro no ano das eleições, com crescimento de 4,5% ao ano. Com isso, seria possível a presidente Dilma Rousseff isolar a oposição encabeçada pelo senador tucano Aécio Neves e manter Eduardo Campos (PSB), que ensaia um voo rumo ao Palácio do Planalto, na base do governo. Porém, se a crise mundial arrastar o Brasil para um novo biênio de baixo crescimento, na faixa entre 1,5% e 2,5%, a situação será outra. Pode haver o descolamento do PSB e de outros partidos da base para uma candidatura do tipo terceira via como tentou Marina Silva na eleição passada. Nesse caso, será inevitável o “volta Lula” da militância petista, temerosa de um revés eleitoral. Como se vê, o Brasil não é uma ilha. Guerra// O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconsiderou sua decisão e deferiu o pedido de envio de tropas federais para as eleições em São Luís. Vão garantir a segurança das transmissões dos resultados das votações, bem como a integridade física de servidores que atuarão no dia da votação. Mensalão O Supremo Tribunal Federal (STF) terá um intervalo de quase duas semanas na apreciação da Ação Penal 470, o processo do mensalão. O caso só voltará à pauta em 7 de novembro |
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