Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 11/07/2012 |
Termina hoje a novela do caso Demóstenes Torres (GO) no Senado Federal.
O senador goiano vai ao cadafalso às 10h e terá meia hora para se
defender das acusações de falta de ética e de quebra de decoro
parlamentar por causa das relações com o contraventor Carlinhos
Cachoeira. Nos corredores do Senado, ontem, ninguém conseguia listar
mais de 17 votos a seu favor. Alguns apostavam que teria menos de 10
votos contra a sua cassação.
É um fim de mandato melancólico para o parlamentar que brilhou como um dos mais combativos defensores da ética e da moralidade pública na tribuna do Senado. De dedo em riste, chegou a desafiar os principais líderes da Casa, como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), durante a crise dos atos secretos. O líder do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou à Presidência da Casa para não ser cassado, foi outro que passou maus momentos durante discursos do ex-paladino da ética. Demóstenes vagou como um zumbi pelos corredores do Senado após a divulgação de suas conversas por telefone com Carlinhos Cachoeira. Na última semana, diariamente, fez patéticos discursos nos quais jurou inocência e clamou pelo perdão de seus pares. Teve baixíssima audiência. No Conselho de Ética e na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o pedido de sua cassação foi aprovado por unanimidade. Em plenário, perderá o mandato em sessão secreta, um rito no qual o Senado purgará os seus próprios pecados. Refinarias No jantar da presidente Dilma Rousseff com os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes, ambos do PSB, a sobremesa foi o plano de negócios da Petrobras. A presidente da estatal, Graça Foster, deixou no limbo a refinaria Premium II, do Ceará, no valor US$ 10 bilhões. E também não garantiu a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cuja viabilidade depende da petrolífera estatal venezuealana, a PDVSA. Dilma prometeu que as duas refinarias serão mantidas no plano da Petrobras. Bola cheia Apesar de as pesquisas de opinião não serem muito favoráveis ao desempenho da pasta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, continua com a bola cheia no Palácio do Planalto. Ontem, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu a comercialização de 268 planos de saúde de 37 operadoras. Os planos são uma dor de cabeça para o governo. Filas Durante o primeiro semestre deste ano, por descumprimento dos prazos máximos estabelecidos pela ANS em atendimentos para consultas, exames e cirurgias, foram registradas contra operadoras de planos de saúde quase 8 mil reclamações Nas trevas Representante da ala conservadora do alto clero brasileiro, o cardeal dom Eugenio Sales, que morreu na segunda-feira, foi um paladino da defesa dos direitos humanos. Discreto e firme, encabeçou a Comissão Bipartite formada por Igreja Católica e governo militar para tratar do tema, ao lado do general Antônio Carlos Murici, à qual renunciou em protesto por causa da tortura nos quartéis. Conforme nota divulgada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), nos anos 1970 e 1980, à frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Cáritas Arquidiocesana, o cardeal abrigou quase 5 mil pessoas vindas principalmente da Argentina, do Uruguai e do Chile, antes de seguirem para o refúgio na Europa. Carga ao mar O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha, do PT-MG, identificou contradições no depoimento do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), à comissão. Segundo Cunha, é preciso investigar os contratos da construtora Delta com a prefeitura da capital do Tocantins: "O depoimento não convenceu". A cúpula do PT já discute a expulsão do prefeito. Trombada O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSB), e a senadora Kátia Abreu, do PSD-TO, estão em rota de colisão por causa da intervenção na legenda em Belo Horizonte. A turma do deixa disso tenta acomodar a situação. Dos seis deputados federais do PSD em Minas, quatro apoiaram a posição de Kassab. Recesso// O Congresso deve votar hoje à noite a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2013. Com isso, o Senado e a Câmara anteciparão o recesso parlamentar. Uma comissão representativa de senadores e deputados representará o Congresso entre 18 e 31 de julho. Exilados/ O Itamaraty enviará quatro toneladas de documentos à Comissão Nacional da Verdade. Os documentos do ministério, do período da ditadura militar, não foram destruídos. De acordo com o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, no período da repressão, em embaixadas e consulados, diplomatas vigiaram pessoas que estavam exiladas. Bolsas/ O programa Ciência sem Fronteiras deve abrir novas inscrições para graduação e pós-graduação no exterior até o fim do mês. Já foram aprovadas 19,7 mil bolsas de estudos, de um total de 110 mil que o governo pretende distribuir. |
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