Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 24/07/2012 |
A relação da presidente Dilma Rousseff com os servidores públicos federais
é como um cristal trincado. Pode até não se estilhaçar, mas não tem
conserto. É mais uma daquelas situações em que a sucessora do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário do seu padrinho
político, é obrigada a fazer escolhas: com o cobertor curto, ou amplia o
gasto público com as atividades fins ou investe esse dinheiro na área
meio.
A fase de investimento na área meio, que tinha como discurso reconstruir o Estado, chegou ao fim. Para resgatar o papel do Estado como indutor do crescimento, o governo agora precisa investir em infraestrutura, além de exercer o papel de provedor das parcelas mais pobres da população. Vem daí a queda de braços da presidente da República com os servidores federais. A outra face dessa contradição é uma guinada na orientação da CUT, que vinha sendo uma espécie de amortecedor entre as demandas dos servidores públicos e governo. Pressionados pela própria base e por outros atores políticos do movimento social, como o PSol e o PSTU, os sindicalistas do PT resolveram aderir às greves que tomaram conta da administração federal a partir das universidades. A escolha Dilma Rousseff fez a escolha de Sofia: entre o aumento salarial dos servidores federais e a garantia de emprego para os trabalhadores do setor privado, optou pela maioria, ainda mais porque os rendimentos no setor público são mais altos. O confronto Trata-se de velho conflito distributivo num cenário de restrições econômicas. O problema é que os servidores federais, ao longo de décadas, viveram situações semelhantes sem o castigo dos descontos dos dias parados. Demissões, como acontecem no setor privado, jamais foram cogitadas pelo governo. Mesmo assim, o jogo duro de Dilma pode resultar no cristal estilhaçado. Em greve Os professores federais em greve recusaram ontem a proposta de acordo do Ministério do Planejamento e decidiram manter a paralisação da categoria. O governo propôs um reajuste salarial de até 45%. Eleitos O Planalto pretende aumentar os salários dos professores universitários e dos militares de baixa patente, que estão insatisfeitos. A Receita e a Polícia Federal, órgãos de coerção do Estado, também terão aumentos diferenciados. O governo baterá o martelo até o dia 31. Duro de cair A última pesquisa Datafolha em São Paulo desafia os marqueteiros tucanos e petistas. O ex-governador José Serra (PSDB), com 30% das intenções de voto, não sai do lugar; o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, com 7%, empatado com Soninha Francine (PPS), também não. Quem desafia o PSDB e o PT é Celso Russomanno, do PRB, que continua subindo e está com 26%. Todos os prognósticos era de que cairia. Sem vencedor Pode acabar num nocaute duplo a briga entre o PSDB e o PT pela paternidade da isenção de impostos para os produtos da cesta básica. Fruto de uma emenda do líder do PSDB, Bruno Araujo (PE), a proposta foi inspirada num projeto petista. Porém, o Palácio do Planalto deve vetar o projeto e apresentar como alternativa a simplificação do Cofins/PIS. O vice-líder do governo, José Guimarães, do PT-CE, já advertiu que o acordo feito para aprovar a proposta não teve endosso do governo. Jogos A presidente Dilma Rousseff viaja hoje para Londres, onde assistirá a abertura dos Jogos Olímpicos. Terá um encontro com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, no dia 25, e será recebida pela rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham, no dia 27, juntamente com outros chefes de Estado. Comando Carlos Mário Guedes foi nomeado ontem presidente do Incra, no lugar de Celso Lisboa Lacerda. Blecaute Vem aí muita confusão nos portos e estradas do país. Os caminhoneiros ameaçam entrar em greve amanhã, contra o controle da jornada e o fim da carta-frete. As transportadoras estão por trás do movimento. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário