quarta-feira, 23 de maio de 2012

A pantomima

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 23/05/2012
 
O depoimento do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, na CPI mista que leva o seu nome foi quase uma pantomima na verdadeira acepção da palavra (representação teatral unicamente com movimentos corporais, segundo o Houaiss). Sob olhar atento do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, seu advogado, o bicheiro goiano se recusou a responder a todas as perguntas feitas pelos integrantes da CPI.

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Cachoeira só não fez de palhaços os integrantes da comissão porque a oposição levou a sério o seu papel, bombardeando-o com perguntas sobre suas atividades criminosas e relações com empresários e políticos. Entre os governistas, o ex-líder do PT Paulo Teixeira (SP) foi na mesma linha.

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O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), fragilizado pela denúncia de que manteria em seu gabinete uma funcionária fantasma, esteve apático. O relator Odair Cunha (PT-MG), marinheiro de primeira viagem, parecia satisfeito com o faz-de-conta. Até que a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chutou o pau da barraca e pediu para encerrar a sessão.

Sigilo

O único avanço aparente da reunião da CPI mista ontem foi um acordo firmado entre o relator Odair Cunha e os líderes da oposição para quebrar todo o sigilo fiscal da construtora Delta, em razão de as transferências feitas para as contas de Carlos Cachoeira terem origem na sede da empresa, no Rio de Janeiro.

Gana

O petista Paulo Teixeira, durante o depoimento, foi para cima do governador tucano Marconi Perillo (PSDB), acusando-o de envolvimento direto com Carlos Cachoeira. Segundo Teixeira, Goiás era território livre para atuação do contraventor, que teria cooptado os principais políticos e os responsáveis pela segurança pública no estado.

Contas

Segundo o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Cláudio Abreu e Heraldo Puccini, ex-diretores da construtora Delta, tinham autorização para movimentar as contas da matriz da empresa no Rio de Janeiro. A informação constaria dos autos da Operação Saint Michel, que serão compartilhados com os membros da CPI. "Não há nenhuma negociação nesse esquema criminoso que não tenha o conluio da Delta nacional", afirma.

Nulidade

O silêncio do contraventor Carlinhos Cachoeira na CPI tem objetivo claro: não atrapalhar um pedido de nulidade do processo contra ele na Justiça. No começo de seu depoimento, o contraventor chegou a prometer falar muito depois da decisão da Justiça.

Combinado

O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos reuniu-se com o presidente da CPI, deputado Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, Odair Cunha (PT-MG), pouco antes do início da sessão da comissão. Avisou-os de que o contraventor se recusaria a responder todas as perguntas.
Sertão/ O governador Marcelo Déda (PT) transferiu o governo de Sergipe para a cidade de Poço Redondo, no sertão. O objetivo é socorrer os prefeitos dos municípios atingidos pela seca (18 decretaram situação de emergência).

Cana dura

Delegado da Polícia Federal, o deputado Fernando Francischini (foto), do PSDB-PR, foi o mais incisivo nos questionamentos apresentados a Cachoeira, principalmente os que faziam referência a Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste, e a Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT). Calejado em CPI, o também tucano Carlos Sampaio (SP) foi na mesma linha.


Torcidas//

O Ministério Público de São Paulo quer extinguir as torcidas organizadas de futebol Mancha Alviverde (Palmeiras), Gaviões da Fiel (Corinthians), Serponte e Jovem Amor Maior (ambas da Ponte Preta), e Guerreiros da Tribo e Fúria Independente (as duas do Guarani). Roupas, acessórios e os sócios dessas torcidas seriam banidos dos estádios.

Violência

O Ministério da Saúde, em 2011, registrou 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra menores de 10 anos. A violência sexual em crianças de até 9 anos é o segundo maior tipo de violência mais característico nessa faixa etária, ficando pouco atrás das notificações de negligência e abandono. A violência sexual contra crianças até os 9 anos representa 35% das notificações.

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