domingo, 15 de abril de 2012

Doa em quem doer

 Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
 Correio Braziliense - 14/04/2012

O PT indicará o relator da CPI mista que investigará as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com os políticos, no rastro das operações Monte Carlo e Vegas, da Polícia Federal. O PMDB preferiu indicar o senador Vital do Rêgo (PB) para presidir a comissão. Os dois cargos são espinhosos. Os membros da CPI serão submetidos a uma espécie de tomografia computadorizada, principalmente o presidente e o relator. Quem não estiver bem de saúde, é melhor não aceitar a tarefa.

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No PT, não há uma disputa entre candidatos ao cargo de relator, há preferências por Cândido Vaccarezza e Paulo Teixeira, ex-líderes do governo e da bancada, respectivamente. Nenhum dos dois briga pela posição. Os deputados André Vargas (PR) e Carlos Zarattini (SP) também estão cotados. Porém, nada impede que apareça outro nome até a instalação da CPI.

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Prevalece a lógica de ajuste de contas entre o PSDB e o PT, cada qual acusa o adversário de envolvimento na rede criminosa de Cachoeira e procura esconder os próprios podres. O DEM, o mais atingido pelo escândalo por causa do senador Demóstenes Torres (GO), livrou-se do problema com seu afastamento do partido. Porém, entre os líderes de bancada, há o entendimento de que a CPI deve ser focada nos fatos e na depuração do Congresso, ou seja, nos parlamentares e demais políticos envolvidos com atividades criminosas, e não nos partidos.

A dois

A conversa de ontem entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será decisiva para o futuro da CPI. Foi surpreendida com a criação da comissão, anunciada quando estava nos Estados Unidos. Quem chutou a Jabulani foi o segundo. Dilma não gosta de ser a última a saber do que acontece na base do governo. Lula costuma saber antes de acontecer. Um acordo entre ambos pode resultar na escolha do relator da CPI.

Fiscais

Pedro Simon, do PMDB-RS, disse ontem no Senado que vai procurar os presidentes da OAB e da CNBB para pedir que acompanhem os trabalhos da CPI e do Conselho de Ética no Senado. Também apelou às redes sociais para que fiscalizem a atuação dos parlamentares. "A imprensa informa que os partidos tentam esvaziar as investigações", afirmou o senador gaúcho.

Vai baixar//

A presidente Dilma Rousseff ontem voltou a sinalizar a redução da taxa básica de juro, atualmente em 9,75% ao ano. Quer taxas mais próximas aos padrões internacionais. Dilma também considera os spreads bancários "tecnicamente de difícil explicação". A próxima reunião do Copom será na semana que vem.

Otimista

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou ontem que o PT não conseguirá direcionar o andamento da CPI do Cachoeira, mesmo que mantenha sob seu controle e de aliados a presidência e a relatoria da comissão. "Num caso desses, não há como engessar a investigação. Os fatos que vão surgindo são mais fortes que qualquer tentativa de blindagem", disse.

À mesa

Até hoje, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, está com a pulga atrás da orelha. Depois de sair da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, na quarta-feira, deu de cara com o ministro do Tribunal de Contas da União José Jorge e o ex-senador Jorge Bornhausen (PSD), seu adversário em Santa Catarina, que estavam almoçando no restaurante do Senado. Ideli foi à comissão para esclarecer a compra de lanchas pelo Ministério da Pesca, que o TCU questiona.

Mínimo

Segundo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a equipe econômica projeta mínimo de R$ 729,20 para 2013. Em relação aos R$ 622 atuais, o valor corresponde a um reajuste de 7,3%

Fora dessa/ O ministro da Educação, Alozio Mercadante, nega participação nas articulações para instalação da CPI mista do caso Cachoeira: "Quando senador, nunca gostei de ministros interferirem no meu mandato. Não farei o mesmo. Ao que me consta, o pedido de CPI nasceu da recusa do Supremo Tribunal Federal em dar acesso a informações solicitadas pelo Congresso Nacional", explica.

Terra Legal/ O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) cobra do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, mais celeridade na regularização fundiária em Rondônia e na Amazônia. "Essa ação é essencial para o desenvolvimento ordenado da Região Norte, pois a falta de regularização, ou seja, do título de propriedade da terra na mão do agricultor, é um dos principais motivos para o desmatamento na Amazônia", disse.

Aborto/ Presidente da Academia Brasileira de Direito Constitucional (Abdconst), Flávio Pansieri comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizou o aborto de fetos anencéfalos: "A decisão da maioria dos ministros do Supremo é acertada. A decisão fixa de forma definitiva um estado laico no Brasil".

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