terça-feira, 13 de março de 2012

Sem blindagem

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 13/03/2012

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, presta depoimento hoje para um Senado insatisfeito com o governo e cioso de suas atribuições. Seu maior problema não será dar esclarecimentos sobre a mal contada demissão do ex-presidente da Casa da Moeda Luís Felipe Denucci, nem sobre o disse me disse envolvendo a cúpula do Banco do Brasil e a Previ, como exige a oposição, que é minoritária. Será explicar à maioria governista como pretende salvar a indústria nacional sem acabar com o câmbio flutuante e reduzir o chamado custo Brasil.
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Como se sabe, na semana passada, o IBGE divulgou pífio resultado do PIB em 2011, um crescimento de 2,7%. Mantega, espera-se, antecipará as medidas do governo para estimular a economia, todas na linha de um certo protecionismo, como restrições ao capital externo especulativo, para evitar a desvalorização do dólar, e mais tributação sobre as importações de bens de consumo, que visaria a proteção da indústria.

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A divulgação da ata da reunião do Copom da semana passada que reduziu a taxa de juros em 0,75%, acelerando sua trajetória decrescente, prevista para quinta-feira, talvez contribua para elucidar a estratégia do governo. O xis da questão é reduzir os juros e taxar as importações sem comprometer a meta de inflação de 4,5% em 2012. Ou seja, o que o governo pretende pôr no lugar do "mais do mesmo".

Tem a força

Desde que o novo rito de tramitação das medidas provisórias foi aprovado, a Comissão Mista do Congresso só se reuniu uma vez, para examinar a constitucionalidade da MP nº 182/2004, que fixou o salário mínimo em R$ 260. Seu esvaziamento fortalecia muita a Câmara. Agora, com sua instalação, por exigência do Supremo Tribunal Federal (STF), quem sai ganhando é o presidente do Senado, José Sarney, do PMDB-AP, que conquistou relativo poder de veto sobre as medidas provisórias.

Trocas

A presidente Dilma Rousseff e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), tiveram uma conversa de mais de uma hora ontem, na qual o peemedebista foi informado de que o senador Eduardo Braga (AM) irá substituir Romero Jucá (RR) na liderança do governo no Senado. Com isso, a eleição de Renan para a presidência do Senado no ano que vem subiu no telhado. Hoje, Dilma deve comunicar ao líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), a sua saída do cargo. Dessa forma, também sobe no telhado a eleição do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), para a presidência da Câmara.

Geladeira// 

A aprovação do novo Código Florestal deve sobrar da pauta da Câmara por causa da desordem na base governista. Caiu a ficha no Palácio do Planalto de que é preciso primeiro ouvir os aliados. Há divergências antagônicas de parte de ambientalistas e ruralistas, mas a maioria dos descontentes votaria contra o governo por motivos que nada têm a ver com as florestas.

Febeapá

A prova de conhecimentos gerais para o cargo de consultor legislativo do Senado causou espanto: depois de indagar qual a empresa francesa contratada pela Cia do Metrô de São Paulo, e perguntar o nome de um diretor da Petrobras recém-indicado, questionou se o concursando conhecia as razões pelas quais uma das ex-amantes do então presidente dos EUA, John Kennedy, resolveu publicar suas memórias. Errou quem selembrou da famosa atriz Marilyn Monroe, aquela que dizia que "os homens passam, mas os diamantes ficam". Trata-se de Mimi Alford, estagiária da Casa Branca entre 1962 e 1963, que foi amante de John F. Kennedy durante um ano e meio. Os que se sentiram prejudicados vão recorrer à Justiça.

Royalties

Relator da comissão encarregada de elaborar uma nova proposta de redistribuição dos royalties do petróleo da camada pré-sal, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) almoçou ontem com o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), na esperança de construir um consenso sobre o assunto entre os estados produtores e os não produtores. Hoje, na reunião de trabalho da comissão, os deputados Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e Hugo Leal (PSC-RJ) apresentarão uma nova proposta em nome de Cabral.

Copa/ A Câmara deve votar amanhã a Lei Geral da Copa. A oposição tentará derrubar uma das exigências da Fifa na organização do evento: a permissão para o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios na Copa das Confederações, ano que vem, e na Copa de 2014.

Sindicatos/ A presidente Dilma Rousseff receberá amanhã os representantes das centrais sindicais, que andam se queixando do governo devido à diferença com que são tratados desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o poder. Fim do fator previdenciário, valorização dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, direito de greve de servidores públicos e terceirização de trabalhadores no setor público estão na mesa de negociações com o governo.

Bolsas/ Franco Bernabè, presidente do Grupo Telecom Italia, controladora da TIM Brasil, oficializou ontem, em Brasília, a adesão do grupo italiano ao programa federal Ciência sem Fronteiras. Serão concedidas 160 bolsas de estudo a estudantes brasileiros nos centros de pesquisas e inovação da empresa em Roma, Torino, Trento e Veneza.

Poupança

O governo já decidiu mexer na caderneta de poupança, mas não será agora. Caso a redução da taxa de juros (Selic) chegue aos 8,5%, teme-se que os investimentos em títulos de Tesouro, que financiam a dívida pública, migrem para as cadernetas, que tem reajuste de 0,5% ao mês, mais TR (Taxa Referencial). Em 2011, o rendimento da poupança ficou em torno de 7%.

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