quarta-feira, 17 de agosto de 2011

À sombra de Lula

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Depois de uma conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a aconselhou a pegar mais leve com os aliados e a dedicar mais tempo à política do que à burocracia, a presidente Dilma Rousseff fumou o cachimbo da paz com a cúpula do PMDB. E pediu ao PT para se acertar com os peemedebistas na Câmara, no Senado e nas campanhas eleitorais de 2012.


Num passe de mágica, após o encontro da presidente da República com os caciques peemedebistas, a crise na base aliada se dissipou. O líder do PMDB, Henrique Alves (RN), que liderou a rebelião na base, saiu da reunião com a promessa de que terá mesmo o apoio do PT para suceder o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Em contrapartida, o peemedebista reiterou o apoio da legenda à reeleição de Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014.

Para todos os efeitos, os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, e do Turismo, Pedro Novais, são "imexíveis" até que não se aguentem mais nos cargos devido às denúncias de irregularidades. O PT participou motivado da operação para acalmar os aliados. Só tinha a perder com a crise, até porque os peemedebistas suspeitavam de "fogo amigo" e ameaçavam fazer uma retaliação.

A conta//

Para contornar o clima de crise com parlamentares da base aliada no Congresso, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, despachou ontem no gabinete do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza. Pauta: distribuição de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares.

Criador

Pesquisa CNT/Sensus, realizada entre 7 e 12 de agosto, revela que o nível de aprovação do governo Dilma Rousseff continua alto: 49,2% dos brasileiros , dos quais 10,1% consideram ótima a gestão da presidente. Outros 39,1% avaliam como boa. Para 37,1%, o governo Dilma é regular e 9,3% o avaliam negativamente, sendo 5,0% como ruim e 4,6%, péssimo. Dilma perde, porém, na comparação com o governo Lula: 38,1% classificam o governo dela como igual ao do ex-presidente; 11,5% entendem que é melhor; e 45,4% dizem que a gestão Dilma é pior que a de Lula.

Mais ou menos

A forma como a presidente Dilma Rousseff tratou as denúncias de corrupção teve apoio da maioria dos entrevistados na pesquisa CNT/Sensus: 52,1% responderam que aprovam as medidas adotadas por Dilma. Apenas 4,7% desaprovam. Porém, 41,4% entendem que a crise afeta a imagem da presidente. A pesquisa foi realizada entre 7 e 12 de agosto em 24 estados. Foram entrevistadas 2 mil pessoas. A margem de erro é de 2,2%.

Vetos

Senadores petistas reclamavam pelos cantos dos 32 vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Tiveram um efeito devastador na Comissão Mista de Orçamento, cuja reunião foi esvaziada pelos líderes governistas para evitar desgastes. Acordos feitos na comissão não foram considerados, mesmo nos casos em que os maiores interessados eram os ministérios da Defesa, da Previdência e da Fazenda.

Orçamento

O governo federal está fechando os últimos pontos da proposta orçamentária que será encaminhada para o Congresso até o fim do mês. Um dos pontos polêmicos é a tentativa da ministra do Planejamento, Miriam Belchior (foto), de repetir em 2012 o corte no Orçamento Federal de 2011, que foi da ordem dos R$ 50 bilhões.

Desautorizado

O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira, de SP, criticou "a falta de sensibilidade e de sintonia da presidente Dilma com sua equipe de articulação política" por causa dos vetos à LDO. Os vetos atingem, em grande parte, dispositivos acordados com o líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS).

Copa/ A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; o ministro do Esporte, Orlando Silva; e o Advogado Geral da União, Luiz Inácio Adams, estão concluindo o texto do projeto de Lei Geral da Copa. Um dos temas polêmicos é a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.

Pré-natal/ A cúpula do PSD se reúne hoje em Brasília para inaugurar a sede nacional da legenda. A bancada, que ainda não foi oficializada no Tribunal Superior Eleitoral, aproveita o encontro para discutir as eleições municipais de 2012. Amanhã, a legenda pretende ser recebida pela presidente Dilma Rousseff.



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