A cabeça de Lula

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense - 03/06/2012

Ao contrário do que imagina o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), que disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “não anda bem da cabeça”, o petista sabia muito bem o que estava fazendo no Programa do Ratinho, do SBT, na quinta-feira passada. Foi a forma que encontrou para catapultar os dois candidatos a prefeito que são decisivos para a estratégia de tomada do Palácio dos Bandeirantes em 2014: o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que disputará a Prefeitura de São Paulo, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que concorre à reeleição. Na ocasião, Lula disse que será candidato a presidente da República se a presidente Dilma Rousseff não quiser concorrer à reeleição, para impedir que um tucano volte a presidir o país. A declaração foi considerada autoritária pela cúpula tucana, mas é pura expressão da verdade. Lula trabalha para cercar e liquidar o PSDB em São Paulo. A criação da CPI do Cachoeira, que o petista patrocinou, também teve esse objetivo. Lula quer eleger Haddad em São Paulo e reeleger Marinho, supostamente para disputar o Palácio dos Bandeirantes a partir de São Bernardo, berço do PT. Parece megalomania, mas pode não ser uma missão impossível. Dessas proezas vem a magia da política. Ainda mais porque nada impede o próprio Lula de disputar o governo de São Paulo se a presidente Dilma Rousseff concorrer à reeleição.   A torre O ex-presidente Lula vê nos trabalhos da CPI do Cachoeira uma oportunidade de levar à cassação o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), cada vez mais enrolado no escândalo. Aparentemente, isso não desmancha o favoritismo de José Serra (foto), candidato tucano à Prefeitura de São Paulo. Mas o petista quer puxar o escândalo para São Paulo. Como? Devassando os contratos da empreiteira com o governo paulista para exumar o caso do engenheiro Paulo Souza, o Paulo Preto, ex-diretor da estatal paulista Dersa. Como se sabe, ele brigou com os tucanos. Não abre Foi um tiro no pé a cúpula do PT remover a candidatura do ex-deputado Maurício Rands e anunciar o nome do senador Humberto Costa (PT-PE) como “tertius” na disputa pela vaga de candidato petista a prefeito do Recife sem um prévio acordo com o prefeito João da Costa (PT). Ele não desistiu de concorrer à reeleição e resolveu enfrentar a coalizão formada pelo ex-prefeito João Paulo (PT), seu desafeto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Barganha O presidente da CPI mista do caso Cachoeira, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), pressiona a cúpula do PT para que a legenda apoie a reeleição do prefeito de Campina Grande (PB), Veneziano Vital do Rêgo (PMDB), seu irmão. A base do PT está dividida entre a candidatura própria de Alexandre Almeida, presidente do diretório municipal, ou o apoio à deputada Daniela Ribeiro (do PP). Estrutura O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ex-deputado federal pelo PT de São Paulo, em evento no Conselho Nacional de Justiça, pôs o dedo na ferida: disse que decidiu não se recandidatar à Câmara, em 2010, devido ao desconforto que sentia ao ter de pedir recursos a empresários para custear suas campanhas. “Esse sistema vai na direção contrária aos valores da Constituição Federal, porque cria uma situação de promiscuidade no momento da captação dos recursos eleitorais”, disse. Mais cara A lata de alumínio, cujo índice de reciclagem no Brasil é de 97,6%, o maior do Brasil, ficou mais cara. Há cerca de um ano, paga o dobro da garrafa de vidro de PIS/Cofins. Agora, teve um aumento de IPI de 12% Cemitérios/ A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, fundada em 1582, perdeu a principal fonte de renda: os cemitérios São João Batista, São Francisco Xavier, Inhaúma, Irajá, Ilha do Governador, Jacarepaguá, Realengo, Ricardo de Albuquerque, Campo Grande, Ilha de Guaratiba, Santa Cruz, Piabas e Ilha de Paquetá. Grandes empresas estão interessadas na licitação aberta pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição. Bolsa-calote/ As universidades privadas querem pagar suas dívidas federais com bolsas de estudo gratuitas, nos moldes do programa Universidade para Todos (ProUni). São 500 faculdades, cujo endividamento alcançaria R$ 17 bilhões, valor suficiente para matricular mais de 300 mil universitários de baixa renda no prazo de 15 anos. Posse/ A juíza federal Gilda Maria Carneiro Sigmaringa Seixas toma posse amanhã, às 17h30, no cargo de Diretora do Foro da Seção Judiciária do Distrito Federal.