domingo, 2 de setembro de 2012

Abraço de afogado

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo 
Correio Braziliense - 01/09/2012

A crise está instalada na campanha do tucano José Serra (PSDB), que perdeu o favoritismo da disputa pela prefeitura de São Paulo para Celso Russomano (PRB) e, agora, corre o risco de ser ultrapassado por Fernando Haddad. Com 20% das intenções de voto, o tucano está 11 pontos atrás do primeiro colocado e apenas quatro à frente do terceiro. Ficar fora do segundo turno era impensável para o comando de sua campanha, que sempre trabalhou a imagem de Serra como líder da disputa.

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No ninho tucano, a explicação predominante para o que está acontecendo é a contaminação da candidatura de Serra pela má avaliação do prefeito Gilberto Kassab. Sua administração é criticada pela maioria dos candidatos. Até mesmo os adversários de Serra dentro do partido avaliam que não há como desvincular a imagem dele da de Kassab.

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O pior é que o prefeito de São Paulo também não pode fazer muita coisa para melhorar a situação, exceto cuidar mais do dia a dia da cidade. Em períodos de campanha eleitoral, ações de marketing institucional são proibidas. É uma espécie de abraço de afogado.

Overdose

Há mais problemas na candidatura Serra, porém. Talvez a presença dele nessas eleições seja uma espécie de overdose eleitoral. Além de colecionar desafetos para se impor como candidato, nos últimos dez anos Serra disputou quatro das cinco eleições realizadas. O PSDB estava fazendo o dever de casa, com quatro pré-candidatos que disputariam as prévias da legenda. O tucano empurrou a fila para trás e removeu três . Depois, derrotou o secretário estadual de Energia, José Aníbal, que é deputado federal licenciado pelo PSDB.

Emoções

O candidato José Serra (PSDB) se emocionou ao visitar a sede da Apae, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo. Falou com os olhos marejados após palestra na entidade que cuida de pessoas com deficiência intelectual. É a primeira imagem não produzida de sua campanha, que procura apresentá-lo como um homem jovial aos 70 anos, soltando pipa e andando de bicicleta. Outro dia, quase caiu de um skate.

Rejeição

A parcela do eleitorado que não quer a volta de Serra à prefeitura de São Paulo, segundo o DataFolha, subiu de 38% para 43%

Energia/ /

Vem aí uma redução de cerca de 30% do custo da energia para a produção industrial. O anúncio deve ser feito na próxima semana, quando a presidente Dilma Rousseff anunciará as novas regras para renovação das concessões de energia elétrica.

Roque

As cúpulas do PT e do PCdoB estão conversando sobre a situação nas capitais onde as duas legendas tem candidatos concorrentes em posições assimétricas. Em Fortaleza, o petista Elmano de Freitas tem 15% das intenções de voto, enquanto o senador Inácio Arruda, do PCdoB, tem apenas 7%. Em Porto Alegre, a comunista Manoela D"Ávila empatou tecnicamente com o primeiro colocado, o prefeito José Fortunatti (PDT), com 32% das intenções de voto, enquanto o petista Adão Villaverde tem 7%.

Código/ A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse ontem que houve diálogo entre ela, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a presidente Dilma Rousseff sobre o acordo do governo com a oposição para aprovar o texto da medida provisória do Código Florestal Brasileiro. Segundo ela, o governo não cedeu aos ruralistas.

Reservas/ A Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) decidiu pedir ao governo federal que revogue a Portaria 303 da Advocacia-Geral da União (AGU). Publicada em 17 de julho, a portaria estende para todos os processos de demarcação de terras indígenas as 19 condições estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, para aprovar a manutenção da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em terras contínuas.

Intervenção/ A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, ontem, intervir em oito empresas controladas pelo Grupo Rede Energia: as distribuidoras Cemat, Celtins, Enersul, Força e Luz do Oeste (PR), CNEE, EEB, Caiuá e Vale Paranapanema. A Celpa, do mesmo grupo, não foi
incluída na intervenção.

Lição de casa

O ministro do Planejamento nos governos Médici e Geisel, João Paulo Reis Velloso, aproveitou a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, na quinta-feira, para entregar à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, um livro sobre modelos de infraestrutura do país. Muito respeitado nos meios acadêmicos e empresariais, Reis Velosso é um dos pais do modelo econômico adotado pelos militares, o tripé capital estrangeiro — capital nacional — participação do Estado.

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