Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 02/06/2012 |
O PT tenta reavaliar a estratégia de atuação na CPI do Cachoeira para
não cair num precipício. A quebra do sigilo fiscal da construtora Delta
em nível nacional isolou a legenda e provocou uma crise de
relacionamento com o PMDB e outros partidos da base governista. Além
disso, a operação comercial de salvação da empreiteira, que estava
sendo comprada pela holding J&F, teve uma reviravolta: o grupo
anunciou ontem que desistiu do negócio e vai apenas gerenciá-la, ao
mesmo tempo em que estrutura outra empresa para assumir a execução das
obras.
» » » A CPI ameaça desvendar a relação dos negócios do contraventor Carlos Cachoeira, que era o alvo inicial da CPI, com os contratos da Delta nos estados e com o governo federal. A apresentação de um requerimento pela oposição para convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra deixou em estado de alerta a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Tudo o que o Palácio do Planalto não deseja é ter que meter a colher na CPI, o que acabará acontecendo para impedir a convocação das duas. » » » Os petistas que atuam na comissão são neófitos em CPI no Congresso, onde tudo vira moeda de troca entre os partidos em ano eleitoral. Além de enfrentar a oposição, o PT precisa tourear os aliados insatisfeitos com a legenda nas respectivas bases municipais. Derramado O PT tenta se rearticular politicamente na CPI com um tipo de cálculo de que pode dar errado porque parece chantagem com os aliados. Avalia que o PMDB precisa se enquadrar para evitar que os contratos da Delta com o governo fluminense sejam examinados, o que poria em risco o governador Sérgio Cabral, do PMDB. O PP também precisaria tomar mais cuidado, segundo os petistas, pois não teria interesse em que sejam examinados os contratos da Delta com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), principal pagadora da construtora no governo federal, comandado pelo PP durante todo o governo Lula. Contratos Desde o rolo na ampliação do Aeroporto de Guarulhos, a Delta estava com o filme queimado com a presidente Dilma Rousseff, que nunca engoliu a compra da empreiteira pela J&F com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Controladoria-Geral da União já abriu processo administrativo para que a empresa seja declarada inidônea. E avalia, caso a caso, se mantém os contratos vigentes ou os cancela. Devassa O senador Pedro Simon, do PMDB-RS, defendeu ontem a necessidade de uma devassa na Delta, a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O presidente do BNDES deveria ter alertado sobre o negócio suspeito, já que o banco estatal é sócio da JBS, empresa que anunciou a compra da Delta. A desistência do negócio, depois de anunciada a quebra de sigilo da construtora, lança mais sombras de dúvida sobre a empresa”, disse. Simon defende a criação de uma força-tarefa para investigar a Delta, com a participação até da Interpol, “pois há suspeita de lavagem de dinheiro no exterior”. Na pressão// O presidente da CPI mista do Cachoeira, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), submeteu-se a cateterismo ontem, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi internado. Antes de passar mal, preparava-se para dançar forró na festa junina de Campina Grande (PB). Recado As declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Programa do Ratinho, no SBT, de que será candidato se a presidente Dilma Rousseff não quiser se reeleger, teve duas leituras no Palácio do Planalto. Uma foi literal; a outra, mais política: Lula quis dizer que deixou de ser presidente, mas ainda é o chefe político. Pesca/ O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, vai liberar R$ 1,1 milhão para a compra de cinco retroescavadeiras que serão usadas na criação dos polos de piscicultura do Amazonas. O governo federal já assinou convênio com o estado na ordem R$ 765 mil para a criação de 14 estações de alevinos. O acordo foi firmado entre o ministro Crivella, o secretário de produção rural do Amazonas, Eron Bezerra, e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que solicitou o encontro. Telefonia/ A senadora Ana Amélia (PP-RS) questiona o governo e o setor de telecomunicações por quererem transformar multas aplicadas pela Anatel contra as operadoras de telefonia em obrigações de investimentos. A parlamentar diz que os consumidores estão cansados de pagar e não receber pelos serviços contratados. Rio+20/ Presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado e vice-presidente da Globe Brasil, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apresentará o documento de abertura das discussões da Cúpula Mundial de Legisladores, que antecede a Rio+20, terá importante papel nas negociações. Até agora, 85 delegações internacionais confirmaram presença no evento, entre 15 e 17 de junho, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Chinatown O Brasil depende cada vez mais das exportações para a China: saiu de um deficit de US$ 3,5 bilhões, em 2008, para um superavit de US$ 11,5 bilhões. |
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