quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O peso da estrela

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 29/02/2012
 
A entrada de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo colocou em xeque junto aos petistas a capacidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandar a campanha do ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Contra a opinião da senadora Marta Suplicy (PT), cuja pré-candidatura foi removida a fórceps, e de outros caciques da legenda, Lula havia avaliado que a eleição seria uma disputa de "japonês", ou seja, sem preconceito, de candidatos mais ou menos parecidos. Errou feio.

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Desde que ficou claro que Serra seria mesmo candidato, Lula mergulhou no maior mutismo — até agora não deu o ar da graça, embora o tratamento radioterápico contra o câncer de laringe tenha acabado. O PT se esforça para reconstruir o discurso, mas está difícil. O estrago está feito desde a comemoração do aniversário da legenda, na qual a principal estrela convidada foi ninguém menos do que o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que até então andava de namoro com Haddad. À época, Lula havia convencido a cúpula do PT de que a aliança com Kassab garantiria a eleição do candidato petista já no primeiro turno.

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Trocando em miúdos, a entrada em cena de Serra mudou o cenário eleitoral para o PT, que por ora está completamente isolado na capital paulista, sem que Haddad tenha a menor condição de atrair aliados, mesmo os tradicionais, como o PSB e o PCdoB. Virou uma estrela pesada para se carregar e será preciso que Lula faça muita força para que suba nas pesquisas, pois nem a militância do PT, que preferiria Marta Suplicy como candidata, acredita mais na sua vitória. É impressionante como a expectativa de poder que havia em torno de Haddad foi volatilizada.

Fora dessa//

PSB, PDT e DEM somam 82 votos que ameaçam a votação da proposta de criação do Fundo de Previdência dos Servidores Públicos Federias (Funpresp). Ontem à noite, o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ainda tentava enquadrar os rebeldes para derrubar as emendas polêmicas.

Consignado

O Ministério Público Federal no Amapá (MPF-AP) recomendou às empresas que realizam empréstimos consignados a não ingressarem em terras indígenas sem prévia autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai). A intenção do MPF-AP é assegurar os direitos dos indígenas, protegidos pela Constituição Federal. Em 2011, representante de financeira entrou em uma aldeia de Oiapoque para induzir índios idosos a contrair empréstimos. Depois de serem coagidos a realizar a transação, os indígenas acabavam lesados financeiramente.

Inadimplência

A propósito, segundo o Banco Central, os empréstimos e financiamentos com atraso de mais de 90 dias em janeiro bateram 7,6% das operações de crédito
 
Reforma

O governo pisou na bola ao encaminhar a proposta de criar três fundos de previdência para os servidores públicos federais, o que está dando a maior confusão e ampliou a área de atrito para aprovação da reforma, que contava com certa simpatia da oposição. Entidades da magistratura e do Ministério Público já alegam que a lei é inconstitucional e prometem levar o caso ao Supremo Tribunal Federal. Defendem que a matéria deve ser objeto de lei complementar e só poderia ser discutida e votada por iniciativa do Judiciário e do Ministério Público.

Aparelhamento

O deputado Augusto Carvalho, do PPS-DF, critica a disputa política por controle do Banco do Brasil. Funcionário aposentado da instituição, disse ser "péssimo" para o país que o principal banco oficial apareça na mídia como objeto da cobiça de facções político-partidárias, "que se engalfinham pelo controle da gestão da entidade". Ele disse ter certeza de que os milhares de colegas comungam da mesma opinião. "Nós não permitimos a ingerência política nos idos da ditadura militar, nos tempos dos governos Sarney e FHC. É lamentável que isso esteja acontecendo. É com extrema perplexidade que nós, funcionários do Banco do Brasil, da ativa e aposentados, acompanhamos esse debate", afirmou.


Vão rodar

A queda de braço no BB envolve, de um lado, o presidente do banco, Aldemir Bendine, homem de confiança do ministro da Fazenda, Guido Mantega; e de outro lado, Ricardo Flores, presidente da cobiçada Previ, fundo de pensão dos funcionários da instituição, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É um jogo de perde-perde. A presidente Dilma Rousseff já procura gente de confiança para acabar com a briga.

Azebudsman

O secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Henildo Menezes, que cria um problema por dia com a imprensa para a ministra Ana de Hollanda, contesta a coluna: "Ao contrário do que afirmou a nota "Patrocínios", publicada domingo (26/02), na coluna Brasília-DF, o Ministério da Cultura autorizou captação de recursos via Rouanet somente para as apresentações de artistas no Circuito PBR. O processo, classificado como Pronac nº 1.112.634, teve solicitação de captação de R$ 7,8 milhões para 16 edições em oito cidades. O MinC autorizou R$ 6,46 milhões. Entretanto, como o projeto foi enquadrado no artigo 26, a promotora só poderá descontar do Imposto de Renda devido 30% do total que ela efetivamente conseguir captar no mercado". Então tá... Rodeio também é incentivo à cultura!

Dançou/ Líderes da Câmara se reúnem hoje com o presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), para definir os comandos das comissões. O PSD, com 47 deputados em exercício, não terá direito a comandar nenhum colegiado este ano, porque foi formado depois das eleições de 2010. A aliança do presidente da legenda, Gilberto Kassab, com o PSDB em São Paulo pesou na decisão.

Cúpula/ Os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e a ex-senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) se encontraram ontem com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O objetivo foi convidar a presidente Dilma Rousseff para participar da Primeira Cúpula Mundial de Legisladores, de 15 a 17 de junho no Rio de Janeiro, antecedendo a Rio+20.

Clima/ Presidente da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas (CMMC), o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) recebeu ontem a comissária do Clima da União Europeia, Connie Hedegaard, que está no Brasil para tratar de questões relacionadas às mudanças climáticas e ao crescimento da economia verde. Também participou do encontro o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), vice-presidente da CMMC.

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