Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 17/06/2012 |
Desde ontem, o Brasil protagoniza as negociações para a elaboração do documento-base da Rio+20, que até agora foram um grande fracasso, embora o encontro de cúpula comece na quarta-feira. O maior problema é estabelecer os valores para a criação de um fundo para o desenvolvimento sustentável. O Brasil e alguns países em desenvolvimento, para viabilizar a proposta, propõem um aporte inicial de US$ 30 bilhões, a partir de 2013, chegando a US$ 100 bilhões, em 2018.
A criação desse fundo está sendo detonada por negociadores dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, do Japão e da Europa. Alegam dificuldades financeiras. Os norte-americanos e europeus, por causa da crise econômica; já os japoneses, devido aos estragos do tsunami de 2011, inclusive o acidente nuclear. A União Europeia (UE) joga mais pesado contra a criação do fundo. Seus representantes querem um documento curto e grosso, exequível, sobre o desenvolvimento sustentável do planeta. Vem daí o fato de menos da metade do texto inicial em negociação ter sido acordada até agora. Os países membros da UE já têm legislação ambiental avançada. Como não houve acordo até agora, o Itamaraty já admite um texto sem referência ao montante do fundo para evitar o fracasso total da conferência de chefes de Estado. Sem rapapé A presidenta Dilma Rousseff assumirá a Presidência da Rio+20 a partir de quarta-feira, comandando as reuniões plenárias até o encerramento. Misturado Muito grato ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) pelo apoio que recebe, o candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, deu um ultimato ao diretório municipal de seu partido: quer um chapão com todos os vereadores que apoiam, não importa a legenda. Candidatos proporcionais tucanos rejeitam a coligação com o PSD porque querem levar vantagem na disputa graças ao tempo de televisão. Como se sabe, até hoje a Justiça Eleitoral não decidiu qual será o tempo de televisão do PSD. Vazio O Congresso entrará em recesso informal durante esta semana. Além da participação de muitos parlamentares em eventos da Rio+20, os festejos juninos do Nordeste vão mobilizar deputados e senadores da região. As articulações eleitorais dos partidos também. Além disso, não tem reunião da CPI do Cachoeira. Mariscos Na corda bamba, o presidente da Valec, José Eduardo Castelo Branco, teve uma péssima notícia na semana que passou: a Andrade Gutierrez está deixando a construção da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol). A empresa não consegue tocar as obras e cumprir todas as exigências do Ibama. Considerada uma ferrovia que já nasce superavitária, a Fiol é um atestado de incompetência na gestão de investimentos. Foram demitidos 2.500 trabalhadores. Desabafo Da repórter Renata Giraldi (EBC-Agência Brasil|) no Facebook: "No mundo paralelo da Rio+20, o aparelho de ar condicionado é mantido a algo em torno de menos 20ºC, o sorvete pode custar até R$ 40, você leva mais de uma hora entre o começo da Barra e o final dela — onde fica o RioCentro — e as reuniões ocorrem no Pavilhão 5, mas os jornalistas são confinados ao Pavilhão 3". Velho Chico Em plena semana de abertura da conferência Rio+20, o Tribunal de Contas da União (TCU) revela que o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está parado. Segundo o ministro Aroldo Cedraz, as obras e as ações de recuperação e controle de processos erosivos estão desperdiçando recursos públicos . "A vazão do Velho Chico recuou 35% de 1948 a 2004", afirma. Extrativismo A Rio+20 discutirá amanhã, no Pier Mauá, às 14h, a produção extrativista brasileira. Segundo o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Populações Extrativistas e dos Povos e Comunidades Tradicionais, deputado federal Afonso Florence (PT-BA), 420 milhões de hectares (11% das florestas globais) estão legalmente sob propriedade ou administração das comunidades extrativistas. Segredos A partir de amanhã, o Arquivo Nacional deveria liberar todos os documentos oriundos dos órgãos de segurança do regime militar sem as tarjas pretas utilizadas para impedir que os pesquisadores soubessem os nomes das pessoas investigadas e dos agentes responsáveis pelas informações. Os funcionários do serviço, porém, farão uma paralisação de protesto. Pleiteiam a reestruturação da carreira. Bom acordo O apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) para a prefeitura de São Paulo garantiu ao deputado Paulo Maluf, ex-prefeito da capital, um lugar ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos palanques e a nomeação de um aliado na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, o engenheiro Osvaldo Garcia. Mágicas O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tirou da cartola uma proposta salomônica para manter a frente com o PT no Recife. O vice-prefeito Milton Coelho na cabeça da chapa e um petista na vice. Avalia que o senador Humberto Costa, considerado um candidato biônico pela militância petista, não tem a menor chance de vencer a eleição, já que não terá apoio do prefeito João da Costa (PT), que foi impedido pela cúpula do PT de disputar a reeleição. Quem, porém, resolveu pleitear a cabeça da aliança foi o ex-prefeito João Paulo, líder disparado nas pesquisas. |
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