Pelo celular

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 29/05/2012
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) conseguiu a proeza de se enforcar num telefone sem fio: o Nextel que ganhou de presente do contraventor Carlos Cachoeira para conversarem de forma supostamente segura e acabou grampeado pela Polícia Federal, que gravou comprometedoras conversas entre ambos. O Guardião — moderno aparelho digital para escutas telefônicas — captou as ligações feitas pelos integrantes da quadrilha a partir dos aparelhos habilitados em Miami (EUA) e distribuídos por Cachoeira para seus parceiros.

No seu depoimento perante a Comissão de Ética, Demóstenes procurou justificar todos os grampos e negou seu envolvimento com atividades criminosas do contraventor goiano. Sustentou que realizou atividades normais para um parlamentar que representa seu estado e disse que foi traído por Cachoeira, cujas atividades ilegais desconhecia. Ou seja, declarou-se friamente inocente de todas as acusações.

Uma resposta, porém, enfraquece as desculpas que deu ao Conselho de Ética: Demóstenes admitiu que ganhou o celular de Cachoeira. A posse de um dos aparelhos utilizados pela quadrilha, segundo o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), joga por terra seus argumentos: seria a prova material de que sua relação com Cachoeira extrapolava o trabalho parlamentar.

Cassação

Após o depoimento de Demóstenes Torres, o relator da Comissão de Ética, senador Humberto Costa, PT-PE, declarou que as respostas do colega goiano foram insatisfatórias e que há motivos mais do que suficientes para pedir a sua cassação por quebra de decoro parlamentar. Costa avalia que o caso Demóstenes será concluído antes mesmo do recesso parlamentar em julho.

Convocação

Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) pretende propor hoje à CPI mista do caso Cachoeira que convoque os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB); do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Ele é autor de requerimentos pedindo a presença dos três na CPI. O PT ontem recuou da intenção de convocar o governador goiano.

Chicana

Uma manobra regimental adiou a decisão sobre a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB); e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O deputado Gladson Cameli (PP-AC) fez uma questão de ordem sobre a legitimidade da CPI para convocar governadores. O senador Pedro Taques (PDT-MT), que é procurador, tentou derrubar a questão de ordem, mas o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu consultar a assessoria.

Dívidas

O rombo nos cofres das prefeituras foi discutido ontem pelo presidente da Câmara, Marco Maia, PT-RS, com os prefeitos de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e de Vitória, João Coser (PT), que preside a Federação Nacional de Prefeitos. Maia criou um grupo de trabalho para estudar a renegociação das dívidas dos municípios com a União.

Voluntário

O governador de Goiás, Marconi Perillo, cansou de apanhar dos petistas sem se defender. Ontem, apareceu na reunião da CPI do caso Cachoeira para se colocar à disposição de deputados e senadores e prestar depoimento. Citado em vários grampos, Perillo está enrolado por causa de uma casa supostamente vendida para Carlos Cachoeira.

Milênio

Furnas assina hoje um acordo com Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o objetivo de intensificar ações para a conquista dos Oito Objetivos do Milênio (ODM). A contribuição será de R$ 2 milhões

Bancos/ Membro da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, José Antônio Reguffe (PDT-DF) protocolou projeto que proíbe os bancos de cobrarem anuidade ou manutenção de contas. Os bancos ofereceriam um pacote mínimo de serviços aos correntistas.

Agenda/ A Associação Comercial do Distrito Federal lança hoje a agenda legislativa com levantamento completo de 35 projetos de lei que irão impactar o setor produtivo e a sociedade. Eles estão em tramitação na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Prêmio/ O ex-secretário-geral da Presidência da República Luiz Dulci será homenageado hoje pelo Prêmio TOP Etanol, em Brasília. Dulci representou o governo federal na negociação para acabar com os "gatos" (boias-frias sem carteira assinada) no corte de cana-de-açúcar.

Desaparecidos// Os jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros lançam hoje o livro Memórias de uma guerra suja, com revelações do ex-delegado do Dops Cláudio Guerra, que assume ter assassinado e incinerado os corpos de presos políticos durante a ditadura. O evento será na Livraria Dom Quixote, no Centro Cultural Banco do Brasil, às 19h.