domingo, 16 de outubro de 2011

Tudo pela nova classe

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O governo ligou o sinal de alerta em relação à nova classe média, como é chamada a classe C. Hoje, ela reúne 95 milhões de pessoas com renda mensal familiar entre R$ 1 mil e R$ 4 mil e teve um aumento de 40% na renda nos últimos sete anos. Teme que a crise mundial, provocando redução da atividade econômica e do emprego formal no Brasil, acabe prejudicando o seu poder de compra, principalmente o acesso à tecnologia e ao ensino superior das camadas mais jovens dessa parcela da população.

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O pior dos mundos seria o retrocesso na vida de 31 milhões de pessoas que entraram na classe média durante o governo Lula, resultado de políticas de proteção social, do crescimento econômico, da expansão do emprego e do acesso ao crédito, e, ainda, do aumento no grau de escolarização da sociedade. Esse cenário seria desastroso politicamente.

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O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, minimiza o risco: “Nós estamos monitorando o que acontece lá fora e seus reflexos aqui. A presidente Dilma Rousseff está tomando medidas para consolidar a nova classe média e erradicar a miséria”. Do ponto de vista da economia, muitas medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central têm como objetivo manter a economia aquecida e os atuais níveis de emprego.

O problema

O Brasil precisa crescer pelo menos 4% para manter o nível de emprego capaz de consolidar a nova classe média. Há pessimismo no mercado financeiro. Economistas preveem crescimento zero do PIB neste trimestre ou até mesmo uma contração. Projeções do Banco Central, porém, apontam para uma taxa de crescimento abaixo de 3,5% em 2011.

Cassação//

Três instituições conhecidas nacionalmente tiveram seus títulos de utilidade pública cassados pelo Ministério da Justiça: o Centro de Trabalhadores da Amazônia (CTA), criado depois da morte do líder sindicalista Chico Mendes; a Academia Brasileira de Belas Artes; e o Movimento Nacional em Defesa das Crianças Desaparecidas. Pisaram na bola na prestação de contas.

Reeleita

A senadora Kátia Abreu (foto), do PSD-TO, foi reeleita ontem presidente da poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para um mandato de dois anos. Obteve os votos de 23 dos 27 presidentes de federações de todo o país. Responsável por uma atuação mais focada na questão ambiental, Kátia Abreu se reposicionou politicamente e deixou o DEM para fundar o PSD. Com isso, abandonou a postura de oposição sistemática ao Palácio do Planalto que marcou sua atuação durante o governo Lula.

Catástrofes

O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) quer tornar obrigatória a aplicação dos recursos do orçamento destinados à prevenção de catástres naturais. “Está provado que não adianta apenas haver verba no orçamento. É preciso que elas sejam gastas. É um absurdo que o governo prossiga retendo essas verbas!”, critica. Ontem, o governo criou um cadastro nacional de municípios com áreas de risco por medida provisória.

Royalties

A manobra dos representantes dos estados não-produtores para enquadrar o Rio de Janeiro e demais estados produtores na nova divisão dos royalties de petróleo é assegurar o repasse de R$ 12 bilhões para estados e municípios confrontantes em 2011, mais ou menos o que está previsto no Orçamento de 2011. Assim, o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), terá mais dificuldades para alegar prejuízos e embargar na Justiça a nova fórmula de distribuição dos royalties.

Detalhes

Até o “Rei” Roberto Carlos resolveu tirar uma casquinha da farra dos precatórios do governo de Alagoas. Registrou em Maceió (AL) o seu novo iate de luxo — o Lady Laura IV — , um Falcon 115, de 35 metros, que está ancorado no Porto de Jaraguá. Custou R$ 38 milhões e foi construído na Itália. O registro do iate está sendo feito pelo sistema de compensação tributária com precatórios de Alagoas, adquiridos pelo artista, com deságio de 70%. Se fosse registrá-lo no Rio de Janeiro, Roberto Carlos pagaria mais de R$ 10 milhões em impostos.

Miséria

Durante o lançamento do Plano Brasil sem Miséria, em Porto Alegre, com os governadores do Sul do país, a presidente Dilma Rousseff reiterou que o governo pretende mitigar os efeitos da crise mundial no país com medidas para estimular o crescimento da economia e proteger os mais pobres. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o programa vai retirar 716 mil pessoas da miséria nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que têm 61% da população mais pobre concentrada na área urbana.

Água no feijão/ O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou ontem a retirada gradual de 3,2 mil militares estrangeiros que atuam na Força de Paz no Haiti. Enquanto aguardam a volta para casa, em parceria com a Oi, a Força de Paz disporá de sistema de comunicação que permitirá aos militares falar com o Brasil com tarifas de ligação local, inclusive por celular, o mesmo sistema adotado na base da Antártida.

Ministro/ O general de Exército Luis Carlos Gomes Mattos, ex-comandante militar da Amazônia (CMA), foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Entrou na vaga do ex-ministro Renaldo Quintas Magioli, que se aposentou.

Coluna Brasília/DF publicada em 14 de outubro, sábado, no Correio Braziliense.

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