Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo |
Correio Braziliense - 13/01/2012 |
Protagonista da maior reviravolta política no Congresso no ano passado, a fundação do seu PSD, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, se vê agora diante da fatura a ser paga aos governadores que o ajudaram a estruturar a legenda: abrir mão de candidaturas próprias nas capitais. Mesmo que venha a conquistar o tempo de televisão e os recursos do fundo partidário proporcionais à bancada na Câmara, onde a sigla tem 47 deputados. Esse não é um grande problema para Kassab. Deputado de primeiro mandato, o líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP), é um ilustre desconhecido na política nacional. Esse é o perfil da maioria da bancada, que integra o chamado baixo clero da Câmara e vota maciçamente com o governo. Não haverá problemas com os governadores que ajudaram Kassab a esvaziar o DEM. Nem objeção ao eventual ingresso de Kassab na equipe do governo federal em 2013 para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff no ano seguinte. Porém, nem por isso é bom subestimar o peso político desse grupo de parlamentares: isoladamente, eles já formam a quarta bancada da Câmara. Se ingressarem no bloco PSB-PTB-PCdoB, que tem 62 deputados, ou simplesmente se aliarem a ele, formarão um agrupamento político maior do que o PT e o PMDB, que contam com 85 e 78 deputados, respectivamente. Poderão até implodir o acordo entre o PT e o PMDB para se revezarem no comando da Casa se o objetivo de conquistar mais espaço na Esplanada for frustrado. Cartada Qual será a próxima cartada de Kassab? Ensanduichado nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, na qual está sendo isolado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), corre sério risco de não eleger o sucessor. Mesmo que seu candidato venha a ser o vice-governador Afif Domingos, segunda maior liderança do PSD no estado. A única possibilidade de manter o atual sistema de alianças seria a cada vez mais remota candidatura a prefeito do ex-governador tucano José Serra. Daí a aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apoiar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, e indicar Alda Marco Antônio (PSD) para vice. Mesmo com os militantes do PT torcendo o nariz. Sem volta O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), corre contra o tempo para consolidar a candidatura do deputado Gabriel Chalita a prefeito de São Paulo. A chave para isso é fechar uma coligação com o DEM, o que garantiria tempo de televisão suficiente para enfrentar os demais concorrentes em condições bastante competitivas. Essa negociação avança porque há interesse recíproco na troca de apoios em outras capitais. Temer avalia que seu candidato terá a ajuda do governador Geraldo Alckmin (PSDB) caso os tucanos fiquem fora do segundo turno. Sob controle// O Itamaraty resolveu pôr ordem na entrada de cidadãos haitianos no Brasil. A partir de agora, vai conceder 100 vistos de trabalho por mês, que devem ser requeridos diretamente na Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. Com isso, pretende evitar a imigração ilegal pelo Norte do país. Restos a pagar O primeiro ano do governo Dilma Rousseff deve deixar R$ 57,3 bilhões em pagamentos pendentes só de investimentos em estradas, aeroportos e projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O valor total dos restos a pagar deve dobrar, sem considerar os gastos da folha de pagamento e despesas correntes, como luz, vigilância e material de consumo. Os restos a pagar são despesas programadas para um ano que, por não serem pagas no mesmo exercício, são remanejadas para o seguinte. A sobra Os compromissos rolados para este ano representam 71,3% dos R$ 80,3 bilhões previstos no Orçamento de investimentos do governo federal para 2012, cuja proposta aguarda a aprovação da presidente. Caso quite os débitos, Dilma Rousseff terá para aplicar em novos projetos de infraestrutura apenas R$ 23,1 bilhões Fogo amigo O deputado mineiro Júlio Delgado (PSB) não poupava os petistas ao avaliar o depoimento do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, seu correligionário, ontem, perante a Comissão Representativa do Congresso. "Tudo isso foi provocado pelo "fogo amigo" do PT", disparou, no mesmo momento em que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), fazia uma apaixonada defesa do aliado. "Esse aí não foi o autor, é nosso amigo de verdade", contemporizou. Costa é o nome petista que o governador Eduardo Campos (PSB) admite apoiar nas eleições do Recife. Deu certo/ A estratégia do Palácio do Planalto para blindar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, funcionou. Os líderes do PMDB e do PT se encarregaram de fazer a defesa do ministro, que tirou de letra os ataques da oposição, em minoria. O momento mais tenso do depoimento foi aquele em que o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), fez duras críticas ao nepotismo na pasta. Bezerra defendeu-se com o argumento de que os parentes já ocupavam os respectivos cargos quando assumiu a pasta. Rabo da cobra/ Autor do requerimento que provocou a reunião da Comissão Representativa do Congresso, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) por muito pouco não conseguiu falar. Suplente na comissão, fez críticas à política de prevenção de catástrofes, no fim da reunião. Assim mesmo porque o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), passou-lhe a palavra antes de alguns deputados que eram titulares. Próteses/ A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se reúne hoje com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde para discutir a implantação das regras para a troca das próteses rompidas da Poly Implant Prothese (PIP) e da Rofil. A confusão é total. |
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